O “Átomo Invisível” na defesa dos ideais de progresso e civilização
João Gumes, Escritor-Cidadão. Caetité, 1880-1930
DOI:
https://doi.org/10.15448/2178-3748.2020.2.36623Palavras-chave:
Alto Sertão da Bahia, Escritor-Cidadão, João Gumes, Progresso SertanejoResumo
A saída do Império e a decorrente entrada da República proporcionaram mudanças significativas no Brasil. As antigas estruturas brasileiras começaram a se romper e modificações sociais, econômicas e políticas já eram visualizadas na sociedade, pautadas, principalmente, em ideais difundidos por uma elite iniciante. Em Caetité, território do Alto Sertão da Bahia, a propagação do discurso progressista e querente de mudanças era de responsabilidade de João Antônio dos Santos Gumes, intelectual caetiteense, autor de inúmeros romances e proprietário do Jornal A Penna. Para produção desse artigo, as ideias de Gumes foram colocadas sob análise, especialmente aquelas contidas em seu romance Os Analphabetos e em seu jornal A Penna, objetivando entender a dinâmica da sociedade caetiteense e do Alto Sertão da Bahia após a Abolição da Escravatura e da Proclamação da República. Aliás, é por defender esses dois eventos que João Gumes é, aqui, apresentado como “Escritor-Cidadão”, conceito anteriormente utilizado por Pires (2011) e pautado nos estudos de Sevcenko (2003). Os estudos desenvolvidos nesta pesquisa, portanto, levam-nos ao entendimento de que o território em questão passou, também, pela dinâmica do progresso atuante no Brasil no princípio do século XX, além de proporcionar a compreensão do cidadão João Gumes, escritor em boa parte de sua vida, como combatente dos atrasos existentes que impossibilitavam a entrada dos seus sertões na “época moderna”.
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