Os Lusíadas: voz poética/leitura
DOI:
https://doi.org/10.15448/1980-864X.1980.1.30776Resumo
Este estudo trata, de um ponto de vista novo, a problemática, frequentemente abordada na crítica existente da natureza da voz narrativa de Os Lusiadas e o papel desta dentro da economia estrutural da epopeia camoniana. O tratamento baseia-se num exame detalhado das invocações dos três catálagos históricos, tanto no que diz respeito à tradição de que elas derivam como com respeito a sua função dentro da apresentação poética total. Esse exame revela contornos da auto-poetização camoniana como a voz que fala no poema assim como ligações temáticas entre essa auto-poetização e elementos temáticas de outros sectores da obra. Importantemente revelado é o auto-retrato camoniana como um cantor de primeiro-plano, dramaticamente presente ao leitor no processo de comunicar com esto. Nesse auto-retrato, Camões usa - a um gra notável- um modo de apresentação fora do comum em sua época: uma apresentação dramática, caracteristica de séculos mais recentes. Tal criação da presença dramática imediata de uma >>persona<< que fala com o leitor vê-se em relação à tematização, por parte de Camões, do processo poético como um acto heróico. E mostra-se que tais elementos textuais indicam uma possível teoria de leitura para o poema, fundamentada na identificação de, primeiro, uma linha retórica >>narrativa<< e, segundo, uma linha >>discursiva<< que se encontra tanto nas invocações examinadas como em outras passagens semelhantes (algumas das quais se especificam no estudo). Na linha >>discursiva<< o poeta, dramatizando-se e falando como nas inovações, sugere as normas segundo as quais o texto inteiro há-ser ser lido.Downloads
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