Filosofia da filosofia: podem as teses filosóficas ser ‘crenças verdadeiras justificadas’?

Autores

  • Alberto Oliva Universidade Federal do Rio de Janeiro

DOI:

https://doi.org/10.15448/1984-6746.2014.1.13539

Palavras-chave:

metafilosofia, verdade, justificação epistêmica, significado cognitivo.

Resumo

Partindo das exigências epistêmicas estatuídas pela concepção-padrão de conhecimento, de acordo com a qual conhecimento é ‘crença verdadeira justificada’, o artigo visa a identificar as razões pelas quais as teorias filosóficas substantivas têm fracassado em satisfazê-las.
Aceita essa visão de conhecimento, a filosofia vê-se impedida de atribuir estatuto cognitivo às suas teorias. O artigo também pretende mostrar
que a filosofia tem a credibilidade cognitiva colocada em xeque quando constrói abstrusos exercícios retóricos que especiosamente buscam
legitimar-se como conhecimento. Além de forjar teorias carentes de cognitividade, a filosofia também cria teorias compostas de proposições
claramente desprovidas de significatividade. Ao elaborar teorias carentes de potencial cognitivo e teorias cujas proposições carecem de sentido, a filosofia fica sujeita a ter a cognitividade questionada. No entanto, a avaliação final da filosofia não pode confinar-se à dimensão da cognitividade, já que suas teorias possuem o poder de oferecer formas de ver a realidade mesmo quando fracassam em explicar objetos.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Alberto Oliva, Universidade Federal do Rio de Janeiro

Doutorado em Filosofia (UFRJ), Pós-doutorado (Universidade de Siena), Professor Associado IV do Depto de Filosofia da UFRJ, Pesquisado 1-B do CNPq. Coordenado do Centro de Epistemologia e História da Ciência do PPGLM.

Referências

ARISTÓTELES. De L’Interpretation. Trad. de J. Tricot. Paris: J. Vrin, 1946.

______. Rhetoric. Trad. de W. Rhys Roberts. Chicago: Encyclopedia Britannica, 1952.

BACON, F. Novum Organum. Chicago: Encyclopedia Britannica, 1952a.

______. The Advancemente of Learning. Chicago: Encyclopedia Britannica, 1952b.

BACON, F. Meditations Sacrae and Human Philosophy. Whitefish: Kessinger Publishing Company, 1996.

BERKELEY, G. A Treatise concerning the Principles of Human Knowledge. Chicago/Londres: Encyclopedia Britannica, 1952.

BOUVERESSE, J. Prodiges et Vertiges de l’analogie. De L’abus des Belles-Lettres dans la Pensée. Raisons d’Agir Editions, 1999.

BREWSTER, D. Memoirs of the Life, Writings, and Discoveries of Sir Isaac Newton: Volume II. Elbron Classics, 2005.

CARNAP, R. “The Elimination of Metaphysics through Logical Analysis of Language”. In: AYER, J. (Org.). Logical Positivism. Nova Iorque: The Free Press, 1959.

EINSTEIN, A. “Remarks on Bertrand Russell’s Theory of Knowledge”. In: The Philosophy of Bertrand Russell. Nova Iorque: Tudor Publishing Company, 1951.

ESPINOSA, B. Pensamentos Metafísicos. Trad. de Marilena Chaui. In: Espinosa. Os Pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1979.

FREGE, G. The Frege Reader. Organizado por Beaney, M. Malden. Blackwell, 1997.

GELLNER, E. Words and Things. Londres: Penguin Books, 1968.

______. Legitimation of Belief. Londres: Cambridge

University Press, 1974.

HEGEL, G. W. F. A Fenomenologia do Espírito. Trad. de Henrique C. de Lima Vaz. Os Pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1974.

HESSE, M. “Theory and Value in the Social Sciences”. In: HOOKWAY, C.; PETTIT, P. (Orgs.). Action and Interpretation. Studies in the Philosophy of the Social Sciences. 1978.

HOBBES. Leviathan. Londres: Middlesex, 1971.

HORKHEIMER, M. “Traditional and Critical Theory”. In: Critical theory. Trad. de Mathew O’Connel. Nova Iorque: The Seabury Press, 1972.

HUME, D. An Enquiry concerning Human Understanding. Chicago/Londres: Encyclopedia Britannica, 1952.

______. A Treatise of Human Nature. Middlesex. Penguin Books, 1969.

KANT, I. The Critique of Pure Reason. Trad. de Norman Kemp Smith. Nova Iorque: Palgrave Macmillan, 2003.

