A ordem política como tarefa

Carl Schmitt e o ordoliberalismo alemão

Autores

DOI:

https://doi.org/10.15448/1984-6746.2023.1.41974

Palavras-chave:

ordem, ordoliberalismo alemão, liberalismo autoritário, Carl Schmitt

Resumo

O artigo trata da obra de Carl Schmitt e sua infl uência sobre o ordoliberalismo alemão. Tal chave de leitura permite compreender as causas da crise das instituições modernas e o liberalismo autoritário, inclusive como matriz da governamentalidade neoliberal. A hipótese da pesquisa indica que a obra schmittiana concede um acesso privilegiado para analisar as tendências autoritárias como a expressão do esgotamento da política moderna, a rejeição da democracia e as relações entre liberalismo e teologia política. Afinal, se a economia pressupõe uma ordem, esta seria uma decisão política, não um produto econômico. Na primeira parte, apresenta o conceito do político como uma tentativa de realização da Ordnungspolitik em contraposição à ausência de forma política; logo, de autoridade. Na segunda parte, avalia a proposta do Estado Total como o resultado das transformações do liberalismo e da intensificação do político na “era da técnica”. A conclusão interpreta a pulsão de ordem do ordoliberalismo na década de 1930 como a tentativa de fornecer um quadro institucional para produzir e assegurar a concorrência por meio de um Estado forte, além de iluminar algumas ambiguidades da relação entre mercado e Estado até sua deriva neoliberal.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Deyvison Lima, Universidade Federal do Piauí (UFPI), Teresina, PI, Brasil.

Doutor em Filosofia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), no Rio de Janeiro, RJ, Brasil; mestre em Filosofia pela Universidade Federal do Ceará (UFC), em Fortaleza, CE, Brasil. Professor Adjunto II no Departamento de Filosofia e do Mestrado Profissional em Filosofia da Universidade Federal do Piauí (UFPI) em Teresina, PI, Brasil.

José Maria Arruda, Universidade Federal Fluminense (UFF), Niterói, RJ, Brasil.

Doutor em Filosofia pela Universität Essen, Alemanha; mestre em Filosofia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), em Porto Alegre, RS, Brasil. Foi professor do Departamento de Filosofia e da Pós-Graduação em Filosofia da Universidade Federal do Ceará (UFC). Professor Associado IV do Departamento de Filosofia da Universidade Federal Fluminense (UFF), em Niterói, RJ, Brasil. Entre outras produções, traduziu a obra O Nomos da Terra, de Carl Schmitt.

Referências

AGAMBEN, G. Estado de exceção. Tradução de Iraci D. Poleti. São Paulo: Boitempo, 2004.

AGAMBEN, G. Introduzione. In: AGAMBEN, G. (org.). Carl Schmitt. Un giurista davanti a se stesso. 2. ed. Vicenza: Neri Pozza Editore, 2012. p. 8-40.

AGAMBEN, G. Stasis. La guerra civile come paradigma politico. Torino: Bolati Boringhieri, 2018.

BIEBRICHER, T.; VOGELMANN, F. (org.) The Birth of Austerity. German Ordoliberalism and Contemporary Neoliberalism. London: Rowman & Littlefield, 2017.

BONEFELD, W. Freedom and the Strong State: On German Ordoliberalism. New Political Economy, [S. l.], v. 17, n. 5, p. 633-656, abr. 2012. Disponível em: https://doi.org/10.1080/13563467.2012.656082. Acesso em: 3 out. 2019. DOI: https://doi.org/10.1080/13563467.2012.656082

BONEFELD, W. Crisis, Free Economy and Strong State. On Ordoliberalism. European of Internacional Studies, [S. l.], v. 2, n. 3, p. 5-14, 2015. Disponível em: https://eprints.whiterose.ac.uk/95200/1/CrisisStrongStateBonefeld.pdf. Acesso em: 15 mar. 2019. DOI: https://doi.org/10.3224/eris.v2i3.23445

BONEFELD, W. Authoritarian Liberalism: From Schmitt via Ordoliberalism to the Euro. Critical Sociology, [S. l.], v. 43, n. 4, p. 1-15, jul. 2016. Disponível em: https://doi.org/10.1177/0896920516662695. Acesso em: 15 mar. 2019. DOI: https://doi.org/10.1177/0896920516662695

BONEFELD, W. The strong state and the free economy. London: Rowman & Littlefield International, 2017.

