A construção da memória da Guerra Colonial em Os cus de Judas, de Lobo Antunes

Autores

  • Leonardo Von Pfeil Rommel Universidade Federal do Rio Grande do Sul
  • Alfeu Sparemberger Universidade Federal de Pelotas

DOI:

https://doi.org/10.15448/1983-4276.2017.1.25252

Palavras-chave:

Os cus de Judas, Guerra Colonial, Memória, Pós-colonialismo

Resumo

O presente artigo analisa o romance Os cus de Judas, de autoria do escritor português António Lobo Antunes quanto à sua particularidade em estabelecer a construção de uma memória coletiva sobre a Guerra Colonial. Segundo romance do autor, publicado em 1979 em um contexto pós-colonial apenas quatro anos após a Revolução dos Cravos, a narrativa remete à abordagem da exploração da experiência do autor durante sua participação na Guerra Colonial, em Angola, no início da década de 70. Após a Revolução dos Cravos, em abril de 1974, a sociedade portuguesa tenta apagar o passado traumático ligado à guerra e ao Estado Novo a fim de iniciar um movimento de superação de seu passado problemático e aproximar-se da Europa. A produção ficcional apresenta-se como possibilidade de interpretação da dinâmica política e social existente na construção de um novo Portugal após a Guerra Colonial, a Revolução dos Cravos e a descolonização dos territórios ultramarinos. A literatura assume um papel de destaque no Portugal pós-colonial, pois almeja a construção de uma memória coletiva sobre os últimos capítulos do império português.

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The construction of the Colonial War memory in Os cus de Judas, of Lobo Antunes

Abstract: The present article analyzes the novel Os cus de Judas, written by the portuguese writter António Lobo Antunes for their particularity to estabilish the construction of a collective memory about the Colonial War. Second novel of the author published in 1979 in a post-colonial context, just four years after the Carnation Revolution, the narrative refer to approach the exploration of the author’s experience during his participation in the Colonial War in Angola, in the early 1970. After the Carnation Revolution in April 1974, the portuguese society tries to erase the traumatic past linked to the war and the Estado Novo to start a movement of overcoming his troubled past and move closer to Europe. The fictional production is presented as a possible interpretation of the dynamics political and social context in building a new Portugal after the Colonial War, the Carnation Revolution and decolonization of overseas territories. The literature plays an important role in Portugal post-colonial since aims to build a collective memory of the last chapter of the portuguese empire.


Keywords: Os cus de Judas; Colonial War; Memory; Post-colonialism

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Biografia do Autor

Leonardo Von Pfeil Rommel, Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Graduado em Letras - Português e Literaturas de Língua Portuguesa.

Mestre em Literatura Comparada - UFPel

Doutorando em Estudos de Literatura - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)

Alfeu Sparemberger, Universidade Federal de Pelotas

Graduado em Letras pela Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (UNIJUI). Possui mestrado em LETRAS pela Universidade Federal de Santa Catarina (1989) e doutorado em Letras (Estudos Comparados de Literaturas de Língua Portuguesa) pela Universidade de São Paulo (2004). Atualmente é professor da Universidade Federal de Pelotas. Tem experiência na área de Letras, com ênfase em Literatura Brasileira, Literatura Portuguesa e Cultura Brasileira. Professor Pesquisador.

Referências

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Publicado

2017-09-05

Como Citar

Rommel, L. V. P., & Sparemberger, A. (2017). A construção da memória da Guerra Colonial em Os cus de Judas, de Lobo Antunes. Navegações, 10(1), 3–11. https://doi.org/10.15448/1983-4276.2017.1.25252

Edição

Seção

Ensaios