Jogos e intervenções grupais no atendimento de crianças com dificuldades escolares

Autores

DOI:

https://doi.org/10.15448/1980-8623.2020.3.30367

Palavras-chave:

jogos, fracasso escolar, intervenção psicológica

Resumo

O artigo discute a relevância da utilização de jogos no contexto do atendimento de crianças com dificuldades escolares. Estuda seu potencial como instrumento de observação e de intervenção sustentando-se em duas frentes de análise. Por um lado, examina as contribuições dos jogos de mesa à luz de pesquisas francesas neopiagetianas acerca dos impactos das novas tecnologias no desenvolvimento infantil. Por outro, articula essas discussões com dados oriundos de um Programa de Extensão Universitário destinado a crianças de 7 a 11 anos. O método contemplou a sistematização de 172 protocolos correspondentes a 35 participantes. Os resultados destacam as potencialidades do jogo como instrumento de intervenção, e constatam que o interesse e a persistência, por si sós, não garantem procedimentos satisfatórios na resolução de desafios cognitivos e socioafetivos, ao contrário do que afirma o discurso dos adultos, o qual insiste na falta de esforço e de atenção como causas para as dificuldades escolares.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Mariana Inés Garbarino, Instituto de Psicologia, Universidade de São Paulo (IPUSP), São Paulo, SP, Brasil.

Doutora em Psicologia pela Universidade de São Paulo (USP), em São Paulo, SP, Brasil; professora substituta da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), em Guarulhos, SP, Brasil.

Maria Thereza Costa Coelho de Souza , Instituto de Psicologia, Universidade de São Paulo (IPUSP), São Paulo, SP, Brasil.

Doutora em Psicologia pela Universidade de São Paulo (USP), em São Paulo, SP, Brasil; professora titular da Universidade de São Paulo (USP), em São Paulo, SP, Brasil.

Ana Lúcia Petty, Instituto de Psicologia, Universidade de São Paulo (IPUSP), São Paulo, SP, Brasil.

Mestre em Psicologia pela Universidade de São Paulo (USP), em São Paulo, SP, Brasil; Técnica da Universidade de São Paulo (USP), em São Paulo, SP, Brasil.

Camila Tarif Folquitto, Instituto de Psicologia, Universidade de São Paulo (IPUSP), São Paulo, SP, Brasil.

Doutora em Psicologia pela Universidade de São Paulo (USP), em São Paulo, SP, Brasil.

Referências

Asbahr, F. S. F. & Lopes, J. S. (2006). A culpa é sua. Psicologia USP, 17(1), 53-73. https://doi.org/10.1590/S0103-65642006000100005

Bach, J., Houdé, O., Léna, P., Tisseron, S. (2013). L’enfant et les écrans. Institut de France, Académie des Sciences.

Bonadio, R. & Mori, N. N. R. (2013). O TDAH para a comunidade escolar. In Bonadio & Mori. Transtorno de déficit de atenção/ hiperatividade: diagnóstico da prática pedagógica [online]. Maringá: Eduem, 181-219. https://doi.org/10.7476/9788576286578

Brenelli, R. P. (2005). Uma proposta psicopedagógica com jogos de regras. In F. Sisto (Org.), Atuação psicopedagógica e aprendizagem escolar. Petrópolis: Vozes.

Caillois, R. (1986). Los juegos y los hombres. La máscara y el vértigo. México: FCE,

Castro, T. G., Abs, D., & Sarriera, J. C. (2011). Análise de conteúdo em pesquisas de Psicologia. Psicologia: Ciência e Profissão, Brasília, 31(4), 814-825. https://doi.org/10.1590/S1414-98932011000400011

Cotonhoto, L. A. & Rossetti, C. B. (2016). Prática de jogos eletrônicos por crianças pequenas: o que dizem as pesquisas recentes? Rev Psicopedagogia, 33(102), 346-357.

Dell`Agli B. A. & Brenelli, R. P. (2009). Análise dos aspectos afetivos em atividades lúdicas e escolares. In L. Macedo (Org.), Jogos, psicologia e educação: teoria e pesquisas. São Paulo: Casa do Psicólogo.

