Entre suaílis e macuas, mujojos e muzungos: o norte de Moçambique como complexo de interconexões
DOI:
https://doi.org/10.15448/1980-864X.2018.3.29334Palavras-chave:
classificações sociais, conexões culturais, norte de Moçambique.Resumo
O norte de Moçambique era marcado pela intensa circulação de pessoas, produtos, ideias e saberes no século XIX. Era possível encontrar uma variedade de grupos, tais como suaílis, macuas-imbamelas e namarrais, mujojos e muzungos. Essas categorias sociais revelam formas de classificação e identificação baseadas em diferentes critérios: localização geográfica, religião, aspectos culturais, ocupação, cor, condição econômica e social. O principal objetivo deste artigo é analisar como essas categorias sociais foram construídas historicamente e as conexões culturais e identitárias existentes em torno delas.
Downloads
Referências
ALBUQUERQUE, Joaquim Augusto Mousinho de. Moçambique, 1896-1898. Lisboa: Divisão de Publicações e Biblioteca. Agência Geral das Colônias, 1934.
ALPERS, Edward A. Towards a History of the Expansion of Islam in East Africa: the Matrilineal People of the Southern Interior. In: RANGER, T. O.; KIMAMBO, I. N. The Historical Study of African Religion. Londres: Heinemann, 1972.
AMORIM, Pedro Massano de. Relatório sobre a occupação de Angoche operações de campanha e mais serviços realizados. [Lourenço Marques]: Imprensa Nacional, 1911.
AMSELLE, Jean-Loup. Branchements. Anthropologie de l’universalité des cultures. Paris: Flammarion, 2001.
______. Ethnies et espaces: pour une anthropologie topologique. In: AMSELLE, Jean-Loup; M’BOKOLO, Elikia. Au coeur de l’ethnie. Ethnie, tribalisme e État en Afrique. Paris: La Découverte, 1999.
ARNFRED, Signe. Tufo Dancing: Muslim Womens’s Culture in Northern Mozambique. Lusotopie, p. 39-65, 2004.
BONATE, Liazzat J. K. Traditions and Transitions: Islam and Chiefship in Northern Mozambique, ca. 1850-1974. 2007. Tese (Doutorado em História) – Departamento de Estudos Históricos da Universidade da Cidade do Cabo, África do Sul, Cidade do Cabo, 2007.
______. From Shirazi into Monhé: Angoche and the Mainland in the Context of the Nineteenth Century Slave Trade of Northern Mozambique. In: Alpers , E. A.; Isaacman , A.; Zimba , B. (Eds.). Slave Routes and Oral Tradition in Southeastern Africa. Maputo: Filsom Entertainment, 2005. p. 195-219.
CAPELA, José. Como as aringas de Moçambique se transformaram em Quilombos. Tempo, Rio de Janeiro, v. 10, n. 20, p. 83-108, jan-jun. 2006.
CAPELA, José; MEDEIROS, Eduardo. O tráfico de escravos de Moçambique para as ilha do Índico. Maputo: Núcleo Editorial da Universidade Eduardo Mondlane, 1987.
CARVALHO, Álvaro Pinto de. Notas para a história das confrarias islâmicas na ilha de Moçambique. Arquivo. Boletim do Arquivo Histórico de Moçambique, Maputo: Arquivo Histórico de Moçambique, n. 4, out. 1988.
COUTINHO, João de Azevedo. As duas conquistas de Angoche. Lisboa: Pelo Império, 11, 1935.
______. Memórias de um velho marinheiro e soldado de África. Lisboa, 1941.
CUNHA, Joaquim d’Almeida da. Estudos acerca dos usos e costumes dos Banianes, Bathuás, Persas, Mouros, Gentios e Indígenas. Imprensa Nacional Moçambique, 1885.
Freeman-Grenville, G. S. P. The Swahili Coast, 2nd to 19th Centuries in Eastern Africa. Varoiorum Reprints: London, 1988.
HAFKIN, Nancy. Trade, Society and Politics in Northern Mozambique,
c.1753-1913. 1973. Thesis (PhD) – Boston University Graduate School, Boston, 1973.
HEINTZE, Beatrix. Angola nos séculos XVI e XVII. Estudos sobre Fontes, Métodos e História. Luanda: Kilombelombe, 2007.
ISAACMAN, Allen F.; ISAACMAN Barbara S. Slavery and Beyond. The Making of Men and Chikunda Ethnic Identities in the Unstable World of South Central Africa, 1750-1920. Portsmouth: Heinemann, 2004.
LE GUENNEC-COPPENS, Françoise; CAPLAN, Pat. Les Swahili entre Afrique et Arabie. Paris: Kathala, 1991.
LUPI, Eduardo do Couto. Angoche. Breve memória sobre uma das capitanias-mores do distrito de Moçambique. Lisboa: Typographia do Annuario Commercial, 1907.
MACAGNO, Lorenzo. Islã, transe e liminaridade. Revista de Antropologia da USP, São Paulo, v. 50, n. 1, p. 85-123, 2007.
