Breves considerações sobre a recepção de António Oliveira Salazar no panorama intelectual da Nova Ordem dos anos 30
Palavras-chave:
Corporatism, António Oliveira Salazar, Estado Novo/New State,Resumo
Em Le Siècle du Corporatisme, Mihail Manoilescu encapsulava o percepcionado triunfo do corporativismo integral sobre a democracia liberal e o comunismo em meados dos anos 30. Na sua mente, o corporativismo integral teria sido um passo inevitável na evolução filosófica de Homem (e das suas instituições políticas), alcançando maturidade política no início dos anos 30, marcando uma nova e hegemônica era na cena política e ideológica Europeia. Publicando Le Siècle du Corporatisme em 1934, o intelectual romeno estava plenamente consciente de que o Espírito do seu tempo favorecia a verificação de seus postulados, especialmente no rescaldo da crise de 1929 e o consequente colapso e incapacidade reactiva do sistema liberal-capitalista. António Oliveira Salazar emergiu deste caldo cultural, simbolizando o que Manoilescu e outros descreveram como a capacidade das Nações entenderam a necessidade de depositar nas mãos de certos selecionados indivíduos a iniciativa de transformação social. No final dos anos 30 a sua prática política e intervenções doutrinárias (publicadas regularmente na imprensa internacional), transformaram o português num dos principais intérpretes do corporativismo, especialmente após a publicação na França de Salazar. Le Portugal et son Chef (1934), Une Révolutions dans la Paix (1937) e Comment un relève un État (1937). Partindo deste conjunto de publicações, este trabalho pretende interpretar a recepção do Ditador português no panorama europeu dos anos 30.
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