Adesão a terapia antiretroviral de crianças e adolescentes vivendo com HIV
DOI:
https://doi.org/10.15448/1983-652X.2017.3.25282Palavras-chave:
adesão à medicação, HIV, criança, adolescente.Resumo
Objetivo: Descrever a adesão de crianças e adolescentes à terapia antirretroviral (TARV) para HIV atendidos em Unidade dispensadora de medicamentos de um hospital público situado na região central do Rio Grande do Sul.
Materiais e Métodos: A adesão a TARV foi estratificada em três níveis: alta, regular e baixa adesão, de acordo com a frequência de retirada de medicamentos durante tratamento de 66 pacientes menores de 18 anos, que receberam a forma farmacêutica líquida ou sólida, no período de janeiro a dezembro de 2015. Foi verificada a idade, forma de infecção, cuidador responsável e nível da carga viral ao final do período. Os dados foram obtidos através dos registros do sistema de controle e logística de medicamentos e prontuários clínicos. Utilizou-se estatística descritiva e o estudo foi aprovado (CAAE 47638515.3.0000.5346).
Resultados: A média de idade foi de 12 anos. Os pais (77%) são os principais cuidadores responsáveis pelo tratamento. Entre os pacientes que fizeram uso da TARV na forma sólida 36% apresentaram alta adesão, 36% foram considerados com adesão regular e 28% baixa adesão ao tratamento. Apenas 46% mantiveram a carga viral em nível indetectável. Entre os 16 pacientes recebendo a forma farmacêutica líquida 56,2% apresentaram alta adesão, 31,3% adesão regular e 12,5% baixa adesão, sendo que 87,5% apresentaram níveis da última carga viral do período estudado em valores indetectáveis.
Conclusão: A adesão à TARV é melhor entre crianças que entre adolescentes, sendo necessário acompanhamento direto para cumprimento da ingestão diária dos medicamentos, com maior comprometimento e conscientização dos cuidadores.
Referências
Boletim Epidemiológico de AIDS e DST [Internet]. 2014 Dez [capturado 2015 Abr 18];2(1). Disponível em: http://www.aids.gov. br/sites/default/files/anexos/publicacao/2014/56677/boletim_2014_ final_pdf_15565.pdf
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de DST, AIDS e Hepatites Virais. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Manejo da Infecção pelo HIV em Crianças e Adolescentes [Internet]. Brasília: Ministério da Saúde; 2014 [capturado 2016 Abr 24]. Disponível em: http://www.aids.gov. br/sites/default/files/anexos/publicacao/2014/55939/08_05_2014_
protocolo_pediatrico_pdf_36225.pdf
Manfredi R, Sabbatani S, Calza L. Antiretroviral therapy voluntarily taken at half-dosage, but fully effective after 6-10 years: a provocative issue for adherence requirements: case report. Curr HIV Res. 2008;6(2):171-2. https://doi.org/10.2174/157016208783884976
Camargo LA, Capitão CG, Filipe EMV. Mental health, family support and treatment adherence: associations in the context of HIV/Aids. Psico-USF. 2014;19(2):221-32. https://doi.org/10.1590/1413-82712014019002013
Rossi OS, Pereira PPG. O remédio é o menor dos problemas: seguindo redes na adesão ao tratamento de AIDS. Saúde Soc. 2014;23(2):484-95.
