Merleau-Ponty e a leitura gestáltica da teoria husserliana do tempo

Autores

  • Marcos José Müller Universidade Federal de Santa Catarina

DOI:

https://doi.org/10.15448/1984-6746.2013.3.17939

Palavras-chave:

Tempo. Gestalt. Husserl. Merleau-Ponty.

Resumo

Inspirados na leitura gestáltica que Merleau-Ponty fez de Husserl, propomos uma nova formatação para o diagrama husserliano, segundo a qual, em torno de cada evento atual, partiriam três orientações distintas e simultâneas: i) na direção dos codados retidos, ii) na direção do horizonte de idealidade, iii) e na direção do horizonte de idealidade refletida. Não pensamos que haja, entre essas três orientações, qualquer eventual sequencia ou ordenamento serial, porquanto Merleau-Ponty admite uma relação expressiva entre os eventos entre si. Com essa nova formatação, tentamos evitar aquilo que, na avaliação de Merleau-Ponty, corresponde ao “engano de Husserl”, precisamente: “ter descrito o encaixamento a partir de um Präsensfeld [campo de presença] considerado como se não tivesse espessura, como consciência imanente”1.

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Biografia do Autor

Marcos José Müller, Universidade Federal de Santa Catarina

Doutor em Filosofia (UFRJ, 2000). Professor do Departamento de Filosofia da Universidade Federal de Santa Catarina, onde é subcoordenador do Programa de Pós-Graduação em Filosofia. Autor dos livros Merleau-Ponty acerca da expressão (2001) e, em coautoria com Rosane Lorena Granzotto, Fenomenologia e Gestalt (2007) e Psicose e sofrimento (2012).

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Publicado

2013-12-31

Como Citar

José Müller, M. (2013). Merleau-Ponty e a leitura gestáltica da teoria husserliana do tempo. Veritas (Porto Alegre), 58(3), 499–527. https://doi.org/10.15448/1984-6746.2013.3.17939

Edição

Seção

Epistemologia, Linguagem e Metafísica