Os diferentes xintoísmos no Japão pós Restauração Meiji
Definições e abrangências
DOI:
https://doi.org/10.15448/2178-3748.2021.1.37634Palavras-chave:
Religiões japonesas, Xintoísmos, Kami, Xintoísmo de EstadoResumo
O objetivo do presente artigo consiste em propor formas conceituais de se abordar as diferentes expressões dos xintoísmos no Japão. Partimos dos eventos em torno da Restauração Meiji (1868) para sugerir pelo menos três formas de expressão da religião: a primeira enquanto manifestações de figuras sobrenaturais e o culto às divindades locais (神 – kami); a segunda chamada de Jinja Shintō (神社神道) é entendida como abarcando os santuários locais (神社 – Jinja) e as instituições religiosas ligados às famílias de sacerdotes; e a terceira ligada ao Estado japonês (国家神道 – Kōkka Shintō). Do ponto de vista teórico a religiosidade é compreendida a partir dos trabalhos de Mircea Eliade (2010), enquanto o conceito de religião é abordado por meio das elaborações de Pierre Bourdieu (2005). Esses corpos teóricos são flexibilizados a partir das reflexões sobre o que é religião no Japão (SHIMAZONO, 2005) e como o conceito ocidental de religião foi traduzido para o japonês (KRAMER, 2013). Como resultado, busca-se demostrar a existência de vários xintoísmos e que dessa forma, as abordagens sobre a religião devem ser flexibilizadas visando particularidades das manifestações do fenômeno.
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