Victor Klemperer: a linguagem do mal e a nazificação da sociedade alemã

Autores

DOI:

https://doi.org/10.15448/10.15448/1984-6746.2018.1.29499

Palavras-chave:

nazismo, linguagem, biopolítica, cotidiano, fanatismo, condição judaica.

Resumo

Este artigo contextualiza o nazismo como projeto de degradação da multiplicidade humana a partir da instrumentalização da língua alemã e consequentemente da linguagem como experiência humana. Tal contextualização se inicia apresentando os projetos amplamente conhecidos do nazismo, que se dão à sombra de Auschwitz, para, em seguida, partir à análise das observações de Victor Klemperer sobre a aplicação da LTI (Lingua Tertii Imperii) na sociedade alemã no período que envolveu o entreguerras e o final da Segunda Guerra Mundial, precisamente na cidade de Dresden, onde Klemperer viveu e repensou sua condição judaica. Por meio do uso estratégico da linguagem, o nazismo interveio nos hábitos da sociedade alemã, o que implicou a adesão popular à ideologia do Terceiro Reich, bem como provocou a legitimação da reprodução do mal naquela sociedade, enquanto projeto pervertido de cidadania. Disso resulta uma compreensão biopolítica da linguagem, na medida em que se reconhece o nazismo como doutrina do fanatismo.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Marcelo Leandro dos Santos, Universidade do Vale do Taquari - Univates

Universidade do Vale do Taquari - Univates

Centro de Ciências Humanas e Sociais - CCHS

Área de Humanidades

Referências

ADORNO, Theodor W. “La jerga de la autencidad”. In: Obra completa. Vol. 6. Tradução de Alfredo Brotons Muñoz. Madrid: Akal, 2005.

____________. Minima moralia. Tradução de Luiz Educardo Bicca. 2ª edição. São Paulo: Ática, 1993.

AGAMBEN, Giorgio. Homo Sacer: o poder soberano e a vida nua I. Tradução de Henrique Burigo. 2ª edição. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2010.

AMÉRY, Jean. Além do crime e castigo: tentativas de superação. Tradução de Marijane Lisboa. Rio de Janeiro: Contraponto, 2013.

ARENDT, Hannah. Eichmann em Jerusalém: um relato sobre a banalidade do mal. Tradução de José Rubens Siqueira. São Paulo: Companhia das Letras, 1999.

ASCHHEIM, Steven E. Scholem, Arendt, Klemperer: Intimate Chronicles in Turbulent Times. Bloomington/Indianapolis: Indiana University Press, 2001.

FREUD, Sigmund. “O inquietante”. In: Obras completas (vol. 14). Tradução de Paulo César de Souza. São Paulo: Companhia das Letras, 2010.

____________. O mal-estar na cultura. Tradução de Renato Zwick. Porto Alegre: L&PM, 2010.

GIRARD, René. O bode expiatório. Tradução de Ivo Storniolo. São Paulo: Paulus, 2004.

GUINSBURG, J.; TAVARES, Z. (orgs.). Quatro mil anos de poesia. Tradução de Modesto Carone. São Paulo: Perspectiva, 1969.

HORKHEIMER, Max; ADORNO, Theodor W. Dialética do esclarecimento. Tradução de Guido de Almeida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1985.

KLEMPERER, Victor. LTI: a linguagem do Terceiro Reich. Tradução de Miriam Bettina Paulina Oelsner. Rio de Janeiro: Contraponto, 2009.

LEVI, Primo. É isto um homem? Tradução de Luigi Del Re. Rio de Janeiro: Rocco, 1988.

NEGRI, Antonio. “El monstruo político. Vida desnuda y potencia” in: GIORGI, Gabriel; RODRÍGUEZ, Fermín (comps.). Ensayos sobre biopolítica: excesos de vida. Buenos Aires: Paidós, 2007, p. 93-139.

NESTROVSKI, Arthur; SELIGMANN-SILVA, Márcio (orgs.). Catástrofe e representação. São Paulo: Escuta, 2000.

ORWELL, George. 1984. Tradução de Wilson Velloso. 8ª edição. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1975.

SANTOS, Marcelo Leandro dos. “El empobrecimento de las narrativas humanas en la contemporaneidade, a partir de una lectura de Walter Benjamin” in GONZÁLES, Diana M. Muñoz (editora). ¿El fin del hombre?: Humanismo y antihumanismo en la filosofía contemporánea. Bogotá: Editorial Bonaventuriana, 2016. (Colección humanismo y persona; 3), p. 51-71.

____________. “Primo Levi: escrever e sobreviver após Auschwitz”. In: OLIVEIRA, Rejane Pivetta de (org.). Literatura para pensar e intervir no mundo. Porto Alegre: Ed. Uniritter, 2013, p. 125-147. ____________.

Constelação vital: da vida excitada à vida incitada um ensaio sobre o pensamento de Theodor W. Adorno. Tese de doutorado. Porto Alegre: PUCRS, 2010.

TAYLOR, Frederick. Dresden: Terça-feira, 13 de fevereiro de 1945. Tradução de Vítor Paolozzi. Rio de Janeiro: Record, 2011.

Downloads

Publicado

2018-04-23

Como Citar

dos Santos, M. L. (2018). Victor Klemperer: a linguagem do mal e a nazificação da sociedade alemã. Veritas (Porto Alegre), 63(1), 150–189. https://doi.org/10.15448/10.15448/1984-6746.2018.1.29499

Edição

Seção

Dossiê - Filosofia Judaica