Adesão a terapia antiretroviral de crianças e adolescentes vivendo com HIV

Autores

  • Sandra Trevisan Beck Universidade Federal de Santa Maria
  • Laura Vielmo Universidade Federal de Santa Maria
  • Carolina Quintana Castro Universidade Federal de Santa Maria
  • Angélica Rosa Lubini Universidade Federal de Santa Maria
  • Marina Zankoski Universidade Federal de Santa Maria
  • Juliana dos Santos de Oliveira Universidade Federal de Santa Maria

DOI:

https://doi.org/10.15448/1983-652X.2017.3.25282

Palavras-chave:

adesão à medicação, HIV, criança, adolescente.

Resumo

Objetivo: Descrever a adesão de crianças e adolescentes à terapia antirretroviral (TARV) para HIV atendidos em Unidade dispensadora de medicamentos de um hospital público situado na região central do Rio Grande do Sul.
Materiais e Métodos: A adesão a TARV foi estratificada em três níveis: alta, regular e baixa adesão, de acordo com a frequência de retirada de medicamentos durante tratamento de 66 pacientes menores de 18 anos, que receberam a forma farmacêutica líquida ou sólida, no período de janeiro a dezembro de 2015. Foi verificada a idade, forma de infecção, cuidador responsável e nível da carga viral ao final do período. Os dados foram obtidos através dos registros do sistema de controle e logística de medicamentos e prontuários clínicos. Utilizou-se estatística descritiva e o estudo foi aprovado (CAAE 47638515.3.0000.5346).
Resultados: A média de idade foi de 12 anos. Os pais (77%) são os principais cuidadores responsáveis pelo tratamento. Entre os pacientes que fizeram uso da TARV na forma sólida 36% apresentaram alta adesão, 36% foram considerados com adesão regular e 28% baixa adesão ao tratamento. Apenas 46% mantiveram a carga viral em nível indetectável. Entre os 16 pacientes recebendo a forma farmacêutica líquida 56,2% apresentaram alta adesão, 31,3% adesão regular e 12,5% baixa adesão, sendo que 87,5% apresentaram níveis da última carga viral do período estudado em valores indetectáveis.
Conclusão: A adesão à TARV é melhor entre crianças que entre adolescentes, sendo necessário acompanhamento direto para cumprimento da ingestão diária dos medicamentos, com maior comprometimento e conscientização dos cuidadores.

Biografia do Autor

Sandra Trevisan Beck, Universidade Federal de Santa Maria

Prof Dra do Curso de Farmácia

Departamento de Análises Clínicas e Toxicológicas

Laura Vielmo, Universidade Federal de Santa Maria

Farmacêutica

Hospital Universitário de Santa Maria

Carolina Quintana Castro, Universidade Federal de Santa Maria

Acadêmica

Curso de Farmácia

Angélica Rosa Lubini, Universidade Federal de Santa Maria

Acadêmica

Curso de Farmácia

Marina Zankoski, Universidade Federal de Santa Maria

Acadêmica

Curso de Farmácia

Juliana dos Santos de Oliveira, Universidade Federal de Santa Maria

Farmacêutica

Hospital Universitário de Santa Maria

Residência Multiprofissional Integrada em Sistema Público de Saúde, Hospital Universitário de Santa Maria

Referências

Boletim Epidemiológico de AIDS e DST [Internet]. 2014 Dez [capturado 2015 Abr 18];2(1). Disponível em: http://www.aids.gov. br/sites/default/files/anexos/publicacao/2014/56677/boletim_2014_ final_pdf_15565.pdf

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de DST, AIDS e Hepatites Virais. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Manejo da Infecção pelo HIV em Crianças e Adolescentes [Internet]. Brasília: Ministério da Saúde; 2014 [capturado 2016 Abr 24]. Disponível em: http://www.aids.gov. br/sites/default/files/anexos/publicacao/2014/55939/08_05_2014_

protocolo_pediatrico_pdf_36225.pdf

Manfredi R, Sabbatani S, Calza L. Antiretroviral therapy voluntarily taken at half-dosage, but fully effective after 6-10 years: a provocative issue for adherence requirements: case report. Curr HIV Res. 2008;6(2):171-2. https://doi.org/10.2174/157016208783884976

Camargo LA, Capitão CG, Filipe EMV. Mental health, family support and treatment adherence: associations in the context of HIV/Aids. Psico-USF. 2014;19(2):221-32. https://doi.org/10.1590/1413-82712014019002013

Rossi OS, Pereira PPG. O remédio é o menor dos problemas: seguindo redes na adesão ao tratamento de AIDS. Saúde Soc. 2014;23(2):484-95.

Johnson CJ, Heckman TG, Hansen NB, Kochman A, Sikkema KJ. Adherence to antiretroviral medication in older adults living with HIV/AIDS: a comparison of alternative models. AIDS Care. 2009;21(5):541-51. https://doi.org/10.1080/09540120802385611

Remor E, Moskovics JM, Preussler G. Adaptação brasileira do “cuestionario para La evaluación de laadhesión al tratamientoantiretroviral”. Rev Saude Publica. 2007;41(5):685-94. https://doi.org/10.1590/S0034-89102006005000043

UNAIDS. 2013 Progress report on the global plan towards the elimination of new HIV infections among children and keeping their mothers alive [Internet]. Geneva; 2013 [capturado 2017 Abr]. Disponível em: http://www.unaids.org/en/media/unaids/contentassets/documents/unaidspublication/2013/20130625_progress_global_plan_en.pdf

