Avaliação da adesão à terapia imunossupressora por autorrelato de pacientes submetidos ao transplante renal

Autores

  • Dagoberto França Rocha Hospital São Lucas da PUCRS
  • Ana Elizabeth Figueiredo Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul
  • Simone Travi Canabarro Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre - UFCSPA
  • Aline Winter Sudbrack Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre - UFCSPA

DOI:

https://doi.org/10.15448/1980-6108.2017.4.28181

Palavras-chave:

adesão à medicação, cooperação do paciente, transplante de rim.

Resumo

OBJETIVOS: Avaliar as características e fatores de risco relacionados à adesão ao tratamento imunossupressor de pacientes transplantados renais através do método de autorrelato utilizando o instrumento Basel Assessment of Adherence Scale for Immunosuppressives (BAASIS).

MÉTODOS: Um estudo de coorte prospectivo, com abordagem quantitativa, foi realizado no Serviço de Nefrologia e Transplante do Hospital São Lucas da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, com pacientes maiores de 18 anos, transplantados de rins provenientes de doadores falecidos ou vivos, com tempo mínimo de transplante de três meses e máximo 12 meses. Para avaliação da adesão foi aplicado o instrumento BAASIS. Para a análise estatística foram utilizados o teste exato de Fisher (simulação de Monte Carlo) para verificar a associação entre as variáveis categóricas, o teste t-Student para médias de amostras independentes e o Teste de Mann Whitney nas variáveis sem normalidade. Um p<0,05 foi adotado para os resultados serem considerados significativos.

RESULTADOS: A amostra foi composta por 59 pacientes, os quais 57,6% eram masculinos, 79,7% brancos, a média de idade era de 45,8 anos, 57,6% possuíam ensino fundamental e 72,9% eram católicos. A hemodiálise foi o método mais utilizado, em 86,4% dos pacientes antes do transplante e, o tempo médio em lista de espera foi 19,5 meses. Após o transplante, o tempo médio de internação dos pacientes foi 17,2 dias. A avaliação da adesão pelo BAASIS caracterizou 83% dos pacientes como não aderentes. O principal fato considerado como não adesão foi tomar os medicamentos imunossupressores com mais de duas horas de diferença do horário prescrito, pelo menos uma vez na semana, nas últimas quatro semanas. Não houve diferença significativa quando realizada a análise estatística para comparar a taxa de adesão entre as diversas categorias das variáveis demográficas e clínicas dos pacientes.

CONCLUSÕES: Identificou-se alta taxa de pacientes não aderentes ao tratamento imunossupressor, sendo a alteração do horário de tomada dos imunossupressores o principal fato que caracterizou esse comportamento. Um menor tempo de espera na fila de transplante  associou-se à não adesão. As demais variáveis, demográficas e clínicas, não foram associadas à classificação de aderente ou não aderente.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Dagoberto França Rocha, Hospital São Lucas da PUCRS

Mestre em Ensino na Saúde pela Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre - UFCSPA. Especialista em Captação, Doação e Transplantes pelo Instituto de Ensino e Pesquisa Albert Einstein. Enfermeiro da Organização de Procura de Órgãos do Hospital São Lucas da PUCRS.

Ana Elizabeth Figueiredo, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul

Enfermeira, Professora Doutora em Ciências da Saúde - Programa de Pós Graduação em Clínica Médica e Ciências da Saúde da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul- PUCRS.

Simone Travi Canabarro, Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre - UFCSPA

Enfermeira, Professora, Doutora em Medicina Saúde da Criança/ Pediatria, Programa de Pós Graduação em Ensino na Saúde da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre - UFCSPA

Aline Winter Sudbrack, Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre - UFCSPA

Socióloga, Professora, Doutora em Sociologia, Programa de Pós Graduação em Ensino na Saúde da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre - UFCSPA.

Referências

Tonelli M, Wiebe N, Knoll G, Bello A. Systematic Review : Kidney Transplantation Compared With Dialysis in Clinically Relevant Outcomes. Am J Transplant. 2011;11:2093-109. https://doi.org/10.1111/j.1600-6143.2011.03686.x

Ball S, Dallman MJ. Immunology of Graft Rejection. In: Sciences EH, editor. Kidney Transplantation - Principles and Practice. 7th ed. 2013. p. 880.

Landreneau K, Lee K, Landreneau M. Quality of life in patients undergoing hemodialysis and renal transplantation: a meta-analytic review. Nephrol Nurs J. 2010;37(1):37-44.