BROWN, W. In the ruins of neoliberalism: the rise of antidemocratic politics in the West. New York: Columbia University Press, 2019. DOI: https://doi.org/10.7312/brow19384

CACCIARI, M. O poder que freia. Tradução de Pedro Moura Fonseca. Belo Horizonte: Editora Âyiné, 2016.

CHAMAYOU, G. A sociedade ingovernável: uma genealogia do liberalismo autoritário. Tradução de Letícia Mei. São Paulo: Ubu, 2020a.

CHAMAYOU, G. Présentation 1932, Naissance du Libéralisme Autoritaire. In: CHAMAYOU, G. (org.) Carl Schmitt, Hermann Heller. Du Libéralisme Autoritaire. Paris: Zone, 2020b. E-book.

CRISTI, R. Carl Schmitt and Authoritarian Liberalism. Cardiff: University of Wales, 1998.

DARDOT, P.; GUÉGUEN, H.; LAVAL, C.; SAUVÊTRE, P. A escolha da guerra civil: uma outra história do neoliberalismo. Tradução de Márcia Pereira Cunha. São Paulo: Elefante, 2021.

DARDOT, P.; LAVAL, C. A nova razão do mundo: Ensaio sobre a sociedade neoliberal. Tradução de Mariana Echalar. São Paulo: Boitempo, 2016.

FLICKINGER, H.G. A luta pelo espaço autônomo do político. In: SCHMITT, C. O conceito do político. Petrópolis: Vozes, 1992. p. 9-26.

FOUCAULT, M. Nascimento da biopolítica. Tradução de Eduardo Brandão. São Paulo: Martins Fontes, 2008.

FOUCAULT, M. A Sociedade punitiva. Tradução de Ivone Benedetti. São Paulo: Martins Fontes, 2016.

FRANCO DE SÁ, Alexandre. Poder, direito e ordem. Ensaios sobre Carl Schmitt. Rio de Janeiro: Via Veritas, 2012.

GALLI, C. Genealogia della politica. 2. ed. Bolonha: Il Mulino, 2010.

HELLER, Hermann. Liberalismo autoritario? In: POMARICI, Ulderico (org.). Stato di diritto o dittatura? E altri scritti (1928-1933). Napoli: Editoriale Scientifica. 2017. p. 133-144.

HOFMANN, H. Legitimität gegen Legalität. Der Weg der politischen Philosophie Carl Schmitts. 4. ed., Berlin: Duncker & Humblot, 2002.

KERVÉGAN, J. F. Que faire de Carl Schmitt? Paris: Gallimard,

KERVÉGAN, J. F. Hegel, Carl Schmitt. Le politique entre spéculation et positivité. Paris: PUF, 1992.

MARCUSE, Herbert. Kultur und Gesellschaft 1. 7. ed. Frankfurt: Suhrkamp, 1968.

MIROWSKI, P.; PLEHWE, D. (org.) The road from Mont Pèlerin: the making of the neoliberal thought collective. Cambridge, Ma./London: Harvard University Press, 2009. DOI: https://doi.org/10.4159/9780674054264

NEGRI, A. O poder constituinte: Ensaios sobre as alternativas da modernidade. Tradução de Adriano Pilatti. Rio de Janeiro: DP&A, 2002.

NICOLETTI, M. Trascendenza e Potere. La Teologia Politica di Carl Schmitt. Brescia: Editrice Morcelliana, 1990.

POLLOCK, F. A situação atual do capitalismo e as perspectivas de uma nova ordem de planificação econômica (1932). In: FLECK, A.; DE CAUX, L. P. (org.). Crise e transformação estrutural do capitalismo: artigos na Revista do Instituto de Pesquisa Social, 1932-1941. Florianópolis: NEFIPO/CFH/UFSC, 2019. p. 35-54.

