Os 26 anos do Estatuto da Criança e do Adolescente e os desafios da democracia brasileira

Autores

  • Ellen Cristina Carmo Rodrigues Universidade Federal de Juiz de Fora

DOI:

https://doi.org/10.15448/2177-6784.2016.2.26019

Palavras-chave:

justiça juvenil, criminologia, direito penal, responsabilidade penal de adolescentes.

Resumo

Passados 26 anos da edição do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA, Lei 8069/1990) observa-se que a realidade brasileira está bem distante do modelo proposto pela referida lei. Ao contrário das propostas isonômicas previstas no ECA, muitas crianças e adolescentes brasileiros não têm acesso aos seus direitos e têm suas trajetórias marcadas pela violência e arbitrariedade das diferentes agências penais. Todavia, é em relação a esse grupo que são direcionados acalorados debates acerca do recrudescimento punitivo. Atentando-se a essa realidade, este trabalho apresenta propostas para uma análise crítica do tema, devidamente comprometida com a contenção do poder punitivo arbitrário.

Biografia do Autor

Ellen Cristina Carmo Rodrigues, Universidade Federal de Juiz de Fora

DOUTORA EM DIREITO PENAL PELA UERJ;

MESTRE EM CIÊNCIAS SOCIAIS PELA UFJF;

PROFESSORA DE DIREITO PENAL E CRIMINOLOGIA DA FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA - DEPARTAMENTO DE DIREITO PÚBLICO E MATERIAL;

COORDENADORA DO PROGRAMA DE EXTENSÃO E PESQUISA "ALÉM DA CULPA: JUSTIÇA RESTAURATIVA PARA ADOLESCENTES";

ADVOGADA.

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Publicado

2016-12-31

Edição

Seção

Violência, Crime e Segurança Pública