Garcia CD, Pereira JD, Zago MK, Garcia VD. Manual de Doação e Transplantes. 1a. Rio de Janeiro: Elsevier Editora Ltda; 2013. 352 p.

Mercado-Martinez FJ, Ibarra-Hernández E, Asencio-Mera CD, Diaz-Medina B a., Padilla-Altamira C, Kierans C. Viviendo con Trasplante Renal, Sin Protección Social en Salud. ¿Qué Dicen los Enfermos sobre las Dificultades Económicas que Enfrentan y sus Efectos? Cad Saude Publica. 2014;30(10):2092-100. https://doi.org/10.1590/0102-311X00150713

Robinson BM, Akizawa T, Jager KJ, Kerr PG, Saran R, Pisoni RL. Factors affecting outcomes in patients reaching end-stage kidney disease worldwide: differences in access to renal replacement therapy, modality use, and haemodialysis practices. Lancet. 2016;388(10041):294-306. https://doi.org/10.1016/S0140-6736(16)30448-2

Sociedade Brasileira de Nefrologia. Censo da Sociedade Brasileira de Nefrologia 2016 [Internet] São Paulo; 2017 [cited 2017 jun 10]. Available from: http://censo-sbn.org.br/censosAnteriores

Associação Brasileira de Transplante de Órgãos - ABTO. Registro Brasileiro de Transplantes 2016 [Internet]. São Paulo; 2017 [cited 2017, jun 8]. Available from: http://www.abto.org.br/abtov03/Upload/file/RBT/2016/RBT2016-leitura.pdf

Associação Brasileira de Transplante de Órgãos - ABTO. Registro Brasileiro de Transplantes, Janeiro/Marco-2017 [Internet]. São Paulo; 2017 [cited 2017, jun 8]. Available from: http://www.abto.org.br/abtov03/Upload/file/RBT/2017/2017_leitura_1T.pdf

Denhaerynck K, Steiger J, Bock A, Schäfer-Keller P, Köfer S, Thannberger N, De Geest S. Prevalence and risk factors of non-adherence with immunosuppressive medication in kidney transplant patients. Am J Transplant. 2007;7(1):108-16. https://doi.org/10.1111/j.1600-6143.2006.01611.x

Prendergast MB, Gaston RS. Optimizing medication adherence: An ongoing opportunity to improve outcomes after kidney transplantation. Clin J Am Soc Nephrol. 2010;5(7):1305-11. https://doi.org/10.2215/CJN.07241009

Gordon EJ, Gallant M, Sehgal AR, Conti D, Siminoff LA. Medication-taking among adult renal transplant recipients. Transpl Int. 2009;22(5):534-45. https://doi.org/10.1111/j.1432-2277.2008.00827.x

Fine RN, Becker Y, De Geest S, Eisen H, Ettenger R, Evans R, Rudow DL, McKay D, Neu A, Nevins T, Reyes J, Wray J, Dobbels F. Nonadherence consensus conference summary report. Am J Transplant. 2009;9(1):35-41. https://doi.org/10.1111/j.1600-6143.2008.02495.x

Schafer-Keller P, Steiger J, Bock A, Denhaerynck K, De Geest S. Diagnostic Accuracy of Measurement Methods to Assess Non-Adherence to Immunosuppressive Drugs in Kidney Transplant Recipients. Am J Transplant. 2008;8:616-26. https://doi.org/10.1111/j.1600-6143.2007.02127.x

Osterberg L, Blaschke T. Adherence to medication. Nejm. 2005;353:487-97. https://doi.org/10.1056/NEJMra050100

Chisholm MA, Lance CE, Williamson GM, Mulloy LL. Development and validation of the immunosuppressant therapy adherece instrument (ITAS). Patient Educ Couseling. 2005;59:13-20. https://doi.org/10.1016/j.pec.2004.09.003

Marsicano Ede O, Fernandes Nda S, Colugnati F, Grincenkov FR, Fernandes NM, De Geest S, Sanders-Pinheiro H. Transcultural adaptation and initial validation of Brazilian-Portuguese version of the Basel assessment of adherence to immunosuppressive medications scale (BAASIS) in kidney transplants. BMC Nephrol. 2013;14:108. https://doi.org/10.1186/1471-2369-14-108

Dobbels F, Berben L, De Geest S, Drent G, Lennerling A, Whittaker C, Kugler C; Transplant360 Task Force. The psychometric properties and practicability of self-report instruments to identify medication nonadherence in adult transplant patients: a systematic review. Transplantation. 2010;90(2):205-19. https://doi.org/10.1097/TP.0b013e3181e346cd

