Análise da relação entre sintomas urinários e topografia da lesão cerebral em pacientes com acidente vascular cerebral

Autores

  • Viliane Lourdes Banaszeski Rede SARAH de Hospitais de Reabilitação, Belo Horizonte, Brasil.
  • Paulo Pereira Christo Professor da pós-graduação da Santa Casa de Belo Horizonte.

DOI:

https://doi.org/10.15448/1983-652X.2018.1.26335

Palavras-chave:

acidente vascular cerebral, transtornos urinários, lesões cerebrais.

Resumo

Objetivo: Analisar a relação entre a topografia da lesão cerebral e disfunção vesical em pacientes com acidente vascular cerebral (AVC) isquêmico e hemorrágico comparando a região cerebral afetada com os sintomas do trato urinário inferior (STUI).

Materiais e Métodos: Estudo retrospectivo, desenvolvido no Hospital da Rede SARAH de Neurorreabilitação, Brasil, com 132 pacientes com AVC crônico atendidos no programa de reabilitação neurológica adulto, no período de janeiro de 2008 a dezembro de 2011.

Resultados: Cento e seis pacientes (80,3%) apresentaram sequela de acidente vascular cerebral isquêmico e 26 (19,7%) acidente vascular cerebral hemorrágico. A média de idade foi de 56±13,1 anos e o tempo médio da ocorrência do AVC foi de 21,4 meses. Em relação ao comportamento miccional, 35,6% (n=47) eram continentes vesicais, 45,5% (n=60) com sintomas do trato urinário inferior, e 18,9% (n=25) com incontinência urinária contínua. Observou-se que na ocorrência de lesões extensas acometendo a área frontal parietal-temporal-occiptal (p=0,001), alterações cognitivas (p=0,001) e afasia (p=0,001) houve relação estatística significativa com a presença de incontinência urinária contínua nestes pacientes. Nos pacientes com lesão fronto-parietal houve associação com o sintoma urgência (p=0,050), urgeincontinência urinária (p=0,042), incontinência urinária de esforço (p=0,019) e polaciúria (p=0,042).

Conclusão: Segundo a amostra estudada, observamos que alterações cognitivas e afasia tiveram correlação com a incontinência urinária contínua. Em relação a topografia de lesão cerebral houve associação entre lesões em região fronto-parietal com os sintomas de urgência, urgeincontinência, incontinência de esforço e polaciúria; e na ocorrência de lesão cerebral extensa houve prevalência de incontinência urinária contínua.

Biografia do Autor

Viliane Lourdes Banaszeski, Rede SARAH de Hospitais de Reabilitação, Belo Horizonte, Brasil.

Atualmente trabalho na Rede Sarah de Hospitais de Reabilitação.

Paulo Pereira Christo, Professor da pós-graduação da Santa Casa de Belo Horizonte.

Possui graduação em Medicina pela Universidade Federal de Minas Gerais (1993) e doutorado em Neurologia pela Universidade de São Paulo (2005). Atualmente professor adjunto do Centro Univesitário de Belo Horizonte, membro de câmara técnica do Conselho Regional de Medicina de Minas Gerais, médico neurologista do Hospital Eduardo de Menezes, médico neurologista do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais, médico neurologista - Santa Casa de Belo Horizonte e docente pesquisador - Santa Casa de Belo Horizonte

Referências

Sacco RL, Kasner SE, Broderick JP, Caplan LR, Connors JJ, Culebras A, Elkind MS, George MG, Hamdan AD, Higashida RT, Hoh BL, Janis LS, Kase CS, Kleindorfer DO, Lee JM, Moseley ME, Peterson ED, Turan TN, Valderrama AL, Vinters HV; American Heart Association Stroke Council, Council on Cardiovascular Surgery and Anesthesia; Council on Cardiovascular Radiology and Intervention; Council on Cardiovascular and Stroke Nursing; Council on Epidemiology and Prevention; Council on Peripheral Vascular Disease; Council on Nutrition, Physical Activity and Metabolism. An updated definition of stroke for the 21st century: a statement for healthcare professionals from the American Heart Association/American Stroke Association. Stroke 2013;44(7):2064-89. https://doi.org/10.1161/STR.0b013e318296aeca

