A fronteira de escolha da composição da dívida mobiliária sob a hipótese do pecado original

Resumo

Este artigo parte da hipótese do chamado “pecado original” como limitador da melhoria da composição da dívida mobiliária e propõe a existência de uma fronteira de escolha do gestor entre o prazo e a proporção prefixada. A qualidade da escolha resultante pode ser medida pelo Índice de Composição da Dívida Mobiliária (ICDM), que é formado pelos atributos prazo e parcela prefixada, relativamente à dívida referencial, que é a dos EUA. Com base nesse ferramental analítico, são discutidos os principais casos da experiência brasileira de indexação e escolha de prazos da dívida mobiliária. Entre estes, são relevantes: o impulso inicial com a introdução da correção monetária; a introdução dos prefixados curtos; a prefixação da correção; a introdução da correção financeira; a reintrodução de prefixados; o caso dos títulos indexados à inflação; os novos prefixados com cupom; e a dívida cambial doméstica. As conclusões apontam para o fato de que o gestor da dívida deve tomar os deslocamentos paralelos da fronteira como exógenos, enquanto sua estratégia deve ser baseada na identificação de oportunidades de deslocamentos não-paralelos da fronteira a partir de criação de instrumentos ou intensificação da oferta de certos tipos de instrumentos que atendam a demandas específicas dos agentes da economia.