Lennerling A, Forsberg A. Self-reported non-adherence and beliefs about medication in a Swedish kidney transplant population. Open Nurs J. 2012;6:41-6. https://doi.org/10.2174/1874434601206010041

Dew MA, DiMartini AF, De Vito Dabbs A, Myaskovsky L, Steel J, Unruh M, Switzer GE, Zomak R, Kormos RL, Greenhouse JB. Rates and Risk Factors for Nonadherence to the Medical Regimen After Adult Solid Organ Transplantation. Transplantation. 2007;83(7):858-73. https://doi.org/10.1097/01.tp.0000258599.65257.a6

De Geest S, Burkhalter H, Bogert L, Berben L, Glass TR, Denhaerynck K. Describing the evolution of medication nonadherence from pretransplant until 3 years post-transplant and determining pretransplant medication nonadherence as risk factor for post-transplant nonadherence to immunosuppressives: The Swiss Transplant Cohort S. Transpl Int. 2014;27(7):657-66. https://doi.org/10.1111/tri.12312

Massey EK, Tielen M, Laging M, Timman R, Beck DK, Khemai R, van Gelder T, Weimar W. Discrepancies between beliefs and behavior: a prospective study into immunosuppressive medication adherence after kidney transplantation. Transplantation. 2015;99(2):375-80. https://doi.org/10.1097/TP.0000000000000608

Massey EK, Tielen M, Laging M, Beck DK, Khemai R, van Gelder T, Weimar W. The role of goal cognitions, illness perceptions and treatment beliefs in self-report adherence after kidney transplantation: A cohort study. J Psychosom Res. 2013;229-34. https://doi.org/10.1016/j.jpsychores.2013.07.006

Couzi L, Moulin B, Morin M-P, Albano L, Godin M, Barrou B, Alamartine E, Morelon E, Girardot-Seguin S, Mendes L, Misdrahi D, Cassuto E, Merville P. Factors Predictive of Medication Nonadherence After Renal Transplantation: A French Observational Study. Transplant J. 2013;95(2):326-32. https://doi.org/10.1097/TP.0b013e318271d7c1

Massey EK, Meys K, Kemer R, Weimar W, Roodnat J, Cransberg K. Young Adult Kidney Transplant Recipients: Nonadherent and Happy. Transplantation. 2015;99(8):89-96. https://doi.org/10.1097/TP.0000000000000639

Spivey CA, Chisholm-Burns MA, Damadzadeh B, Billheimer D. Determining the effect ofimmunosuppressant adherence on graftfailure risk among renal transplant recipients. Clin Transplant. 2014;28:96-104. https://doi.org/10.1111/ctr.12283

Burkhalter H, Wirz-Justice A, Cajochen C, Weaver TE, Steiger J, Fehr T, Venzin RM, De Geest S. Daytime sleepiness in renal transplantrecipients is associated with immunosuppressive non-adherence: across-sectional, multi-center study. Clin Transplant. 2014;28:58-66. https://doi.org/10.1111/ctr.12279

Akman B, Uyar M, Afsar B, Sezer S, Ozdemir FN, Haberal M. Adherence, depression and quality of life in patients on a renal transplantation waiting list. Transpl Int. 2007;20(8):682-7. https://doi.org/10.1111/j.1432-2277.2007.00495.x

Silva AN, Moratelli L, Tavares PL, Marsicano E de O, Pinhati RR, Colugnati FA, Lucchetti G, Sanders-Pinheiro H. Self-efficacy beliefs, locus of control, religiosity and non-adherence to immunosuppressive medications in kidney transplant patients. Neprology. 2016;21(11):938-43. https://doi.org/10.1111/nep.12695

Tielen M, van Exel J, Laging M, Beck DK, Khemai R, van Gelder T, Betjes MG, Weimar W, Massey EK. Attitudes to medication after kidney transplantation and their association with medication adherence and graft survival: a 2-year follow-up study. J Transpl. 2014;2014:675301. https://doi.org/10.1155/2014/675301

Downloads

Publicado

2017-11-25

Como Citar

Rocha, D. F., Figueiredo, A. E., Canabarro, S. T., & Sudbrack, A. W. (2017). Avaliação da adesão à terapia imunossupressora por autorrelato de pacientes submetidos ao transplante renal. Scientia Medica, 27(4), ID28181. https://doi.org/10.15448/1980-6108.2017.4.28181

Edição

Seção

Artigos Originais

Artigos mais lidos pelo mesmo(s) autor(es)