As casas de Rafael – a subjetivação do “morar” e do “se mudar”

Autores

DOI:

https://doi.org/10.15448/2178-5694.2019.2.34292

Palavras-chave:

Biografia, Moradia, Território, Interpretação

Resumo

Este artigo explora os sentidos atribuídos aos fenômenos do “morar”, “habitar” e do “se mudar” a partir da perspectiva de pesquisa biográfica. Para tanto, afasta-se de conceitos normativos sobre habitação, e observa as experiências de vida de Rafael, um ex-morador de uma das ilhas do Bairro Aquipélago, em Porto Alegre/RS, considerando seu fazer cotidiano e seus processos de ação e interpretação. A abordagem biográfica utilizada foi desenvolvida por Gabriele Rosenthal, e está fundamentada, entre outros, na sociologia interpretativa de Alfred Schütz. A reconstrução da entrevista demonstra que a interpretação sobre a situação de moradia, e sobre os processos de morar e se mudar, se complementam, relacionando experiências intersubjetivas que, a partir da narrativa biográfica de Rafael, envolvem categorias como “família”, “território”, “religião” e “trabalho”.

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Biografia do Autor

Naida Menezes, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, PUCRS.

Graduada e Mestre em História pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Doutora em Ciências Sociais pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Programa de PósGraduação em Ciências Sociais. 

Priscila Queirolo Susin, Pontifícia Universidade do Rio Grande do Sul, PUCRS.

Psicóloga pela Pontifícia Universidade do Rio Grande do Sul (PUCRS). Mestre em Ciências Sociais
pela PUCRS. Doutora em Ciências Sociais pela PUCRS, pelo Programa de Pós Graduação em Ciências
Sociais.

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Publicado

2019-12-31

Como Citar

Menezes, N., & Susin, P. Q. (2019). As casas de Rafael – a subjetivação do “morar” e do “se mudar”. Conversas & Controvérsias, 6(2), e34292. https://doi.org/10.15448/2178-5694.2019.2.34292

Edição

Seção

Dossiê - Biografia e sociedade