OS SERTÕES NA TELA EM O HOMEM DE COURO DO PAULO GIL SOARES (1969/70)
DOI:
https://doi.org/10.15448/2178-3748.2021.1.39582Palavras-chave:
Documentário brasileiro, Caravana Farkas, Os SertõesResumo
O presente artigo se propõe a analisar a obra do diretor Paulo Gil Soares, com ênfase no documentário O Homem de Couro (1969/70), no contexto da ditatura militar (1964-85) e o projeto de produção de documentários conhecido como a “Caravana Farkas”. Mais especificamente, o artigo tem por objetivo traçar as conexões entre a obra de Paulo Gil Soares e a obra de Euclides da Cunha, focando nos paralelos entre O Homem de Couro e a apresentação do vaqueiro no livro Os Sertões (1902). A representação do vaqueiro no documentário serviu como tributo a estes heróis populares nacionais, além de expressar a força duradoura do retrato crítico da ordem social nordestina em Os Sertões quase setenta anos após a sua publicação. Dessa forma, Soares conseguiu fazer um documentário-denúncia primoroso sem recorrer a voz-over pedagógica ou afirmações dogmáticas. Ao mesmo tempo, Soares atualizou o retrato do da Cunha para os anos 60-70: O Homem de Couro oferece subjetividade que faltava no trabalho deste, desmentindo o determinismo biológico e geográfico do da Cunha, e retrata, de forma sutil, mudanças desfavoráveis no trabalho do vaqueiro sob o regime autoritário. Poucos anos após a realização do documentário, Soares fundaria o Globo Repórter, levando o seu estilo de documentário jornalística a um público enorme por todo o Brasil. Este artigo sobre os seus primeiros passos artísticos analisa uma peça-chave porém pouco estudada de um período formativo do documentário e telejornalismo brasileiro, e revela mais um exemplo do legado duradouro do trabalho de Euclides da Cunha.
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