Dell`Agli B. A. & Brenelli, R. P. (2010). Dificuldades de aprendizagem: análise das dimensões afetiva e cognitiva. In L. Caetano, (Org.), Temas atuais para a formação de professores, contribuições da pesquisa piagetiana. São Paulo: Paulinas, 45-70.

Doyen, C., Contejeana, Y., Rislera, V., Aschb, M., Amadoc, I., Launayd, C., De Bois Redona, P., Burnoufa, I., & Kaye, K. (2015). Thérapie par remédiation cognitive chez les enfants: données de la littérature et application clinique dans un service de psychiatrie de l’enfant et de l’adolescent. Archives de Pédiatrie, 22, 418-426. https://doi.org/10.1016/j.arcped.2015.01.012PMid:25736104

Folquitto, C.T.F. (2013). Desenvolvimento psicológico e estratégias de intervenção em crianças com Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). (Tese de doutorado). Instituto de Psicologia, Universidade de São Paulo, SP.

Garbarino, M. I. (2017). Construção do prazer de pensar e desenvolvimento: um estudo teóricoclínico com crianças em dificuldade escolar. (Tese de doutorado). Instituto de Psicologia, Universidade de São Paulo, SP.

Guarido, R. (2007). A medicalização do sofrimento psíquico: considerações sobre o discurso psiquiátrico e seus efeitos na educação, Educação e Pesquisa, 33(1), 151-161. https://doi.org/10.1590/S1517-97022007000100010

Homer, B. D.; Elizabeth O.; Hayward, Jonathan Frye & Jan L. Plass (2012). Gender and player characteristics in video game play of preadolescents. Computers in Human Behavior, 28, 1782-1789. https://doi.org/10.1016/j.chb.2012.04.018

Houdé O. (2007). Le rôle positif de l’inhibition dans le développement cognitif de l’enfant. Le Journal des psychologues, 1(244), 40-42. https://doi.org/10.3917/jdp.244.0040

Houdé, O. (2011). La psychologie de l’enfant. Coleção Que sais-je? Paris: Puf.

Houdé, O. (2014). Le raisonnement. Coleção Que saisje? Paris: Puf.

Houdé, O. (2015). Génération Z: le cerveau des enfants du numérique. Entretien avec Olivier Houdé. Sciences et Avenir, AFP.

Huizinga, J. (1996). Homo ludens: o jogo como elemento da cultura. São Paulo: Perspectiva. (Trabalho original publicado em 1938). https://doi.org/10.1515/9783110810615

Inhelder, B. & Cellérier, G. (1996). O desenrolar das descobertas da criança: um estudo sobre as microgêneses cognitivas. Porto Alegre: Artes Médicas. Le Corre, V. (2015). De quelques aspects de l’expérience vidéo-ludique. Savoirs et clinique, 1(18), 43-52. https://doi.org/10.3917/sc.018.0043

Le Heuzey, M. F. & Mouren, M. C. (2012). Addiction aux jeux vidéo: des enfants à risque ou un risque pour

tous les enfants? Bull. Acad. Natle Méd., 196(1), 15-26.

Leavy, P. (2013). ¿Trastorno o mala educación? Reflexiones desde la antropologia de la niñez sobre un caso de TDAH en el ámbito escolar. Rev. Lat. de Ciencias Sociales, Niñez y Juventud, 11(2), 675-688. https://doi.org/10.11600/1692715x.11215101012

Levin, E. (2012). Angustia, diagnósticos e infancia. ¿dónde está el sujeto? Prâksis – Rev do ICHLA, Instituto de Ciências Humanas, Letras e Artes, vol. 2 (Jul-Dic)

Lhôte, J. M. (2010). Le symbolisme des jeux. Paris: Éd. Berg International.

López-Fernández, O.; Honrubia-Serrano, M. L. & Freixa-Blanxart, M. (2012). Adaptación española del “Mobile Phone Problem Use Scale” para población adolescente. Adicciones, [S.l.], v. 24, n. 2, p. 123-130, jun. https://doi.org/10.20882/adicciones.104

Macedo, L. (2009). Jogos, psicologia e educação: teoria e pesquisas. São Paulo: Casa do Psicólogo.

Macedo, L.; Petty, A. L. & Passos, N. C. (2000). Aprender com jogos e situações-problemas. Porto Alegre: Artmed.

Macedo, L.; Petty, A. L. & Passos, N. C. (2005). Os jogos e o lúdico na aprendizagem escolar. Porto Alegre: Artmed.

