O nascimento e a morte da “Revolução”

O discurso do Jornal do Brasil (1964-1968)

Autores

DOI:

https://doi.org/10.15448/2178-3748.2021.1.39676

Palavras-chave:

Revolução, Jornal do Brasil, Ditadura militar

Resumo

A pesquisa vigente pretende analisar os editoriais produzidos pelo Jornal do Brasil, representante da grande imprensa, entre os anos de 1964 até 1968. O objetivo é explorar as definições e as justificativas em torno do golpe civil-militar e da ditadura militar. Para isso, o estudo foca em compreender o conceito de “Revolução” registrado pelo periódico nesse contexto. Assim, se verifica que as mudanças políticas se refletem no discurso que precisa se acomodar, demonstrando sua contradição diante de um momento histórico de incertezas e instabilidades políticas. A imprensa escrita na década de 1960 exercia forte influência na sociedade e na política, dessa forma, utiliza as suas páginas para pressionar e interferir na pauta política do Governo, mas também para justificar suas posições políticas e decisões, principalmente, em 1964. Apesar da sua linha de defesa ao Governo, o periódico entende, antes mesmo da deflagração do Ato Institucional n.º 5, que a permanência de um governo militar no poder significava uma ameaça para a sua própria liberdade.

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Biografia do Autor

Dayane Cristina Guarnieri, Universidade Estadual de Londrina (UEL), Londrina, PR, Brasil.

Mestra em História pela Universidade Estadual de Londrina (UEL), em Londrina, PR, Brasil.

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Publicado

2021-07-29

Como Citar

Guarnieri, D. C. (2021). O nascimento e a morte da “Revolução”: O discurso do Jornal do Brasil (1964-1968). Oficina Do Historiador, 14(1), e39676. https://doi.org/10.15448/2178-3748.2021.1.39676

Edição

Seção

Dossiê: Mídias e História