A constituição da personagem romântica em <i>Dias e Dias</i>, de Ana Miranda

Resumo

Embasado pelo conceito de discurso de Roland Barthes da obra Fragmentos de um discurso amoroso, este trabalho tem o objetivo de estudar a constituição da personagem romântica. Roland Barthes utilizou fragmentos da obra Os sofrimentos do jovem Werther, de Goethe, para fundar o que chamou figuras do discurso amoroso. Com base nessa teoria, foram analisados excertos do romance Dias e Dias, de Ana Miranda, com a intenção de enquadrar o discurso dominante à obra, buscando determinar o efeito do uso do discurso amoroso na narrativa e a coesão da personagem através dele. A personagem narradora ao escrever no diário sobre o amor que alimenta, cria o locus horrendus, forma de auto-análise, modo de manter-se só, de cultuar a dor, as fragilidades e as esperanças. Guiada pelo sentimento comum aos enamorados, a narradora funda as figuras de linguagem. Essas matrizes do discurso amoroso nascem das carências, das determinações e dos prazeres do imaginário dela. O discurso desta personagem adequou-se impecavelmente à definição de Roland Barthes e comunica a impressão da verdade, avultando a construção estrutural da personagem. Feliciana em Dias e Dias, de Ana Miranda, mantém um solilóquio rico de figuras e se constitui através deste discurso que pode ser incluído nos propósitos do Romantismo. Palavras-chave: Discurso amoroso. Locus horrendus. Personagem romântica. Romantismo.