Comprometimento Executivo nas Fases Leve à Grave da Doença de Parkinson

Autores

  • Greici Rössler Macuglia UFRGS
  • Carlos Roberto de Mello Rieder UFCSPA
  • Lais Broch Trentini UFRGS
  • Nelson Hauck Filho Universidade São Francisco
  • André Luiz Moraes UFRGS
  • Rosa Maria Martins de Almeida UFRGS

DOI:

https://doi.org/10.15448/1980-8623.2015.2.15236

Palavras-chave:

Doença de Parkinson, Avaliação neuropsicológica, Funções executivas.

Resumo

A Doença de Parkinson (DP) é uma desordem neurodegenerativa caracterizada por disfunções motoras, mas também marcada por alterações executivas. O presente estudo investigou funções executivas em indivíduos saudáveis e pacientes parkinsonianos com grau variável de comprometimento. Foram avaliados 30 controles saudáveis e 40 pacientes com DP utilizando os instrumentos Hoehn e Yahr, WAIS-III, MEEM, MoCA, Stroop e BADS. Pacientes com DP evidenciaram significativo prejuízo nas funções executivas, quando comparados às pessoas do grupo controle. Houve um percentual de 72,5% de pacientes com disfunção executiva (DE), distribuídos em todos os estágios da DP, sendo que mulheres, indivíduos com menor escolaridade e aqueles com idade avançada apresentaram disfunções mais severas do que os demais pacientes. Portanto, o número de pacientes com alterações executivas foi significativo, não estando estas relacionadas ao agravamento da doença. No entanto, algumas variáveis dos indivíduos da amostra se mostraram protetivas para o agravamento das disfunções.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Greici Rössler Macuglia, UFRGS

Graduada em Psicologia pela Universidade Federal de Santa Maria – UFSM (2004). Especialista em Psicologia Hospitalar pelo Conselho Federal de Psicologia. Mestre e Doutoranda em Psicologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS (CAPES 7). Professora da Faculdade Integrada de Santa Maria (FISMA).

Carlos Roberto de Mello Rieder, UFCSPA

Graduado em Medicina pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1986), mestre em Medicina pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1994) e doutorado em Clinical Neuroscience pela University of Birmingham (Inglaterra, 2000). Atualmente é Professor Adjunto de Neurologia da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA) e do programa de Pós Graduação em Medicina – Ciências Médicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS); é médico neurologista do Hospital de Clínicas de Porto Alegre onde coordena a Unidade de Distúrbios do Movimento.

Lais Broch Trentini, UFRGS

Aluna da Graduação do curso de Psicologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e Bolsista de Iniciação Científica do Laboratório de Psicologia Experimental Neurociências e Comportamento.

Nelson Hauck Filho, Universidade São Francisco

Psicólogo pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), e mestre e doutor pelo Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

André Luiz Moraes, UFRGS

Graduado em Psicologia pela Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC). Mestre em Psicologia pelo Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Possui Formação e Aperfeiçoamento em Terapia Cognitivo-Comportamental (WP).

Rosa Maria Martins de Almeida, UFRGS

Graduada em Psicologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1990), mestrado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1990-1992) e doutorado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1992-1997) e pós-doutorado na Tufts University (Boston, USA, 1999-2002) na área de neuropsicofarmacologia. Atualmente é professora adjunta da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e coordenadora adjunta do PPG em Psicologia da UFRGS.

Referências

Banhato, E. F. C. & Nascimento, E. do. (2007). Função executiva em idosos: um estudo utilizando subtestes da escala WAIS-III. Psico-USF, 12(1), 65-73.

Bertolucci, P. H. F., Brucki, S. M. D., Campacci, S. R., & Juliani, Y. (1994). O mini-exame do estado mental em uma população geral: impacto da escolaridade. Arquivos de Neuropsiquiatria, 52, 1-7. http://dx.doi.org/10.1590/S0004-282X1994000100001

Botega, N. J., Bio, M. R., Zomignani, M. A., Garcia Jr., C., & Pereira, W. A. B. (1995). Transtornos de humor em enfermaria de clínica médica e validação da escala de medida (HADS) de ansiedade e depressão. Revista de Saúde Pública, 29(5), 359-363. http://dx.doi.org/10.1590/S0034-89101995000500004

Caballol, N., Martí, M. J., & Tolosa, E. (2007). Cognitive dysfunction and dementia in Parkinson’s disease. Movement Disorders, 22(17), 358-366. http://dx.doi.org/10.1002/mds.21677

Campos-Sousa, I. S., Campos-Sousa, R. N., Ataíde Jr., L., Soares, M. M. de B., & Almeida, K. J. (2010). Executive dysfunction and motor symptoms in Parkinson’s disease. Arquivos de Neuropsiquiatria, 68(2), 246-251. http://dx.doi.org/10.1590/S0004-282X2010000200018

Chan, R. C. K., Shun, D., Toulopoulou, T., & Chen, E. V. H. (2008). Assessment of executive functions: review of instruments and identification of critical issues. Archives of Clinical Neuropsychology, 23, 201-216. http://dx.doi.org/10.1016/j.acn.2007.08.010

Clemente, R. S. G. & Ribeiro-Filho, S. T. (2008). Comprometimento cognitivo leve: aspectos conceituais, abordagem clínica e diagnóstica. Revista do Hospital Universitário Pedro Ernesto, 7(1), 68-77.