MACHADO, A. J. de Mello. Entre os macuas de Angoche. Lisboa, 1970.
MARTINS, Luísa F. G. Os Namarrais e a reacção à instalação colonial (1895-1913). Instituto de Investigação Científica Tropical (IICT). Blogue de História Lusófona, ano 6, jul. 2011. Disponível em:
http://www2.iict.pt/?idc=102&idi=17320. Acesso em: 10 dez. 2017.
______. A expedição militar portuguesa ao Infusse em 1880. Um exemplo de ocupação colonial nas terras islamizadas do Norte de Moçambique. Reunião Internacional de História de África: relação Europa-África no 3º quartel do século XIX. Lisboa: Centro de Estudos de História e Cartografia Antiga, Instituto de Investigação Cientifica e Tropical, 1989.
MATTOS, Regiane Augusto de. Poder e estratégias políticas no norte de Moçambique: a relação entre as pia-mwene e o governo português no final do século XIX. Revista Anos 90, v. 21, p. 91-110, 2014.
Mbwiliza , J. F. A History of Commodity Production in Makuani 1600-1900: Mercantilist Accumulation to Imperialist Domination. Dar es Salaam: University Press, 1991.
MEDEIROS, Eduardo. Notas sobre o estudo da formação de entidades tribais e étnicas entre os povos de língua(s) emakhuwa e elomuwè e advento da etnicidade macua e lómuè. Texto de Apoio do Curso de Mestrado em Desenvolvimento e Cooperação Internacional, ISEG, Lisboa, 1995.
MIDDLETON, John; HORTON, Mark. The Swahili: the Social Landscape of a Mercantile Society. EUA: John Wiley Professio, 2001.
MUTIUA, Chapane. Ajami Literacy, Class and Portuguese Colonial Administration in Northern Mozambique. 2014. Thesis (Master in Social History) – Historical Studies Department, University of Cape Town, Cape Town, 2014.
NEWITT, Mallyn. História de Moçambique. Lisboa: Europa-América, 1997.
PEARSON, M. N. Port Cities and Intruders: the Swahili Coast, India, and Portugal in the Early Modern Era. Baltimore: The Johns Hopkins University Press, 1998.
POUWELS, R.L. Eastern Africa and the Indian Ocean to 1800: Reviewing Relations in Historical Perspective. International Journal of African Historical Studies, v. 35, n. 2-3, p. 385-425, 2002.
https://doi.org/10.2307/3097619
SHERIFF, Abdul. Slaves, Spices and Ivory in Zanzibar: Integration of an East African Commercial Empire into the World Economy, 1770-1873. London: James Curvery, 1987.
THOMAZ, Omar Ribeiro. “Raça”, nação e status: histórias de guerra e “relações raciais” em Moçambique. Revista USP, São Paulo, n. 68, p. 252-268, dez.-fev. 2005-2006.
VANSINA, Jan. A tradição oral e a sua metodologia. KI-ZERBO, J. (Coord.). História Geral da África Negra. I – Metodologia e pré-história da África. Paris: Unesco, 2010 (ed. revista). p. 139-166.
VERNET, Thomas. Porosité des frontières spatiales, ambiguïté des frontières identitaires: le cas des cités-États swahili de l’archipel de Lamu (vers 1600-1800). Afriques 01, 2010, publicado em 21 de abril de 2010. Disponível em:
http://afriques.revues.org. Acesso em: nov. 2017.
ZAMPARONI, Valdemir. Monhés, Baneanes, Chinas e Afromaometanos.
Colonialismo e racismo em Lourenço Marques, Moçambique, 1890-1940. Lusotopie, p. 191-222, 2000.
Fontes:
Arquivo Histórico Ultramarino (AHU), Secretaria do Estado da Marinha e Ultramar (SEMU), DGU.
Arquivo Histórico de Moçambique (AHM), Fundo do século XIX, Governo Geral de Moçambique.
Entrevistas:
Entrevista concedida por MOMADE, Janina: Entrevista [20 de julho de 2016]. Entrevistador: Regiane Augusto de Mattos. Ilha de Moçambique, 2016.
Entrevista concedida por ISSUFO, Halifa Shifa. Entrevista [25 de julho de 2016]. Entrevistador: Regiane Augusto de Mattos. Ilha de Moçambique, 2016.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2018 Regiane Augusto de Mattos
![Creative Commons License](http://i.creativecommons.org/l/by/4.0/88x31.png)
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Direitos Autorais
A submissão de originais para a Estudos Ibero-Americanos implica na transferência, pelos autores, dos direitos de publicação. Os direitos autorais para os artigos publicados nesta revista são do autor, com direitos da revista sobre a primeira publicação. Os autores somente poderão utilizar os mesmos resultados em outras publicações indicando claramente a Estudos Ibero-Americanos como o meio da publicação original.
Licença Creative Commons
Exceto onde especificado diferentemente, aplicam-se à matéria publicada neste periódico os termos de uma licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional, que permite o uso irrestrito, a distribuição e a reprodução em qualquer meio desde que a publicação original seja corretamente citada.