Grau de satisfação entre os usuários de uma unidade básica de saúde no estado do Paraná, Brasil

Autores

  • Kamilla Zampieri Rodrigues Universidade Positivo
  • Camila Ferreira Pires Mattos Universidade Positivo
  • Dariele Aparecida Ferreira Universidade Positivo
  • Luiza Foltran de Azevedo Koch Universidade Positivo
  • Ernesto Josué Schmitt Universidade Positivo
  • Marilisa Carneiro Leão Gabardo Universidade Positivo

DOI:

https://doi.org/10.15448/1980-6108.2018.4.32253

Palavras-chave:

estudos transversais, serviços de saúde, Sistema Único de Saúde, satisfação do usuário.

Resumo

OBJETIVOS: Avaliar o grau de satisfação dos usuários com a estrutura e os serviços prestados em uma unidade básica do Sistema Único de Saúde.

MÉTODOS: Este estudo transversal incluiu indivíduos com idade ≥18 anos, de ambos os gêneros, entrevistados individualmente de março a maio de 2018 na unidade básica de saúde Ferraria, em Campo Largo, Paraná, Brasil. Um questionário estruturado continha informações sociodemográficas e questões adaptadas do instrumento utilizado no Programa Nacional de Avaliação de Serviços de Saúde, acerca da satisfação com a equipe, tempo de espera e estrutura física local. A análise descritiva dos dados foi seguida dos testes U de Mann-Whitney, Kruskal-Wallis, Qui-quadrado e regressão de Poisson, considerando como significativo p<0,05.

RESULTADOS: A amostra foi constituída por 373 usuários que atenderam aos critérios de inclusão, sendo 72,9% do gênero feminino, 82,8% de raça/cor da pele branca, 69,0% com baixa renda e 36,4% com baixa escolaridade. A equipe de saúde foi o item melhor avaliado (73,3% das respostas nas categorias "muito bom" e "bom"); e o tempo de espera para o atendimento foi o item pior avaliado (61,5% "ruim" ou "muito ruim"). Na análise bivariada o atendimento da equipe de saúde não foi associado a nenhuma variável independente. Na avaliação geral do estabelecimento, as categorias "muito bom/bom", "regular", "ruim" e "muito ruim" foram avaliadas respectivamente por 84 (27,4%), 128 (41,7%), 67 (21,8%) e 28 (9,1%) brancos; e 22 (34,9%), 34 (54,0%), 7 (11,1%) e 0 (0,0%) não brancos (p=0,006). No modelo de regressão de Poisson, a baixa escolaridade foi associada a uma chance 1,5 vezes maior de não saber onde reclamar em caso de mau atendimento.

CONCLUSÕES: O grau de satisfação dos usuários da unidade básica de saúde Ferraria foi influenciado por fatores como raça/cor da pele e escolaridade. Os usuários não brancos expressaram um grau de satisfação maior do que os usuários brancos; e aqueles com baixa escolaridade sabiam menos onde reclamar caso o atendimento não fosse satisfatório. Apesar da avaliação em geral ter sido positiva, alguns quesitos foram identificados como não satisfatórios, merecendo medidas corretivas.

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Publicado

2018-12-21

Como Citar

Rodrigues, K. Z., Mattos, C. F. P., Ferreira, D. A., Koch, L. F. de A., Schmitt, E. J., & Gabardo, M. C. L. (2018). Grau de satisfação entre os usuários de uma unidade básica de saúde no estado do Paraná, Brasil. Scientia Medica, 28(4), ID32253. https://doi.org/10.15448/1980-6108.2018.4.32253

Edição

Seção

Artigos Originais