Dazzani, M. V., De Oliveira Cunha, E., Monteiro Luttigards, P., Silva do Vale Zucoloto, P. C., Lima dos Santos, G. (2014). Queixa escolar: uma revisão crítica da produção científica nacional. Psic Escolar e Educacional, 18. https://doi.org/10.1590/2175-3539/2014/0183762

Missawa, D. & Rossetti, C. B. (2008). Desempenho de crianças com e sem dificuldades de atenção no jogo Mancala. Arquivos Brasileiros de Psicologia, 60(2), 60-74.

Ochoa, M. P, & Orbeta, C. T. (2017). Discursos sobre clase social y meritocracia de escolares vulnerables en Chile. Cadernos de Pesquisa, 47(164), 496-518. https://doi.org/10.1590/198053143752

Oder, A. (2008). The use of board games in child psychotherapy. Journal of Child Psychotherapy, online, Association of Child Psychotherapists.

Patto, M. H. S. (1997). Para uma Crítica da Razão Psicométrica. Psicol. USP, 8(1). https://doi.org/10.1590/S0103-65641997000100004

Paula, F. S. & Tfouni, L. V. (2009). A persistência do fracasso escolar: desigualdade e ideologia. Rev Bras de Orientação Profissional, 10(2), 117-127.

Piaget, J. (2000). La equilibración de las estruturas cognitivas. Problema central del desarrollo. México: Siglo XXI. (Trabalho original publicado em 1975).

Piaget, J. & Inhelder B. (1972). La Psicología del Niño. Madrid: Ed. Morata. (Trabalho original publicado em 1966).

Proença, M. (2002). Problemas de aprendizagem ou problemas de escolarização? Repensando o cotidiano escolar à luz da perspectiva histórico-crítica em psicologia. In M. K. Oliveira, D. T. R. Souza & M. T. Rego (Orgs.), Psicologia, educação e as temáticas da vida contemporânea (pp. 177-196) São Paulo: Moderna.

Ramos, D. K., Rocha, N. L., Rodrigues, K. J. R., & Roisenberg, B. B. (2017). O uso de jogos cognitivos no contexto escolar: contribuições às funções executivas. Psicologia Escolar e Educacional, 21(2), 265-275. https://doi.org/10.1590/2175-3539201702121113

Santos, C. C. & Ortega, A. C. (2012). Relações entre Aspectos Cognitivos e Afetivos em Idosas. SCHEME, Rev Eletrônica de psic e epistemologia genéticas, 4(1).

Schlemenson, S. (2005). Enfoque psicoanalítico del tratamiento psicopedagógico. Cadernos de Psicopedagogia, 5(9).

Schlemenson, S. (2009). La clínica en el tratamiento psicopedagógico. Buenos Aires: Paidós.

Souza, M. T. C. Intervenção psicopedagógica: como e o que planejar? In Fermino F. (Org.), Atuação Psicopedagógica e aprendizagem escolar. Petrópolis, RJ: Vozes, 1996/2005.

Souza, M. T. C., Petty, A. L., Folquitto, C. T. F., Garbarino, M. I. & Monteiro, T. A. (2014). Does playing games contribute to develop better attitudes? Psychology Research, 4(4), 301-309.

Suzuki, F. T. I., Matias, M. V., Silva, M. T. A., & Oliveira, M. P. M. T. (2009). O uso de videogames, jogos de computador e internet por uma amostra de universitários da Universidade de São Paulo. Jornal Brasileiro de Psiquiatria, 58(3), 162-168. https://doi.org/10.1590/S0047-20852009000300004

Taquet, P. (2015). Addiction au jeu video: Processus cognitifs, emotionnels et comportementaux impliqués dans son émergence, son maintien et sa prise en charge. (Tese de doutorado. Université Charles de Gaulle – Lille III, Lille).

Downloads

Publicado

2020-05-06

Como Citar

Garbarino, M. I., Costa Coelho de Souza , M. T. ., Petty, A. L., & Tarif Folquitto, C. . (2020). Jogos e intervenções grupais no atendimento de crianças com dificuldades escolares. Psico, 51(3), e30367. https://doi.org/10.15448/1980-8623.2020.3.30367

Edição

Seção

Artigos