Lugares perpassados: música e loucura como paradigmas da escrita no imaginário material de Marguerite Duras
Resumo
No momento de sua trajetória em que se dedica prioritariamente ao cinema, Marguerite Duras propõe, em um livro elaborado a partir de entrevistas com Michelle Porte, Les Lieux de Marguerite Duras (1977), uma série de figuras que, à maneira do que Gaston Bachelard (2001b) chamou de “imaginação material”, formam o que poderíamos identificar como uma mitologia pessoal da autora. Esse conjunto de signos-imagens reaparece com relativa estabilidade ao longo de sua obra, o que permite a Duras referir-se a obras de sua autoria bastante distantes temporalmente, mas com elementos em comum aos quais ela busca dar uma formulação. Nesse contexto, a invenção mítica da escrita feminina relaciona-se com noções como a música e a loucura, que se mostram como paradigmas imaginários de uma poética da porosidade. Uma leitura cerrada desse livro de Duras e Porte permitirá revelar a trama conceitual que atravessa essas formula-ções e iluminar aspectos centrais da poética literária, teatral e fílmica de Duras.
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