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Programa Nacional de DST e AIDS. Recomendações para terapia antirretroviral em crianças e adolescentes infectados pelo HIV [Internet]. Brasília: Ministério da Saúde; 2009 [capturado 2016 Mar 10]. Disponível em: http://www.aids.gov.br/sites/default/files/consenso_pediatrico.pdf

Richardson BA, Mbori-Ngacha D, Lavreys L, John-Stewart GC, Nduati R, Panteleeff DD, Emery S, Kreiss JK, Overbaugh J. Comparison of human immunodeficiency virus type 1 viral loads in Kenyan women, men, and infants during primary and early infection. J Virol. 2003;77(12):7120-3. https://doi.org/10.1128/JVI.77.12.7120- 7123.2003

Shearer WT, Quinn TC, LaRussa P, Lew JF, Mofenson L, Almy S, Rich K, Handelsman E, Diaz C, Pagano M, Smeriglio V, Kalish LA. Viral load and disease progression in infants infected with human immunodeficiency virus type 1. Women and Infants Transmission Study Group. N Engl J Med. 1997;336(19):1337-42. https://doi.org/10.1056/NEJM199705083361901

Persaud D, Patel K, Karalius B, Rainwater-Lovett K, Ziemniak C, Ellis A, Chen YH, Richman D, Siberry GK, Van Dyke RB, Burchett S, Seage GR 3rd, Luzuriaga K; Pediatric HIV/AIDS Cohort Study. Influence of age at virologic control on peripheral blood human immunodeficiency virus reservoir size and serostatus in perinatally infected adolescents. JAMA Pediatr. 2014;168 (12):1138-46. https://doi.org/10.1001/jamapediatrics.2014. 1560

Goulder PJ, Lewin SR, Leitman EM. Paediatric HIV infection: the potential for cure. Nat Rev Immunol. 2016;16(4):259-71. https://doi.org/10.1038/nri.2016.19

Salles CMB, Ferreira EAP, Seidl EMF. Adesão ao tratamento por cuidadores de crianças e adolescentes soropositivos para o HIV. Psic Teor e Pesq. 2011;27(4):499-506. https://doi.org/10.1590/S0102-37722011000400014

Kourrouski MFC, Lima RAG. Adesão ao tratamento: Vivências de adolescentes com HIV/AIDS. Rev Latino-am Enfermagem. 2009;17(6):947-52. https://doi.org/10.1590/S0104-11692009000600004

Guerra CPP, Seidl E M F. Crianças e adolescentes com HIV/Aids: revisão de estudos sobre revelação do diagnóstico, adesão e estigma. Paideia. 2009;19(42):59-65. https://doi.org/10.1590/s0103-863x2009000100008

Mellins CA, Brackis-Cott E, Dolezal C, Abrams EJ. The role of psychosocial and family factors in adherence to antiretroviral treatment in human immunodeficiency virus-infected children. Pediatr Infect Dis J. 2004;23(11):1035-41. https://doi.org/10.1097/01.inf.0000143646.15240.ac

Kahana SY, Rohan J, Allison S, Frazier TW, Drotar D. A meta- -analysis of adherence to antiretroviral therapy and virologic responses in HIV-infected children, adolescents, and young adults. AIDS Behav. 2013;17(1):41-60. https://doi.org/10.1007/s10461-012-0159-4

Ernesto AS, Lemos RM, Huehara MI, Morcillo AM, Dos Santos Vilela MM, Silva MT. Usefulness of pharmacy dispensing records in the evaluation of adherence to antiretroviral therapy in Brazilian children and adolescents. Braz J Infect Dis. 2012;16(4):315-20.

https://doi.org/10.1016/j.bjid.2012.06.006

Brasil. Ministério da Saúde. Nota Técnica nº 208/2009 [Internet]. Orientações para abordagem consentida, alerta de má adesão aos antirretrovirais e critério de abandono ao tratamento. [capturado 2016 Jul]. Disponível em: http://www.aids.gov.br/legislacao/2012/51065

Cruz ML, Cardoso CA, Darmont MQ, Souza E, Andrade SD, D’Al Fabbro MM, Fonseca R, Bellido JG, Monteiro SS, Bastos FI. Viral suppression and adherence among HIV-infected children and adolescents on antiretroviral therapy: results of a multicenter study. J Pediatr (Rio J). 2014;90(6):563-71. https://doi.org/10.1016/j. jped.2014.04.007

Salou M, Dagnra AY, Butel C, Vidal N, Serrano L, Takassi E, Konou AA, Houndenou S, Dapam N, Singo-Tokofaï A, Pitche P, Atakouma Y, Prince-

David M, Delaporte E, Peeters M. High rates of virological failure and drug resistance in perinatally HIV-1-infected children and adolescents receiving lifelong antiretroviral therapy in routine clinics in Togo. J Int AIDS Soc. 2016;19(1):20683. https://doi.org/10.7448/IAS.19.1.20683

Desai N, Mathur M. Selective transmission of multidrug resistant HIV to a new born related to poor maternal adherence. Sex Transm Infect. 2003;79(5):419-21. https://doi.org/10.1136/sti.79.5.419

Huerta -García G, Vazquez-Rosales JG, Mata-Marín JA, Peregrino- Bejarano L, Flores-Ruiz E, Solórzano-Santos F. Genotype-guided antiretroviral regimens in children with multidrug-resistant HIV-1 infection. Pediatr Res. 2016;80(1):54-9. https://doi.org/10.1038/pr.2016.53

Downloads

Publicado

2017-07-27

Edição

Seção

Artigos Originais