______. The Critique of Judgement. Trad. de James Creed. Chicago/Londres: Encyclopedia Britannica, 1952.

______. Prolegomena to Any Future Metaphysics. 2. ed. Trad. de Paul Carus. Indianápolis: Hackett Publishing, 1977.

KUHN, T. The Essential Tension. Chicago: The University of Chicago Press, 1977.

MILL, J. S. Utilitarianism. Nova Iorque. Dover Thrift Editions, 2007.

NIETZSCHE, F. The Gay Science. Trad. de Walter Kaufman. Nova Iorque: Vintage Books, 1974.

______. (1886). Jenseits von Gut und Bose. Leipzig. Druck und Verlag von C. G. Naumann. Reimpresso por EOD Reprint.

______. “Nachgelassene Fragmente (1885-1887)”. In: Werke, edição organizada por Colli, G. e Montinari, M. Munique. Deutscher Taschenbuch Verlag, 1999.

LOCKE, J. An Essay concerning Human Understanding. 2 v. Nova Iorque: Dover, 1959.

PEIRCE. “The Fixation of Belief”. In: BUCHLER, J. (Org.). Philosophical Writings of Peirce. Nova Iorque: Dover, 1955.

PLATÃO. Theaetetus. Trad. de B. Jowett. Chicago: Encyclopedia Britannica, 1965.

______. The Republic. Trad. de B. Jowett. Chicago: Encyclopedia Britannica, 1952a.

PLATÃO. Gorgias. Trad. de B. Jowett. Chicago: Encyclopedia Britannica,1952b.

______. Euthyphro. Trad. de B. Jowett. Chicago: Encyclopedia Britannica, 1952c.

______. Fedro. Trad. de Carlos Alberto Nunes. Universidade Federal do Pará, 1975.

PLEBE, A.; EMANUELE, P. Manual de Retórica. Trad. de Eduardo Brandão. São Paulo: Martins Fontes, 1992.

RORTY, R. Truth and Progress. Philosophical Papers. Cambridge: Cambridge University Press, 1998.

RUSSELL, Bertrand. The Principles of Mathematics. 9. ed. Londres: Allen & Unwin, 1972.

SARTRE, J. P. Critique de la Raison Dialectique. Paris: Gallimard, 1985.

SELLARS, W. (2003) Empiricism and the Philosophy of Mind. Cambridge: Harvard University Press.

______. “Epistemic Principles”. In: SOSA, E.; KIM, J.; FANTL, J.; McGRATH, M. (Orgs.). Epistemology: An anthology. Malden: Blackwell, 2008.

SCHILLER, F. Sämtliche Werke. Vol. V. Edição a cargo de Fricke, G. & Göpfert, H. Munique: Carl Hanser, 1960.

SHOPENHAUER, A. The World as Will and Representation. Vol. II. Trad de. E. F. J. Payne. Nova Iorque: Dover, 1966.

SIMONS, H. The Rhetorical Turn. Invention and Persuasion in the Conduct of Inquiry. Chicago: The University of Chicago Press, 1990.

SOKAL, A.; BRICMONT, J. Fashionable nonsense Postmodern Intellectuals’ Abuse of Science. Nova Iorque: Picador, 1998.

SPINOZA, B. Éthique. Démontré suivant l’Ordre Géométrique. Trad. de Ch. Appuh. Paris: Librairie Garnier Fréres, 1952.

THOULESS, R. How to Think Straight. The Technique of applying Logic instead of Emotion. Nova Iorque: Hart Publishing, 1932.

WAISMANN, F. “Logische analyse des Wahrscheinlichkeitsbegriffs”. In: Erkenntnis, 1 (1930-1931), p. 228-248.

WILLIAMSON, T. “Philosophical Knowledge and Knowledge of Counterfactuals”. In: Beyer, C.; BURRI, A. (Orgs.). Philosophical Knowledge – Its Possibility and Scope. Amsterdam: Rodopi, 2007.

WITTGENSTEIN, L. Tractatus Logico-Philosophicus. Edição bilíngue com versão inglesa a cargo de C. K. Ogden. Londres: Routledge and Kegan Paul, 1971.

______. Philosophical Investigations. Trad. de G. E. M. Anscombe. Nova Iorque: The Macmillan Company, 1968.

Downloads

Publicado

2014-06-04

Como Citar

Oliva, A. (2014). Filosofia da filosofia: podem as teses filosóficas ser ‘crenças verdadeiras justificadas’?. Veritas (Porto Alegre), 59(1), 106–142. https://doi.org/10.15448/1984-6746.2014.1.13539