A gênese do indivíduo perigoso: A crítica filosófica foucaultiana às escolas clássica e positivista de criminologia

Autores

  • Fabio Gomes França UFPB

DOI:

https://doi.org/10.15448/2177-6784.2014.2.18518

Palavras-chave:

Michel Foucault. Criminologia. Poder. Controle social.

Resumo

Pretendemos neste trabalho expor como a filosofia histórica de Michel Foucault serve-nos de ferramenta crítica para analisarmos as características que norteiam as escolas clássica e positivista de Criminologia. No caso da escola clássica, a análise foucaultiana afirma que não houve uma humanização nas formas de punir na Europa novecentista e sim uma sofisticação do controle social que emergiu com o surgimento da prisão como pena par excellence, sustentada por relações de poder. Sobre a escola positivista de influência lombrosiana, tivemos um redirecionamento do crime do ato para o criminoso, o que acabou por consolidar processos de “normalização” que passaram a categorizar indivíduos considerados anormais. Por fim, concluímos ao mostrar que ambas as escolas sustentaram teorias que historicamente deram origem a uma “codificação da suspeita”, a partir da qual os códigos normativos constroem um sistema penal orientado por um saber científico-criminológico em nome do ideal da “defesa social”.

Biografia do Autor

Fabio Gomes França, UFPB

Doutorando em Sociologia pela UFPB. Mestre em Sociologia pela UFPB. Graduado em Segurança Pública. Professor de criminologia e pesquisador na área de Sociologia da violência, do poder e do controle social. Duas últimas publicações: Revista Aracê de Direitos Humanos e CS-Online da UFJF.

Referências

ALVAREZ, Marcos Cesar. Teorias clássicas e positivistas. In: LIMA, Renato Sérgio de; RATTON, José Luiz; AZEVEDO, Rodrigo Geringhelli de (Org.). Crime, polícia e justiça no Brasil. São Paulo: Contexto, 2014. p. 51-59.

BARATTA, Alessandro. Criminologia crítica e crítica do direito penal. Rio de Janeiro: Revan – Instituto Carioca de Criminologia, 2002.

BECCARIA, Cesare. Dos delitos e das penas. Bauru, SP: EDIPRO, 2003.

BENTHAM, Jeremy et al. O panóptico. Belo Horizonte: Autêntica, 2008.

FISCHER, Rosa Maria. O círculo do poder: as práticas invisíveis de sujeição nas organizações complexas. In: FLEURY, Maria Tereza Leme et al. Cultura e poder nas organizações. São Paulo: Atlas, 1996.

FONSECA, Márcio Alves da. Michel Foucault e a constituição do sujeito. São Paulo: EDUC, 2003.

FOUCAULT, Michel. Eu Pierre Rivière, que degolei minha mãe, minha irmã e meu irmão. Rio de Janeiro: Graal, 1977.

FOUCAULT, Michel. Microfísica do poder. Rio de Janeiro: Graal, 1979.

FOUCAULT, Michel. Vigiar e punir: história das violências nas prisões. Rio de Janeiro: Vozes, 1987.

FOUCAULT, Michel. Os anormais: curso no Collège de France (1974-1975). São Paulo: Martins Fontes, 2001.

FOUCAULT, Michel. A verdade e as formas jurídicas. Rio de Janeiro: Nau, 2003.

FOUCAULT, Michel. O poder psiquiátrico. São Paulo: Martins Fontes, 2006a.

FOUCAULT, Michel. Ditos & escritos V: ética, sexualidade, política. 2. ed. Rio de janeiro: Forense Universitária, 2006b.

LOMBROSO, Cesare. O homem delinquente. São Paulo: Ícone, 2007.

MISKOLCI, Richard. Do desvio às diferenças. Teoria e pesquisa, n. 47, jul.-dez. 2005. Disponível em: <http://www.teoriaepesquisa.ufscar.br/index.php/tp/article/viewFile/43/36>. Acesso em: 03 jun. 2013.

MOLINA, Antonio García Pablos de; GOMES, Luiz Flávio. Criminologia. São Paulo: RT, 2006.

MOTTA, Manoel Barros da. Apresentação. In: Ditos & escritos V: Foucault: ética, sexualidade, política. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2006. p. 5-62.

PERROT, Michele. Os excluídos da história: operários, mulheres, prisioneiros. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1988.

RAUTER, Cristina. Criminologia e subjetividade no Brasil. Rio de Janeiro:

Revan, 2003.

ROCHA, José Manuel de Sacadura. Michel Foucault e o direito. Rio de Janeiro: Forense, 2011.

RUSCHE Georg; KIRCHHEIMER, Otto. Punição e estrutura social. Rio de Janeiro: Editora Revan, 2004.

VERAS, Ryanna Pala. Nova criminologia e os crimes do colarinho branco. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2010.

Downloads

Publicado

2014-12-09

Edição

Seção

Dossiê Criminologia e Filosofia