John Rawls Refutou o Intuicionismo?
DOI:
https://doi.org/10.15448/1984-6746.2024.1.45448Palavras-chave:
promessas, intuicionismo, princípio da equidade, John RawlsResumo
Em Uma Teoria da Justiça, John Rawls explicou o intuicionismo como a doutrina que professa o pluralismo irredutível de princípios morais, princípios estes cujos conflitos não poderiam ser resolvidos de maneira principiológica. Segundo Rawls, não se pode oferecer um argumento abstrato que prove que o pluralismo moral é falso. Mas seria possível mostrarmos aquilo que o intuicionista nega existir: o princípio moral mais fundamental, que sistematiza nossas obrigações morais. Este princípio, de acordo com Rawls, seria o princípio da equidade. Neste artigo, eu argumento que Rawls fracassa diante dos intuicionistas. Meus argumentos se valem de uma análise da aplicabilidade do princípio da equidade ao caso das promessas. Primeiro, eu defendo que o princípio da equidade só poderia explicar obrigações morais em geral se ele pudesse conter em sua fórmula um caso paradigmático das obrigações que ele pretende explicar: justamente as obrigações promissórias. Depois, eu procuro mostrar que as mesmas obrigações promissórias contêm um traço essencial que o princípio da equidade não seria capaz de explicar, mesmo que pudesse explicar obrigações morais em geral: o caráter especial das obrigações para com os destinatários das promessas. No primeiro ponto, a minha investigação expande as críticas de Robert Nozick a uma versão do princípio da equidade apresentada por H.L.A. Hart. No segundo, eu desenvolvo objeções feitas por Stephen Darwall contra a teoria prática das promessas, incluindo a teoria de John Rawls.Downloads
Referências
ANSCOMBE, G. E. M. Rules, Rights, and Promises. Midwest Studies in Philosophy, Barcelona, v. 3, p. 318–323, 1978.
DARWALL, S. Demystifying Promises. In: SHEINMAN, H. (Ed.). Promises and Agreements: Philosophical essays. Oxford: Oxford University Press, p. 255–276, 2011.
DOWNIE, R. S. Three Accounts of Promising. The Philosophical Quarterly, Oxford, v. 35, n. 140, p. 259, jul. 1985.
GILBERT, M. Scanlon on Promissory Obligation: The Problem of Promisees’ Rights. The Journal of Philosophy, New York, v. 101, n. 2, p. 83–109, fev. 2004.
GILBERT, M. Three Dogmas about Promising. In: SHEINMAN, H. (Ed.). Promises and Agreements: Philosophical essays. Oxford: Oxford University Press, p. 80–108, 2011.
HART, H. L. A. Are There Any Natural Rights? The Philosophical Review, Durham, v. 64, n. 2, p. 175–191, abr. 1955.
HOOKER, B. Ideal Code, Real World: a rule-consequentialist theory of morality. Oxford: Oxford University Press, 2000.
HOOKER, B. Promises and Rule-Consequentialism. In: SHEINMAN, Hanoch (ed.). Promises and Agreements: Philosophical Essays. Oxford: Oxford University Press, p. 237–254, 2011.
HUME, D. A Treatise of Human Nature. Oxford: Clarendon Press, 1888.
KOLODNY, N.; WALLACE, R. J. Promises and Practices Revisited. Philosophy and Public Affairs, New Jersey, v. 31, n. 2, p. 119–154, abr. 2003.
MACCORMICK, N.; RAZ, J. Voluntary Obligations, and Normative Powers. Proceedings of the Aristotelian Society, Oxford, v. 46, p. 59–102, 1972.
MASON, E. We Make No Promises. Philosophical Studies, Groningen, v. 123, n. 1–2, p. 33–46, mar. 2005.
MCNEILLY, F. S. Promises De-Moralized. The Philosophical Review, Durham, v. 81, n. 1, p. 63–81, jan. 1972.
NORCROSS, A. Act-utilitarianism and Promissory Obligation. In: SHEINMAN, H. (Ed.). Promises and Agreements: philosophical essays. Oxford: Oxford University Press, p. 217–236, 2011.