RÜSTOW, A. Social Policy or Vitalpolitik. In: The Bird of Austerity. German Ordoliberalism and Contemporary Neoliberalism. BIEBRICHER, T.; VOGELMANN, F (org.), Londres: Rowman & Littlefield, 2017. p. 163-177.

SCHMITT, Carl. Der Hüter der Verfassung. Tübingen: J. C.B. Mohr, 1931.

SCHMITT, Carl. Staat, Bewegung, Volk. Die Dreigliederung der politischen Einheit. 2. ed. Hamburg: Hanseatische Verlagsanstalt, 1933.

SCHMITT, Carl. Verfassungslehre. 8. ed. Berlin: Duncker & Humblot, 1993.

SCHMITT, Carl. Staatsethik und pluralistische Staat. In: Positionen und Begriffe im Kampf mit Weimar, Genf, Versailles 1923-1939. 3. ed. Berlin: Duncker & Humblot, 1994a. p. 151-165.

SCHMITT, Car. Die Wendung zum totalen Staat. In: Positionen und Begriffe im Kampf mit Weimar, Genf, Versailles 1923-1939. 3. ed. Berlin: Duncker & Humblot, 1994b. p. 166-178.

SCHMITT, Carl. Weiterentwicklung des totalen Staats in Deutschland. In: Positionen und Begriffe im Kampf mit Weimar, Genf, Versailles 1923-1939. 3. ed. Berlin: Duncker & Humblot, 1994c. p. 211-216. DOI: https://doi.org/10.3790/978-3-428-47935-1

SCHMITT, Carl. Starker Staat und gesunde Wirtschaft. In: Staat, Grossraum, Nomos. Arbeiten aus den Jahren 1916-1969. Berlin: Duncker & Humblot, 1995. p. 71-91.

SCHMITT, Carl. Politische Theologie II. Die Legende von der Erledigung jeder Politischen Theologie. 4. ed. Berlin: Duncker & Humblot, 1996.

SCHMITT, Carl. Der Begriff des Politischen. 6. ed. Berlin: Duncker & Humblot, 2002.

SCHMITT, Carl. Der Wert des Staates und die Bedeutung des Einzelnen. 5. ed. Berlin: Duncker & Humblot, 2004a. DOI: https://doi.org/10.3790/978-3-428-51442-7

SCHMITT, Carl. Politische Theologie. Vier Kapitel zur Lehre von der Souveränität. 8. ed. Berlin: Duncker & Humblot, 2004b.

SCHMITT, Carl. Die Diktatur. Von den Anfängen des modernen Souveranitätsgedankes bis zum proletarischen Klassenkampf. 7. ed. Berlin: Duncker & Humblot, 2006. DOI: https://doi.org/10.3790/978-3-428-47940-5

SCHMITT, Carl. Römischer Katholizismus und politische Form. 5. ed. Stuttgart: Klett-Cotta, 2008.

SCHMITT, Carl. Legalität und Legitimität. 8. ed. Berlin: Duncker & Humblot, 2012.

SLOBODIAN, Q. Globalists: The End of Empire and the Birth of Neoliberalism. Cambridge, MA.: Harvard University Press, 2018. DOI: https://doi.org/10.4159/9780674919808

STREECK, W. Heller, Schmitt, and the Euro. European Law Journal, [S. l.], v. 21, n. 3, p. 361-370, maio 2015. Disponível em: https://doi.org/10.1111/eulj.12134. Acesso em: 30 maio. 2019. DOI: https://doi.org/10.1111/eulj.12134

Downloads

Publicado

2023-02-23

Como Citar

Lima, D., & Arruda, J. M. (2023). A ordem política como tarefa: Carl Schmitt e o ordoliberalismo alemão. Veritas (Porto Alegre), 68(1), e41974. https://doi.org/10.15448/1984-6746.2023.1.41974

Edição

Seção

Ética e Filosofia Política