TY - JOUR AU - Canilha, Samla Borges PY - 2021/12/16 Y2 - 2024/03/28 TI - Podia arredondar a boca e soprar verdades, nem por isso eu confiaria: Não confiabilidade narrativa em Oz, de Mafalda Ivo Cruz JF - Navegações JA - Navegações VL - 14 IS - 2 SE - Ensaios DO - 10.15448/1983-4276.2021.2.40885 UR - https://revistaseletronicas.pucrs.br/index.php/navegacoes/article/view/40885 SP - e40885 AB - <p>Autora de uma potente e pouco tratada obra, a portuguesa Mafalda Ivo Cruz tem uma escrita não raro considerada hermética devido à fragmentação, à não linearidade e à diversidade de vozes, muitas vezes apresentadas de forma caótica e associadas a uma ruptura espaciotemporal. Em <em>Oz </em>(2006), essas características estão a serviço de uma narrativa que trata da prisão de um artista – Oz – pelo abuso sexual de sua vizinha. A justiça do encarceramento é posta em questão, e a narrativa baseia-se nessa dúvida. Para tanto, Cruz recorre a um texto composto por diferentes perspectivas e vozes narrativas, de forma que as falhas de memória de uma personagem e os pontos omitidos são preenchidos por outras, formando um todo coeso. Isso, porém, não significa necessariamente clareza, mas pelo contrário: temos que tentar, sozinhos, organizar o caos em que nos colocados. Resolver o mote da narrativa, acaba, assim, ultrapassando a simples descoberta do culpado, principalmente porque somos guiados nessa investigação por vozes que não sabemos se confiáveis – incluindo, aliás, um possível criminoso. Com isso, a rede estética em que Cruz nos enreda acaba mostrando-se muito mais importante que a resolução da investigação criminosa.</p> ER -