EXISTÊNCIA E CULPABILIDADE: Um estudo do parágrafo 58 de Ser e Tempo, de Martin Heidegger

Autores

  • Livio Osvaldo Arenhart Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões - URI, Santo Ângelo, RS

DOI:

https://doi.org/10.15448/1984-6746.1998.1.35391

Palavras-chave:

Existência, negatividade, autenticidade, culpabilidade.

Resumo

SÍNTESE - Em consonância com o método fenomenológico- hermenêutico traçado por Martin Heidegger em Sein und Zeit (1927), a expressão prático-auto-referencial "eu sou" [sum] deve anteceder toda predicação sobre o humano ser/estar-aí-no-mundo. A este pertence a culpa/ dívida [Schuld] enquanto sentir-se/compreender-se e confessar-se como ser-culpado/devedor [Schuldigsein]. "Sou culpado por" resulta da junção de "sou responsável por" com o "não" implícito na idéia (objetivista) de falta (relativa à realização de urn ideal valorizado). O responder ativo-projetivo do ser-aí [Dasein] por seu ter-queser está marcado, prévia e ontologicamente, pela impossibilidade de autofundação e pela possibilidade, sempre iminente, de não-(mais)-ser/estaraí- no mundo; e, no plano ôntico, está permeado pela necessária restrição de possibilidades de ação e pelo inelutável retraimento a possibilidades alternativas. O texto explicita algumas potencialidades de incidência corretiva deste conceito ontológico-existencial de culpa sobre a autocompreensão do homem contemporâneo.

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Publicado

1998-12-31

Como Citar

Arenhart, L. O. (1998). EXISTÊNCIA E CULPABILIDADE: Um estudo do parágrafo 58 de Ser e Tempo, de Martin Heidegger. Veritas (Porto Alegre), 43(1), 5–23. https://doi.org/10.15448/1984-6746.1998.1.35391