Johnson CJ, Heckman TG, Hansen NB, Kochman A, Sikkema KJ. Adherence to antiretroviral medication in older adults living with HIV/AIDS: a comparison of alternative models. AIDS Care. 2009;21(5):541-51. https://doi.org/10.1080/09540120802385611
Remor E, Moskovics JM, Preussler G. Adaptação brasileira do “cuestionario para La evaluación de laadhesión al tratamientoantiretroviral”. Rev Saude Publica. 2007;41(5):685-94. https://doi.org/10.1590/S0034-89102006005000043
UNAIDS. 2013 Progress report on the global plan towards the elimination of new HIV infections among children and keeping their mothers alive [Internet]. Geneva; 2013 [capturado 2017 Abr]. Disponível em: http://www.unaids.org/en/media/unaids/contentassets/documents/unaidspublication/2013/20130625_progress_global_plan_en.pdf
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Programa Nacional de DST e AIDS. Recomendações para terapia antirretroviral em crianças e adolescentes infectados pelo HIV [Internet]. Brasília: Ministério da Saúde; 2009 [capturado 2016 Mar 10]. Disponível em: http://www.aids.gov.br/sites/default/files/consenso_pediatrico.pdf
Richardson BA, Mbori-Ngacha D, Lavreys L, John-Stewart GC, Nduati R, Panteleeff DD, Emery S, Kreiss JK, Overbaugh J. Comparison of human immunodeficiency virus type 1 viral loads in Kenyan women, men, and infants during primary and early infection. J Virol. 2003;77(12):7120-3. https://doi.org/10.1128/JVI.77.12.7120- 7123.2003
Shearer WT, Quinn TC, LaRussa P, Lew JF, Mofenson L, Almy S, Rich K, Handelsman E, Diaz C, Pagano M, Smeriglio V, Kalish LA. Viral load and disease progression in infants infected with human immunodeficiency virus type 1. Women and Infants Transmission Study Group. N Engl J Med. 1997;336(19):1337-42. https://doi.org/10.1056/NEJM199705083361901
Persaud D, Patel K, Karalius B, Rainwater-Lovett K, Ziemniak C, Ellis A, Chen YH, Richman D, Siberry GK, Van Dyke RB, Burchett S, Seage GR 3rd, Luzuriaga K; Pediatric HIV/AIDS Cohort Study. Influence of age at virologic control on peripheral blood human immunodeficiency virus reservoir size and serostatus in perinatally infected adolescents. JAMA Pediatr. 2014;168 (12):1138-46. https://doi.org/10.1001/jamapediatrics.2014. 1560
Goulder PJ, Lewin SR, Leitman EM. Paediatric HIV infection: the potential for cure. Nat Rev Immunol. 2016;16(4):259-71. https://doi.org/10.1038/nri.2016.19
Salles CMB, Ferreira EAP, Seidl EMF. Adesão ao tratamento por cuidadores de crianças e adolescentes soropositivos para o HIV. Psic Teor e Pesq. 2011;27(4):499-506. https://doi.org/10.1590/S0102-37722011000400014
Kourrouski MFC, Lima RAG. Adesão ao tratamento: Vivências de adolescentes com HIV/AIDS. Rev Latino-am Enfermagem. 2009;17(6):947-52. https://doi.org/10.1590/S0104-11692009000600004
Guerra CPP, Seidl E M F. Crianças e adolescentes com HIV/Aids: revisão de estudos sobre revelação do diagnóstico, adesão e estigma. Paideia. 2009;19(42):59-65. https://doi.org/10.1590/s0103-863x2009000100008
Mellins CA, Brackis-Cott E, Dolezal C, Abrams EJ. The role of psychosocial and family factors in adherence to antiretroviral treatment in human immunodeficiency virus-infected children. Pediatr Infect Dis J. 2004;23(11):1035-41. https://doi.org/10.1097/01.inf.0000143646.15240.ac
Kahana SY, Rohan J, Allison S, Frazier TW, Drotar D. A meta- -analysis of adherence to antiretroviral therapy and virologic responses in HIV-infected children, adolescents, and young adults. AIDS Behav. 2013;17(1):41-60. https://doi.org/10.1007/s10461-012-0159-4
Ernesto AS, Lemos RM, Huehara MI, Morcillo AM, Dos Santos Vilela MM, Silva MT. Usefulness of pharmacy dispensing records in the evaluation of adherence to antiretroviral therapy in Brazilian children and adolescents. Braz J Infect Dis. 2012;16(4):315-20.
