DA SECULARIZAÇÃO À PROFANAÇÃO: Uma discussão a partir da genealogia teológica dos conceitos de governo e economia em Giorgio Agamben
Palavras-chave:
teologia política, Governamentalidade, Secularização, economiaResumo
Esta pesquisa discute a emergência do paradigma da governamentalidade moderna à luz do ensaio O Reino e a Glória do filósofo italiano Giorgio Agamben. Neste livro, o autor opera uma genealogia conceitual que busca iluminar as assinaturas teológicas sob os conceitos de “governo” e “economia” na tradição ocidental, de modo a reconstituir sua progressiva secularização. A investigação se baseia em um duplo questionamento: (1) o que há de assinatura teológica no conceito moderno de governo?; e (2) quais as consequências, para o poder moderno, da vigência de uma assinatura teológica no conceito de governo? Em relação a (1), demonstramos como o vocabulário da administração pública é fortemente vinculado àquele da teologia, seguindo os passos genealógicos do autor. O governo divino do mundo era descrito por alguns teólogos patrísticos nos termos de uma oikonomia, i.e., um governo monárquico de pessoas e coisas. De acordo com Agamben, esta mesma estrutura de poder foi secularizada ao longo dos séculos, dando origem à governamentalidade moderna. Em relação a (2), argumentamos que um modelo político assentado sobre uma base teológico-econômica é avesso à pluralidade, dadas as suas origens “domésticas”: uma oikonomia (do grego oikos, a casa) só é possível quando nenhuma força resiste ao poder soberano. Contra este modelo, sugerimos que um novo paradigma para a vida política deva aceitar tanto a pluralidade quanto a contingência, dimensões obliteradas através do modelo teológico de providencialismo econômico.Downloads
Publicado
2013-05-31
Como Citar
Sordi, C. (2013). DA SECULARIZAÇÃO À PROFANAÇÃO: Uma discussão a partir da genealogia teológica dos conceitos de governo e economia em Giorgio Agamben. Revista Da Graduação, 6(1). Recuperado de https://revistaseletronicas.pucrs.br/graduacao/article/view/13783
Edição
Seção
Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas