Interpretação de atos de fala

Metáforas e o papel da abdução

Autores

DOI:

https://doi.org/10.15448/1984-6746.2022.1.40490

Palavras-chave:

Interpretação, Atos de fala, Intencionalidade, Abdução, Metáforas

Resumo

Neste artigo apresentamos de forma breve uma teoria searliana de interpretação dos atos de fala. Mostramos através do exemplo das metáforas que, conforme proposta por Searle, a interpretação de atos de fala consistiria em reconhecer a intenção do falante. Esse processo se daria por meio do uso de regras convencionais da linguagem tanto pelo falante quanto pelo ouvinte. Contudo, as metáforas são um exemplo de que essa proposta de interpretação não é suficiente para descrever o processo pelo qual os agentes interpretam atos de fala. Argumentamos que se deve acrescentar a esse processo a noção de regras estratégicas. Seguindo Peirce, duas regras estratégicas são oferecidas: o princípio da coerência e o princípio da economia. Parece também satisfatório acrescentar o princípio da não-contradição. Embora estudos empíricos não sejam definitivos sobre o tema da interpretação, em especial sobre metáforas, os resultados apontam para a aplicação de regras estratégicas na interpretação. Finalmente, é sugerido que se Searle está certo ao dizer que interpretação é o reconhecimento da intenção do falante, então a interpretação depende do uso de regras convencionais e do uso de regras estratégicas.

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Biografia do Autor

Bernardo Alonso, Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT), Cuiabá, MT, Brasil.

Doutor em Filosofia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), no Rio de Janeiro, RJ, Brasil e pela University of Hertfordshire (UF), Hertfordshire, Reino Unido; mestre em filosofia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), no Rio de Janeiro, RJ, Brasil; professor associado do Departamento de Filosofia da Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT), em Cuiabá, MT, Brasil.

José Carlos Camillo, Universidade Federal de Goiás (UFG), Goiânia, GO, Brasil.

Doutorando em Filosofia pela Universidade Federal de Goiás (UFG), em Goiânia, GO, Brasil; mestre em Filosofia pela Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT), em Cuiabá, MT, Brasil; bolsista da Fundação de Amparo à Pesquisa no Estado de Goiás (FAPEG), em Goiânia, GO, Brasil.

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Publicado

2022-06-30

Como Citar

Alonso, B., & Camillo, J. C. (2022). Interpretação de atos de fala: Metáforas e o papel da abdução. Veritas (Porto Alegre), 67(1), e40490. https://doi.org/10.15448/1984-6746.2022.1.40490

Edição

Seção

Epistemologia & Filosofia da Linguagem