https://doi.org/10.1016/j.bjid.2012.06.006
Brasil. Ministério da Saúde. Nota Técnica nº 208/2009 [Internet]. Orientações para abordagem consentida, alerta de má adesão aos antirretrovirais e critério de abandono ao tratamento. [capturado 2016 Jul]. Disponível em: http://www.aids.gov.br/legislacao/2012/51065
Cruz ML, Cardoso CA, Darmont MQ, Souza E, Andrade SD, D’Al Fabbro MM, Fonseca R, Bellido JG, Monteiro SS, Bastos FI. Viral suppression and adherence among HIV-infected children and adolescents on antiretroviral therapy: results of a multicenter study. J Pediatr (Rio J). 2014;90(6):563-71. https://doi.org/10.1016/j. jped.2014.04.007
Salou M, Dagnra AY, Butel C, Vidal N, Serrano L, Takassi E, Konou AA, Houndenou S, Dapam N, Singo-Tokofaï A, Pitche P, Atakouma Y, Prince-
David M, Delaporte E, Peeters M. High rates of virological failure and drug resistance in perinatally HIV-1-infected children and adolescents receiving lifelong antiretroviral therapy in routine clinics in Togo. J Int AIDS Soc. 2016;19(1):20683. https://doi.org/10.7448/IAS.19.1.20683
Desai N, Mathur M. Selective transmission of multidrug resistant HIV to a new born related to poor maternal adherence. Sex Transm Infect. 2003;79(5):419-21. https://doi.org/10.1136/sti.79.5.419
Huerta -García G, Vazquez-Rosales JG, Mata-Marín JA, Peregrino- Bejarano L, Flores-Ruiz E, Solórzano-Santos F. Genotype-guided antiretroviral regimens in children with multidrug-resistant HIV-1 infection. Pediatr Res. 2016;80(1):54-9. https://doi.org/10.1038/pr.2016.53
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
DIREITOS AUTORAIS
A submissão de originais para a Ciência & Saúde implica na transferência, pelos autores, dos direitos de publicação. Os direitos autorais para os artigos publicados nesta revista são do autor, com direitos da revista sobre a primeira publicação. Os autores somente poderão utilizar os mesmos resultados em outras publicações indicando claramente a Ciência & Saúde como o meio da publicação original.
LICENÇA CREATIVE COMMONS
Em virtude de ser uma revista de acesso aberto, permite-se o uso gratuito dos artigos em aplicações científicas e educacionais, desde que citada a fonte. De acordo com a Licença Creative Commons CC-BY 4.0, adotada pela Ciência & Saúde o usuário deve respeitar os requisitos abaixo.
Você tem o direito de:
Compartilhar — copiar e redistribuir o material em qualquer suporte ou formato.
Adaptar — remixar, transformar e criar a partir do material para qualquer fim, mesmo que comercialmente.
Porém, somente de acordo com os termos seguintes:
Atribuição — Você deve dar o crédito apropriado, prover um link para a licença e indicar se mudanças foram feitas. Você deve fazê-lo em qualquer circunstância razoável, mas de maneira alguma que sugira que a Ciência & Saúde apoia você ou o seu uso.
Sem restrições adicionais — Você não pode aplicar termos jurídicos ou medidas de caráter tecnológico que restrinjam legalmente outros de fazerem algo que a licença permita.
Avisos:
Você não tem de cumprir com os termos da licença relativamente a elementos do material que estejam no domínio público ou cuja utilização seja permitida por uma exceção ou limitação que seja aplicável.
Não são dadas quaisquer garantias. A licença pode não lhe dar todas as autorizações necessárias para o uso pretendido. Por exemplo, outros direitos, tais como direitos de imagem, de privacidade ou direitos morais, podem limitar o uso do material.
Para mais detalhes sobre a licença Creative Commons, siga o link no rodapé desta página eletrônica.