NOZICK, R. Anarchy, State, and Utopia. New York: Basic Books, 1974.
OWENS, D. A Simple Theory of Promising. The Philosophical Review, Durham, v. 115, n. 1, p. 51–77, 1 jan. 2006.
OWENS, D. Duress, Deception, and the Validity of a Promise. Mind, London, v. 116, n. 462, p. 293–315, 2007.
OWENS, D. Rationalism about Obligation. European Journal of Philosophy, New York, v. 16, n. 3, p. 403–431, dez. 2008.
OWENS, D. The Problem with Promising. In: SHEINMAN, H. (Ed.). Promises and Agreements: philosophical essays. Oxford: Oxford University Press, p. 58–79, 2011.
PRICHARD, H. A. The Obligation to Keep a Promise. In: MACADAM, J. (Ed.). Moral Writings. Oxford: Oxford University Press, p. 257–265, 2002.
RAWLS, J. Two Concepts of Rules. The Philosophical Review, Durham, v. 64, n. 1, p. 3–32, jan. 1955.
RAWLS, J. Uma Teoria da Justiça. São Paulo: Martins Fontes, 1997.
RAWLS, J. A Theory of Justice (Revised edition). Cambridge, Mass: Belknap Press of Harvard University Press, 1999.
RAZ, J. Promises and Obligations. In: HACKER, P. M. S.; RAZ, J. (Eds.). Law, Morality, and Society: essays in honor of H.L.A. Hart. Oxford: Clarendon Press, p. 210–228, 1977.
RAZ, J. Promises in Morality and Law—Harvard Law Review, Cambridge, v. 95, p. 916–938, 1982.
RAZ, J. Is There a Reason to Keep a Promise? In: KLASS, G.; LETSAS, G.; SAPRAI, P. (Eds.). Philosophical Foundations of Contract Law. Oxford: Oxford University Press, p. 58-77, 2014.
RAZ, J. Normative Powers. In: HEUER, U. (ed.). The Roots of Normativity. Oxford: Oxford University Press, p. 162–178, 2022.
REGAN, D. H. Law’s Halo. Social Philosophy and Policy, Cambridge, v. 4, n. 1, p. 15–30, 1986.
SCANLON, T. Promises and Practices. Philosophy & Public Affairs, New Jersey, v. 19, n. 3, p. 199–226, 1990.
SCANLON, T. What We Owe to Each Other. Cambridge, Mass: Belknap Press of Harvard University Press, 1998.
SEARLE, J. R. Rationality in Action. Cambridge, Massachusetts: MIT Press, 2001.
SHIFFRIN, S. V. Promising, Intimate Relationships, and Conventionalism. The Philosophical Review, Durham, v. 117, n. 4, p. 481–524, 1 out. 2008.
SIDGWICK, H. The Methods of Ethics. 7. ed. London: Palgrave Macmillan Limited, 1962.
THOMSON, J. J. The Realm of Rights. Cambridge, Massachusetts; London, England: Harvard University Press, 1990.
TOGNAZZINI, N. A. The Hybrid Nature of Promissory Obligation. Philosophy & Public Affairs, New Jersey, v. 35, n. 3, p. 203–232, jun. 2007.
WATSON, G. Promises, Reasons, and Normative Powers. In: SOBEL, D.; WALL, S. (Eds.). Reasons for Action. Cambridge: Cambridge University Press, p. 155–178, 2009.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2024 Veritas (Porto Alegre)
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Direitos Autorais
A submissão de originais para a Revista Veritas implica na transferência, pelos autores, dos direitos de publicação. Os direitos autorais para os artigos publicados nesta revista são do autor, com direitos da revista sobre a primeira publicação. Os autores somente poderão utilizar os mesmos resultados em outras publicações indicando claramente a Revista Veritas como o meio da publicação original.
Licença Creative Commons
Exceto onde especificado diferentemente, aplicam-se à matéria publicada neste periódico os termos de uma licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional, que permite o uso irrestrito, a distribuição e a reprodução em qualquer meio desde que a publicação original seja corretamente citada. Copyright: © 2006-2020 EDIPUCRS