TY - JOUR AU - Roque, Marcia Cristina PY - 2022/10/21 Y2 - 2024/03/28 TI - O suplício do corpo como instrumento do poder soberano: Análise do campo de exceção instaurado na senzala do Engenho Nossa Senhora da Natividade em “Água de Barrela” de Eliana Alves Cruz JF - Letras de Hoje JA - Let. Hoje (Online) VL - 57 IS - 1 SE - Dossiê: Literatura do Confinamento DO - 10.15448/1984-7726.2022.1.43147 UR - https://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/fale/article/view/43147 SP - e43147 AB - <p>Neste ensaio, pretende-se analisar a obra <em>Água de Barrela</em>, da escritora e jornalista Eliana Alves Cruz, como uma fonte de representação das relações de poder durante o Brasil Império e que promoveram situações de tortura e encarceramento de escravizados africanos. Sendo a literatura ficção, não se pode tomá-la como verdade, mas, sim, como uma possibilidade de realidade a partir do conceito de representação do historiador Roger Chartier (1999). Dessa maneira, as cenas que retratam o período foram destacadas e analisadas a fim de verificar, através da literatura, como a narrativa se compõe e registra tais relações de poder. Para tanto, foram mobilizadas as noções de controle sobre o corpo e de biopoder de Michel Foucault (2021), bem como sua extensão para a necropolítica, de Achille Mbembe (2018). Ainda, a senzala do engenho Nossa Senhora da Natividade foi aqui considerada como um campo no qual se configura o estado de exceção, analisado à luz da teoria de Giorgio Agamben (2002). A proposta de que a senzala possa ser encarada como um campo deriva de estudos nas áreas de filosofia e história e, neste ensaio, pretende-se analisar em uma obra literária como podem ser verificáveis tais conceitos. Nesse local específico e criado para encarcerar os negros escravizados, o suplício do corpo ocorre como forma de disciplinar pelo medo, sendo decidido pelo poder soberano quem deve viver ou morrer de acordo com as necessidades de controle e de produção do soberano corporificado pelo senhor. A escravização negra no Brasil Imperial, portanto, é aqui encarada como um ancestral do campo biopolítico identificado nos movimentos totalitaristas do século XX, com desdobramentos e metamorfoses nos anos seguintes e representada pela literatura.<span class="Apple-converted-space">&nbsp;</span></p> ER -