“Imagine-se em uma floresta congelada”: o pessimismo em relação ao futuro (e presente) na narrativa de Call of Duty: Black Ops 3

Autores

  • Daniele Gallindo Gonçalves Silva Universidade Federal de Pelotas
  • Rafael de Moura Pernas Universidade Federal de Pelotas

DOI:

https://doi.org/10.15448/2178-3748.2018.1.24812

Palavras-chave:

Jogos Eletrônicos, Narrativa, Call of Duty

Resumo

No dia 6 de novembro de 2015 é lançado o jogo eletrônico Call of Duty Black Ops 3, tendo como plataformas o Playstation 4 e 3, Xbox One e 360 e Windows, sendo produzido e publicado por Treyarch e Activision, respectivamente. A narrativa da obra envolve um futuro distante, no ano de 2065, no qual a superpopulação alcança níveis cada vez mais insustentáveis; o meio ambiente torna-se notavelmente mais extremo; conflitos mundiais espalham-se e tornam-se corriqueiros e, principalmente, a tecnologia bélica funde-se ao ser humano. Próteses e implantes neurais garantem soldados mais e mais eficientes. Entretanto, uma Inteligência Artificial torna ciente de si e consegue infectar a mente de diversos personagens. Em suma, o jogo apresenta-se como um futuro soturno, conflituoso e profundamente mais agravado que o nosso presente. Partindo de tal premissa, buscaremos analisar a construção de futuro que o jogo realiza através de sua narrativa, uma narrativa que constrói, produz significados e detém de um efeito alegórico e moralizante com aquilo que busca representar (ANKERSMIT, 2010; WHITE, 1990). Tal futuro, tal horizonte de expectativa, pode nos oferecer diversas reflexões acerca do nosso próprio tempo histórico (KOSELLECK, 2006), um tempo de possível hipervalorização do presente e dificuldades de imaginar um futuro melhor (HARTOG, 2014).

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Daniele Gallindo Gonçalves Silva, Universidade Federal de Pelotas

Professora Adjunta de Língua e Literaturas de Língua Alemã da Universidade Federal de Pelotas. Programa de Pós-Graduação em História (PPGH/UFPel). Doutorado em Ältere Deutsche Literatur (Literatura Alemã Antiga) pela Otto-Friedrich-Universität Bamberg, Alemanha. 

Rafael de Moura Pernas, Universidade Federal de Pelotas

Graduado em História pela Universidade Federal de Pelotas.

Referências

ALCÁZAR, Juan Francisco; RODRÍGUEZ, GERARDO. Migraciones históricas y videojuegos In: ALCÁZAR, Juan Francisco et al. História y videojuegos. 2ª ed.- Mar del Plata: Universidad Nacional de Mar del Plata, 2016, pp. 31-48.

ANKERSMIT, Frank. Truth in History. Narrative, Ohio, N. 1, V. 18, pp 29-50, jan. 2010. The Ohio State University Press.

CABRA, Nina Alejandra. Entre el fantasma, el avatar y otras mutacioness de la imagens. Nomadas, nº 35, 2011, pp. 81-97, outubro.

DA MATA, Sérgio; et al. Tempo presente & usos do passado. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2012.

DURING, Elie. O que é retrofuturismo? – Introdução aos futuros virtuais. In: NOVAES, Adauto (Org.). O futuro não é mais o que era. São Paulo: Edições Sesc SP, 2013, pp. 209 - 323.

FARGE, Arlette. Lugares para a história. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2011.

HAGEMEYER, Rafael Rosa. História & Audiovisual. Belo Horizonte: Editora Autêntica, 2012.

HARTOG, François. Experiências do Tempo: da história universal à história global. Histórias, histórias. Brasília, vol. 1, n. 1, 2013, pp. 164-179.

______. Regimes de Historicidade: Presentismo e experiências do tempo. Editora Autêntica, 2014.

KELLNER, Douglas. A cultura da mídia. São Paulo: EDUSC, 2001.

KOSELLECK, Reinhart. Estratos do Tempo: estudos sobre história. Rio de Janeiro: Contraponto, 2014.

______. Futuro Passado: contribuição à semântica dos tempos históricos. Rio de Janeiro: Contraponto: Ed. PUC-Rio, 2006.

MENDES, Claudio Lúcio. Jogos eletrônicos: diversão, poder e subjetivação. Campinas, SP: Papirus, 2006.

NAPOLITANO, Marcos. A crise brasileira, em perspectiva histórica. Disponível em: <http://brasileiros.com.br/2016/03/crise-brasileira-em-perspectiva-historica/> Acesso em: 30 de junho de 2016.

PEGORARO, Olinto A. Sentidos da história: eterno retorno, destino, acaso, desígnio inteligente, progresso sem fim. Petrópolis, RJ: Vozes, 2011.

REIS, José Carlos. História & Teoria: Historicismo, Modernidade, Temporalidade e Verdade. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2006.

SIMON, Zoltan Boldizsár. We Have Never Been Presentist: On Regimes of Historicity. Disponível em: <https://jhiblog.org/2016/05/02/we-have-never-been-presentist-on-regimes-of-historicity/>. Acesso em: 30 de junho de 2016.

URICCHIO, William. Cyberhistory: Historical Computer Games and Post-Structuralist Historiography. In: GOLDSTEIN, Jeffrey; RAESSENS, Joost. Handbook of Computer Games Studies. Cambridge: MIT Press, 2005, pp. 327-338.

XAVIER, Guilherme. A condição eletrolúdica: Cultura visual nos Jogos Eletrônicos. Rio de Janeiro: Novas Idéias, 2010.

WHITE, Hayden. The Content of the form: Narrative discourse and historical representation. Baltimore: Johns Hopkins Paperbacks edition, 1990.

______. The Future of Utopia in History. Historein, v. 7, 2007, pp. 11-19.

Downloads

Publicado

2018-07-29

Como Citar

Silva, D. G. G., & Pernas, R. de M. (2018). “Imagine-se em uma floresta congelada”: o pessimismo em relação ao futuro (e presente) na narrativa de Call of Duty: Black Ops 3. Oficina Do Historiador, 11(1), 142–157. https://doi.org/10.15448/2178-3748.2018.1.24812

Edição

Seção

Artigos