A personagem de autoficção: anotações de uma hipótese para textos futuros

Autores

  • Renato Prelorentzou Universidade de São Paulo

DOI:

https://doi.org/10.15448/1984-7726.2017.2.26080

Palavras-chave:

Autoficção, Romance, Personagem, Narrador

Resumo

Este artigo tem o estranho intento de reunir algumas ideias iniciais para futuras abordagens sobre o fenômeno da autoficção. Sem desconsiderar o longo e polêmico debate em torno do termo, procura analisá-lo a partir da leitura do clássico A personagem de ficção e da ideia de insuficiência do conceito de fiction tal como proposto por Catherine Gallagher (2009). A maior tentativa é sugerir que o pacto ficcional forte e inequívoco que o romance firmou talvez seja uma exceção na história da literatura e que o pacto ambíguo que a autoficção agora propõe talvez seja uma espécie de reedição da instabilidade ontológica que foi suprimida pelo romance tradicional.

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Biografia do Autor

Renato Prelorentzou, Universidade de São Paulo

É historiador, crítico literário, tradutor e ghostwriter, doutorando em Teoria Literária e Literatura Comparada pela Universidade de São Paulo, onde realiza uma pesquisa acerca das relações entre história e ficção, com ênfase no estudo dos procedimentos narrativos mobilizados pela historiografia, pelo romance, pela autobiografia, pela autoficção e pela própria escrita acadêmica no cenário contemporâneo. É mestre em História Social pelo Departamento de História da Universidade de São Paulo (2008), onde realizou uma pesquisa sobre literatura latino-americana e teoria da história contemporâneas. É graduado e licenciado em História pela mesma universidade (2004).

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Publicado

2017-11-22

Como Citar

Prelorentzou, R. (2017). A personagem de autoficção: anotações de uma hipótese para textos futuros. Letras De Hoje, 52(2), 214–232. https://doi.org/10.15448/1984-7726.2017.2.26080