TY - JOUR AU - Martins, Ana Claudia Aymoré AU - Rodrigues, Antonio Edmilson Martins AU - Freitas, José Marcos Paula Pessoa PY - 2023/01/16 Y2 - 2024/03/29 TI - “Nunca S. Sebastião esteve assim”: As representações de uma epidemia de varíola no conto “A peste” (1910), de João do Rio JF - Navegações JA - Navegações VL - 16 IS - 1 SE - Ensaios DO - 10.15448/1983-4276.2023.1.43689 UR - https://revistaseletronicas.pucrs.br/index.php/navegacoes/article/view/43689 SP - e43689 AB - <p>O presente artigo tem como objeto a análise das representações da epidemia de varíola que assolou a cidade do Rio de Janeiro em 1908, deixando um saldo de mais de 6.400 mortos, no conto “A peste”, de João do Rio. Exemplo do que Paes (1985) classifica como literatura-esgar de estética <em>art nouveau</em>, o conto publicado originalmente na <em>Gazeta de Notícias </em>e em seguida reunido na coletânea <em>Dentro da noite </em>(1910), tem como narrador principal o esnobe Luciano Torres, o qual relata, a um interlocutor inomeado, o trágico desenrolar da contaminação de seu amado Francisco Nogueira pela varíola<em>. </em>Partindo da premissa de que João do Rio observa o caráter de <em>ruptura epidemiológica </em>(McNEILL, 1998) em seu próprio tempo, a pestilência real transfigura-se em motivo literário significativo, pois, através das representações da peste presentes no conto, o escritor articula a doença e seus processos – difusão, contágio, isolamento, desfiguração, morte – a uma mirada crítica sobre a cidade, para além da perspectiva eufórica da modernização da <em>belle époque</em>; uma <em>visão disfórica </em>(GOMES, 1994), que lê, sob o véu do ideário do progresso, suas mazelas. Nesse sentido, “A peste” revela a condição paralisante de um <em>flâneur </em>diante da cidade vazia (MARTINS, 2021), contaminada pelo “mal das bexigas”: a São Sebastião ferida de morte, regida pelo signo assombroso de Obaluaiê e análoga à experiência catastrófica do campo de batalha.</p> ER -