TY - JOUR AU - Guimarães, Sandra PY - 2012/02/16 Y2 - 2024/03/29 TI - Jornalismo e literatura – as duas faces de uma mesma moeda JF - Letrônica JA - Letronica VL - 5 IS - 1 SE - Artigos DO - UR - https://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/letronica/article/view/10686 SP - 111-124 AB - Desde o advento da palavra escrita, o homem, ao longo da história, buscou – com ela e através dela – traduzir a realidade. As cores e as dores do mundo real serviram de inspiração para que o papel acolhesse desde a mais desatinada ficção até os relatos mais comportadamente próximos da razão. Do romance entre a palavra escrita e o mundo real, nasceriam, portanto, o Jornalismo e a Literatura – irmãos, guerreiros e amantes – que, fosse em um romance incestuoso, ou em campos opostos de uma mesma batalha, perseguiriam como ela – a palavra – o ideal utópico de retratar a realidade. Ao longo desse percurso, os filhos da palavra, sempre que prestes a atingir seu ideal, acabavam cedendo à sedução da subjetividade e da ficção. E assim, deixaram pelo caminho um lastro de histórias contadas que nos permite questionar se, quando a realidade não cabe mais no espaço “oficialmente” a ela destinado, esses dois guerreirosamantes não trocariam de lugar? Nesse artigo pretendemos demonstrar que o jornalismo e a literatura são atividades que se confundem, que se complementam e que, muitas vezes, trocam de lugar. Isso porque, embora ambos trabalhem com dois elementos inerentes à palavra escrita, o real e o ficcional, enquanto a literatura assume livremente a subjetividade e o caráter ficcional próprios do texto – aceitando de forma muito clara trabalhar com a imaginação – o jornalismo tende, quase sempre, a negá-los. Procuraremos, portanto, encontrar os elementos ficcionais presentes no texto jornalístico e os reais presentes no literário, mostrando que, em diversos momentos, desde o surgimento da imprensa no Brasil, escritores-jornalistas usaram o espaço reservado ao ficcional para dizer o que – por razões políticas, históricas, etc. – não coube no espaço reservado ao real, ao mesmo tempo em que ousaram, nos jornais, adornar a realidade de forma a apresentá-la mais sedutora e vendável, tornando-a, conseqüentemente, mais fictícia. Tomaremos por base, para esse questionamento, os jornais e a produção literária do Rio e de São Paulo, em três momentos específicos, do período entre de 1850 a 1950. ER -