Polícia e democracia: O tempo que resta das jornadas de junho de 2013

Autores

  • Augusto Jobim do Amaral PUCRS

DOI:

https://doi.org/10.15448/2177-6784.2014.2.19497

Palavras-chave:

Soberania. Democracia. Polícia.Violência. Segurança Pública.

Resumo

No caminho movediço da contiguidade entre violência e direito, mobilizada a crítica pelas cartografias de movimentos e forças políticas inéditas, a polícia reluz como espaço privilegiado e, sobretudo, como ponto cego da soberania política. É por estes caminhos que o artigo arrisca atravessar. A hipótese que se discute está ligada profundamente ao fato de que há, literalmente, guardado, no espectro policial, algo de repugnante. Nas zonas indiscerníveis de indistinção entre espaço político e vida nua é que a força policial se dá, abrindo o campo de vidas matáveis o qual se habita. A urgência de tempos difíceis, ou seja, daqueles de entrada da soberania na imagem da polícia, impõe tomar (e ter) em conta a radicalidade da experiência do abandono da vida ban(d)ida em si, liminar que convida a (re)interrogar permanentemente uma democracia sempre por vir digna deste nome.

Biografia do Autor

Augusto Jobim do Amaral, PUCRS

Possui graduação em Ciências Jurídicas e Sociais pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), Especialização em Ciências Penais pela PUCRS; Pós-graduação em Direito Penal Económico e Europeu pela Universidade de Coimbra; Doutorado e Mestrado em Ciências Criminais pela PUCRS; Doutorado em Altos Estudos Contemporâneos (Ciência Política, História das ideias e Estudos Internacionais Comparativos) pela Universidade de Coimbra. Tem experiência na área de Direito, com ênfase em Direito Penal, Criminologia e Processo Penal, atuando principalmente nos seguintes temas: cultura penal, violência punitiva, processo penal, garantismo penal e segurança pública. Atualmente é professor dos Departamentos de Propedêutica Jurídica e de Direito Penal e Processo Penal da PUCRS.

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Publicado

2014-12-14

Edição

Seção

Dossiê Criminologia e Filosofia