Violência, resistência e maternagens negras
uma análise das políticas de segurança no Ceará
DOI:
https://doi.org/10.15448/2178-5694.2025.1.47319Palavras-chave:
maternagens negras, segurança pública, necropoderResumo
Este artigo analisa as experiências de mães negras cujos filhos foram privados de liberdade ou assassinados em Fortaleza, Ceará (Brasil), entre 2019 e 2022, explorando como essas vivências são atravessadas por políticas de segurança pública e dinâmicas raciais, de gênero e territoriais. A pesquisa qualitativa utiliza entrevistas em profundidade, observação participante e diário de campo, dialogando a partir da perspectiva crítica com conceitos como “necropolítica”, “biopolítica” e “sujeição criminal”. Com base em relatos de interlocutoras como Alessandra e Eulália, o estudo evidencia como as maternagens negras são formas específicas de resistência diante de violências institucionais e sociais, questionando a atuação do Estado e a perpetuação de desigualdades. A análise aponta para a urgência de políticas públicas que valorizem a vida e reconheçam as mães negras como agentes de proteção social.
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