Figurações da diáspora
travessia e resistência em Um defeito de cor, de Ana Maria Gonçalves
DOI:
https://doi.org/10.15448/1983-4276.2020.2.37151Palavras-chave:
literatura negra, metaficção historiográfica, diáspora, resistência, travessia.Resumo
Na obra Um defeito de cor, de Ana Maria Gonçalves (2016), a protagonista Kehinde, recupera e dita suas memórias a fim de reconstruir suas vivências e deixá-las como legado ao filho perdido, num diálogo repleto de significados e questionador dos discursos colonialistas. Segundo Ribeiro (2017), para a mulher negra, falar sobre suas experiências, significa ocupar o lugar de fala, isto é, ultrapassar o silêncio instituído para quem foi subalternizado, um movimento no sentido de romper com a hierarquia. Os espaços (re)configurados remetem à resistência, desmitificando o imaginário construído pelos colonizadores que os negros são naturalmente inferiores e não têm história (MUNANGA, 2009). Desse modo, o discurso trazido por Kehinde é contra hegemônico no sentido que visa desestabilizar a norma, porém, igualmente é discurso forte e construído a partir de outros referenciais e geografias, visa pensar outras possibilidades de existências para além das impostas pelo regime discursivo dominante (RIBEIRO, 2017).
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