Natsume O. Detrusor contractility and overactive bladder in patients with cerebrovascular accident. Int J Urol. 2008;15(6):505-10.

https://doi.org/10.1111/j.1442-2042.2008.02045.x

Han KS, Heo SH, Lee SJ, Jeon SH, Yoo KH. Comparison of urodynamics between ischemic and hemorrhagic stroke patients: can we suggest the category of urinary dysfunction in patients with cerebrovascular accident according to type of stroke? Neurourol Urodyn. 2010;29(3):387-90. https://doi.org/10.1002/nau.20708

Brittain KR, Perry SI, Peet SM, Shaw C, Dallosso H, Assassa RP, Williams K, Jagger C, Potter JF, Castleden CM. Prevalence and impact of urinary symptoms among community-dwelling stroke survivors. Stroke. 2000;31(4):886-91. https://doi.org/10.1161/01.STR.31.4.886

Abrams P, Cardozo L, Fall M, Griffiths D, Rosier P, Ulmsten U, van Kerrebroeck P, Victor A, Wein A; Standardisation Sub-committee of the International Continence Society. The standardisation of terminology of lower urinary tract function. Neurourol Urodyn. 2002;21(2):167-78. https://doi.org/10.1002/nau.10052

Fowler CJ. Neurological disorders of micturition and their treatment. Brain. 1999;122(Pt 7):1213-31. https://doi.org/10.1093/brain/122.7.1213

Ji Li W, Oh SJ. Management of lower urinary tract dysfunction in patients with neurological disorders. Korean J Urol. 2012 Sep;53(9):583-92. https://doi.org/10.4111/kju.2012.53.9.583

Olsen-Vetland P. Urinary continence after a cerebrovascular accident. Nurs Stand. 2003;17(39):37-41. https://doi.org/10.7748/ns.17.39.37.s46

Pilcher M, MacArthur J. Patient experiences of bladder problems following stroke. Nurs Stand. 2012;26(36):39-46. https://doi.org/10.7748/ns2012.05.26.36.39.c9087

Marques LP, Schneider IJC, Giehl MWC, Antes DL, d'OrsiI E. Fatores demográficos, condições de saúde e hábitos de vida associados à incontinência urinária em idosos de Florianópolis, Santa Catarina. Rev Bras Epidemiol. 2015;18(3):595-606. https://doi.org/10.1590/1980-5497201500030006

Pitangui ACR, Silva RG da, Araújo RC de. Prevalência e impacto da incontinência urinária na qualidade de vida de idosas institucionalizadas. Rev Bras Geriatr Gerontol. 2012;15:619-26. https://doi.org/10.1590/S1809-98232012000400002

Neves RCS. Incidência e fatores de risco de bexiga hiperativa em adultos: resultados de um estudo prospectivo de base populacional [Internet]. 2010 [capturado 2017 Jul 4] Disponível em: http://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/4312

Datasus. Classificação estatística internacional de doenças e problemas relacionados à saúde [Internet]. 2008. Disponível em:

http://www.datasus.gov.br/cid10/V2008/cid10.htm

Green JB. Brain reorganization after stroke. Top Stroke Rehabil. 2003; 10(3):1-20. https://doi.org/10.1310/H65X-23HW-QL1G-KTNQ

Scarpa KP, Herrmann V, Palma PCR, Riccetto CLZ, Morais SS. Sintomas urinários irritativos após o parto vaginal ou cesárea. Rev Assoc Med Bras. 2009;55(4):416-20. https://doi.org/10.1590/S0104-42302009000400016

Tanagho EA, Mcaninch JW. Urologia geral de Smith. 16º ed. Barueri: Manole; 2007, 860 p.

