Cidade Nova ou cidade das lágrimas?: a construção do terceiro bairro oficial de Natal no início do século XX
DOI:
https://doi.org/10.15448/2178-3748.2014.1.14281Palavras-chave:
Natal, Cidade Nova, DesapropriaçõesResumo
Esse artigo objetiva compreender o processo de construção de Cidade Nova no início do século XX, terceiro bairro oficial de Natal (Rio Grande do Norte), em meio a uma nova realidade que surgiu no estado com a construção do regime republicano. Observa-se em Cidade Nova a construção de um novo território material e simbólico: a área que outrora era ocupada por casebres construídos pelos retirantes da seca, foi, a partir do início do século XX, desocupada e transformada, esquadrinhada por meio de plano urbanístico. O discurso oficial propagava os anseios dos grupos dirigentes em construir em Cidade Nova um bairro aprazível, modernizado em suas estruturas, que refletisse o novo momento pelo qual a cidade passava. Contudo, é possível constatar que o processo de construção de Cidade Nova não representou apenas mudanças, não foi característico somente de um processo de modernização. Esse processo foi marcado por continuidades e ambivalências, por derrubadas de casebres, desapropriações e violência, demonstrando como a modernização da capital norte-rio-grandense foi limitada e guiada por um grupo específico. Para demonstrar as limitações desse processo comparou-se o discurso oposicionista sobre o processo de desapropriações existente em Cidade Nova, divulgado no jornal Diário do Natal, com o discurso oficial veiculado no jornal A Republica. O cruzamento dessas versões é o que dá subsídios para constatar se a construção de Cidade Nova como discurso de bairro modernizado, novo, progressista, teria mesmo concretizado-se.
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