NICOLAU DE AUTRECOURT: duas cartas a Bernardo De Arezzo

Autores

  • Luis A. De Boni Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS

DOI:

https://doi.org/10.15448/1984-6746.1997.3.35734

Palavras-chave:

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Resumo

Primeira Carta

Prezado Padre Frei Bernardo:

Com todo o respeito que devo demonstrar-vos devido aos méritos dos frades franciscanos, desejo apresentar nesta carta algumas dúvidas e mesmo, como parece a alguns, os absurdos evidentes - que parecem seguir-se de vossas afirmações. Com a solução de tais dúvidas espero que a mim e a outros se demonstre com mais clareza a verdade. Li em alguns textos que apresentastes na escola dos frades menores, e aos quais permitistes acesso a todo o verdadeiramente interessado, as proposições que seguem: A primeira, colocada por vós nos Comentários às Sentenças (dist. 3, q. 4), diz o seguinte: "O conhecimento intuitivo e claro é aquele pelo qual julgamos que uma coisa existe, independente do fato de ela existir ou não." A segunda proposição, colocada no mesmo lugar, afirma: "Na sentença: 'O objeto não existe, logo não é visto', não vale a consequência, como não vale também esta: 'Isto é visto, logo existe'. Ambas aliás são falsas, como o são estas: 'César está na mente, logo César existe; César não existe, logo não está na mente'." A terceira proposição, também no mesmo lugar, diz: "O conhecimento intuitivo não requer necessariamente a existência da coisa." Uma quarta proposição creio poder inferir destas três: "Toda a impressão que temos da existência de objetos exteriores pode ser falsa," pois, segundo vós, ele pode dar-se quer o objeto exista, quer não.

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Publicado

1997-12-31

Como Citar

De Boni, L. A. (1997). NICOLAU DE AUTRECOURT: duas cartas a Bernardo De Arezzo. Veritas (Porto Alegre), 42(3), 767–775. https://doi.org/10.15448/1984-6746.1997.3.35734