Estatuto da criança e do adolescente. Lei nº 8.069, 13 de julho de 1990, e legislação correlate [Internet]. 9ª ed. Biblioteca Digital da Câmara dos Deputados. Central de Documentação e Informação. Coordenação de Biblioteca. 2012. Disponível em: http://bd.camara.gov.br

Cohen JA. A power primer. Psychol Bull. 1992;112(1):155-9. https://doi.org/10.1037/0033-2909.112.1.155

Gupta A, Taly AB, Srivastava A, Thyloth M. Urodynamics post stroke in patients with urinary incontinence: Is there correlation between bladder type and site of lesion? Ann Indian Acad Neurol. 2009 Apr;12(2):104-7. https://doi.org/10.4103/0972-2327.53078

Gelber D, Good D, Laven L, Verhulst S. Causes of urinary incontinence after acute hemispheric stroke. Stroke. 1993;24(3):378-82. https://doi.org/10.1161/01.STR.24.3.378

McKenzie P, Gopal BH. The incidence and etiology of overactive bladder in patients after cerebrovascular accident. Curr Urol Rep. 2012;13(5):402-6. https://doi.org/10.1007/s11934-012-0269-6

Pizzi A, Falsini C, Martini M, Rossetti A M, Verdesca S, Tosto A. Urinary incontinence after ischemic stroke: clinical and urodynamic studies. Neurourol Urodyn. 2014 Apr;33(4):420-5. https://doi.org/10.1002/nau.22420

Sogari P, Dambroa M, Souto CA. Avaliação urodinâmica do homem com obstrução não neurogênica do trato urinário inferior. Rev AMRIGS. 2000;44(34):159-63.

Chen YC, Liao YM, Kuo HC. Lower urinary tract dysfunction in stroke patients. JUTA. 2007;18:147-50.

Ersoz M, Tunc H, Ozel SM. Bladder storage and emptying disorder frequencies in hemorrhagic and ischemic stroke patients with bladder dysfunction. Cerebrovasc Dis. 2005;20(5):395-9. https://doi.org/10.1159/000088670

Meng NH, Lo SF, Chou LW, Yang PY, Chang CH, Chou ECL. Incomplete bladder emptying in patients with stroke: is detrusor external sphincter dyssynergia a potential cause? Arch Phys Med Rehabil. 2010 Jul;91(7):1105-9. https://doi.org/10.1016/j.apmr.2010.03.017

SBU: Sociedade Brasileira de Urologia. Disfunções miccionais em doenças neurológicas:infecciosas-inflamatórias-degenerativas. Brasília: AMB-CFM; 2006.

Sakakibara R, Uchida Y, Ishii K, Kazui H, Hashimoto M, Ishikawa M, Yuasa T, Kishi M, Ogawa E, Tateno F, Uchiyama T, Yamamoto T, Yamanishi T, Terada H; SINPHONI (Study of Idiopathic Normal Pressure Hydrocephalus On Neurological Improvement). Correlation of right frontal hypoperfusion and urinary dysfunction in iNPH: a SPECT study. Neurourol Urodyn. 2012;31(1):50-5. https://doi.org/10.1002/nau.21222

Haines DE. Neurociência fundamental: com aplicações básicas e clínicas. 3ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier; 2006, 653 p.

Pettersen R, Haig Y, Nakstad PH, Wyller TB. Subtypes of urinary incontinence after stroke: relation to size and location of cerebrovascular damage. Age Ageing. 2008;37(3):324-7. https://doi.org/10.1093/ageing/afm196

Barata HS, Carvalhal GF. Urologia: princípios e praticas. Porto Alegre: Artmed; 1999.

Zhang H, Reitz A, Kollias S, Summers P, Curt A, Schurch B. An fMRI study of the role of suprapontine brain structures in the voluntary voiding control induced by pelvic floor contraction. Neuroimage. 2005;24(1):174-80. https://doi.org/10.1016/j.neuroimage.2004.08.027

Downloads

Publicado

2018-04-17

Edição

Seção

Artigos Originais