O cinejornal Kuxa Kanema e a imagem de Samora Machel
DOI:
https://doi.org/10.15448/21778-3748.2018.2.29734Palavras-chave:
Moçambique, Samora Machel, Kuxa KanemaResumo
Após a independência de Moçambique em 1975 Samora Machel tornou-se o primeiro presidente do país. Ele foi responsável por criar um regime autoritário que visava a construção nacional como maior prioridade. Foi nesse sentido que construiu o projeto do “Homem Novo”, que visava promover uma sociedade que unisse os valores do marxismo-leninismo com o combate aos valores tradicionais presentes naquele contexto. O Instituto Nacional de Cinema foi criado nesse período como forma de difundir esses valores que eram almejados pelo poder político. Foi esse o contexto de produção do cinejornal Kuxa Kanema, que tinha então entre seus objetivos promover uma narrativa a respeito de Samora Machel como forma associá-lo a eles. Nesse sentido, criou-se a imagem dele como um político carismático, popular, que se destacava como um legítimo marxista e com uma inquestionável liderança no cenário internacional. Mais que isso, ele se destaca como um líder profético, que guia o povo pelos caminhos que estão por vir, associado a figura do mito do salvador apontada por Girardet (1987).
Downloads
Referências
ANDERSON, B. Comunidades Imaginadas. São Paulo: Companhia das Letras. 2008.
BEHIND The Lines. Direção: Margaret Dickson, Moçambique: 1970.
BIRD, E. e DARDENNE R. Mito, registo e ‘estórias’: explorando as qualidades narrativas das notícias. In: TRAQUINA, N. (org.). Jornalismo: questões, teorias e “estórias”. Lisboa: Vega, 1993.
CHABAL, P. Imagined Modernities: Community, Nation and State in postcolonial Africa. In: PIMENTA, Fernando Tavares; SOUSA, Julião Soares; TORGAL, Luís Reis. (org.). Comunidades Imaginadas: Nação e Nacionalismos em África. Coimbra: IU, 2008.
CHICHAVA, S. Por uma leitura sócio-histórica da etnicidade em Moçambique. Discussion Paper, Madrid, IESE, n. 1, 2008. Disponível em: <http://www.iese.ac.mz/lib/publication/outras/Etnicidade.pdf> Acesso em: 19 mai. 2016.
CONVENTS, G. Os moçambicanos perante o cinema e o audiovisual: Uma história político-cultural do Moçambique colonial até à república de Moçambique (1896-2010). Maputo: Edição Dockanema/Afrika Film Festival, 2011.
Enciclopédia INTERCOM de Comunicação. São Paulo: Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação, 2010.
GIRARDET, Raoul. Mitos e Mitologias Políticas. São Paulo: Companhia das Letras, 1987.
GONÇALVES, A. C. G. A concepção de politecnia em Moçambique: contradições de um discurso socialista (1983-1992). Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 33, n. 3, p. 601-619, set./dez, 2007. Disponível em: <http://www.revistas.usp.br/ep/article/view/28069> Acesso em: 24 mai. 2016.
GRAÇA, P. A Construção da Nação em África (ambivalência cultural em Moçambique). Coimbra: Edições Almedina, 2005.
LINZ, J. Autoritarismo e Democracia. Lisboa: Livros Horizonte, 2015.
MACAGNO, L. Fragmentos de uma Imaginação Nacional. Revista Brasileira de Ciências Sociais. Vol. 24, N. 70, Jun, 2009. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-69092009000200002> Acesso em: 4 mar. 2017.
MACAMO, E. A Constituição duma Sociologia das Sociedades Africanas. Estudos Moçambicanos, Maputo, n. 19, 2002. p. 5-26
MACHEL, S. O partido e as classes trabalhadoras moçambicanas na edificação da democracia popular. Relatório do Comitê Central ao III Congresso da FRELIMO. Maputo: Edições Avante, 1978.
MALOA, J. M. O lugar do marxismo em Moçambique: 1975-1994. Revista Espaço
Acadêmico, n.122, julho de 2011. Disponível em: <http://www.periodicos.uem.br/ojs/index.php/EspacoAcademico/issue/view/510> Acesso em: 14 mai. 2017.
MILHAZES, J. Samora Machel: Atentado ou acidente?. Lisboa: Alètheia Editores, 2010.
NEWITT, M. Mozambique. In: CHABAL, Patrick. A History of Postcolonial Lusophone Africa. Indiana: Indiana University Press, 2002.
NOVA, C. O cinema e o conhecimento da História. O Olho da História, n. 3, dez. 1996. Disponível em: <http://www.oolhodahistoria.ufba.br> Acesso em: 12 nov. 2017.
O MUNDO em Imagens I. INAC: 2012, Moçambique.
O MUNDO em Imagens II. INAC: 2013, Moçambique.
PAREDES, M. A Construção da Identidade Nacional moçambicana no pós-Independência: sua complexidade e algumas problemas de pesquisa. Anos 90 (UFRGS. Impresso), Porto Alegre: v.21, p.131-161, 2014.
SCHEFER, R. O nascimento da ficção. Tubarão: Poiésis, v.5, n.9, 2012. Disponível em: <http://www.portaldeperiodicos.unisul.br/index.php/Poiesis/article/view/976> Acesso em: 19 mai. 2016.
SHUBIN, V. The Hot “Cold War”: The URSS in Southern Africa. Londres: Pluto Press, 2008.
SMITH, A. Identidade Nacional. Lisboa: Gradiva, 1997.
SORANZ, G. O Instituto Nacional de Cinema e outras experiências audiovisuais em Moçambique no seu período pós-colonial. Contemporanea, Salvador: v.12, n.1, 2014. p. 147-164.
TAVARES, M. Cinema Africano: Um possível, e necessário, olhar. Contemporânea, Salvador: v.11, n.3, set-dez, 2013. p. 464 – 470
VIEIRA, S. Participei, por isso testemunho. Maputo: Ndira, 2011.
VISENTINI, P. As revoluções africanas - Angola, Moçambique e Etiópia. São Paulo: Editora Unesp, 2012.
WATKINS, C. Portuguese african cinema: historical and contemporary perspectives 1969 to 1993. African Literatures, Indiana: v.26, n.3, 1995. P. 134 - 150.
WEBER, M. A Política como vocação. In: Ensaios de Sociologia. 5ª Edição. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos Editora, 1982.
WESTAD, O. The Global Cold War. Cambridge: Cambridge University Press, 2007.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Direitos Autorais
A submissão de originais para a Oficina do Historiador implica na transferência, pelos autores, dos direitos de publicação. Os direitos autorais para os artigos publicados nesta revista são do autor, com direitos da revista sobre a primeira publicação. Os autores somente poderão utilizar os mesmos resultados em outras publicações indicando claramente a Oficina do Historiador como o meio da publicação original.
Licença Creative Commons
Exceto onde especificado diferentemente, aplicam-se à matéria publicada neste periódico os termos de uma licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional, que permite o uso irrestrito, a distribuição e a reprodução em qualquer meio desde que a publicação original seja corretamente citada.