Duncan, M. T. (2006). Obtenção de dados normativos para desempenho no teste de Stroop num grupo de estudantes do ensino fundamental em Niterói. Jornal Brasileiro de Psiquiatria, 55(1), 42-48.

Ewing, J. A. & Rouse, B. A. (1970). Identifying the hidden alcoholic. In Program and abstracts of the 29th internacional congress on alcohol and drug dependence. Sidney. Australia.

Folstein, M. F., Folstein, S. E., & McHugh, P. R. (1975). Mini-mental state; a pratical method for grading the cognitive state of patients for clinician. Journal of Psychiatric Research, 12, 189-198. http://dx.doi.org/10.1016/0022-3956

(75)90026-6

Galhardo, M. M. de A. M. C., Amaral, A. K. de F. J. do, & Vieira, A. C. de C. (2009). Caracterização dos distúrbios cognitivos na doença de Parkinson. Revista CEFAC, 11(2), 251-257. http://dx.doi.org/10.1590/S1516-18462009000600015

Hamdan, A. C. & Pereira, A. P. de A. (2009). Avaliação neuropsicológica das funções executivas: considerações metodológicas. Psicologia Reflexão e Crítica, 22(3), 386-393. http://dx.doi.org/10.1590/S0102-79722009000300009

Hoehn, M. M. & Yahr, M. D. (1967). Parkinsonism: onset progression and mortality. Neurology, 17(5), 427-442. http://dx.doi.org/10.1212/WNL.17.5.427

Hastings, T. G. (2009). The role of dopamine oxidation in mitochondrial dysfunction: implications for Parkinson’s disease. Journal Bioenergetics and Biomembranes, 41(6), 469-472. http://dx.doi.org/10.1007/s10863-009-9257-z

Kamei, S., Morita, A., Serizawa, K., Mizutani, T., & Hirayanagi, K. (2010). Journal of Clinical Neurophysiology, 27(3), 193-197. http://dx.doi.org/10.1097/WNP.0b013e3181dd4fdb

Macuglia, G. R., Rieder, C. R. M., & Almeida, R. M. M. (2012). Funções executivas na doença de Parkinson: revisão da literatura. Revista Psico, 43(4), 552-561.

Malloy-Diniz, L. F., Paula, J. J. de, Loschiavo-Alvares, F. Q., Fuentes, D., & Leite, W. B. (2010). Exame das funções executivas. In L. F. Malloy-Diniz, D. Fuentes, & P. Mattos. Avaliação neuropsicológica. Porto Alegre: Artmed.

Masur, J. & Monteiro, M. G. (1983). Validation of the “CAGE” alcoholism screening test in a Brazilian psychiatric impatient hospital setting. Brazilian Journal of Medical and Biological Research, 16, 215-218.

Mckinlay, A., Grace, R. C., Dalrymple-Alford, J. A., & Roger, D. (2010). Characteristics of executive function impairment in Parkinson’s disease patients without dementia. Journal of the International Neuropsychological Society, 16,

-277. http://dx.doi.org/10.1017/S1355617709991299

Meguro, K., Shimada, M., Yamaguchi, S., Ishizaki, J., Ishii, H., Shimada, Y., Sato, M., Yamadori, A., & Sekita, Y. (2001). Cognitive function and frontal lobe atrophy in normal elderly adults: Implications for dementia not as aging-related disorders and the reserve hypothesis. Psychiatry and Clinical Neurosciences, 55(6), 565-72. http://dx.doi.org/10.1046/j.1440-1819.2001.00907.x

Miller, I. N. & Cronin-Golomb, A. (2010). Gender differences in Parkinson’s disease: Clinical characteristics and cognition. Movement Disorders, 25(16), 2695-2703. http://dx.doi.org/10.1002/mds.23388

Murden, R. A., McRae, T. D., Kaner, S., & Bucknam, M. E. (1991). Mini-Mental State Exam scores vary with education in blacks and whites. Journal of the American Geriatrics Society, 39, 149-155.

Nascimento, E. (2000). Adaptação e validação do teste WAIS-III para um contexto brasileiro. Tese de doutorado, Programa de Pós-Graduação em Psicologia, Universidade de Brasília, Brasília, Distrito Federal.

Nasreddine, Z. S., Phillips, N. A., Bédirian, V., Charbonneau, S., Whitehead, V., Collin, I., Cummings, J. L., & Chertkow, H. (2005). The

Montreal cognitive assessment, MoCA: a brief screening tool for mild cognitive impairment. Journal of the American Geriatrics Society, 53, 695-699. http://dx.doi.org/10.1111/j.1532-5415.2005.53221.x

Osternack-Pinto, K. (2005). Análise comparativa das funções neuropsicológicas de portadores de doença de Parkinson em estágios inicial e avançado: uma determinação de padrões para diagnóstico em população brasileira. Tese de doutorado, Programa de Pós-Graduação em Medicina, Universidade de São Paulo, São Paulo.

Papalia, D. E. & Feldman, R. D. (2013). Desenvolvimento Humano (12ª ed.). Porto Alegre: Artmed.

Parente, M. A. de M. P., & Wagner, G. P. (2009). Teorias abrangentes sobre envelhecimento cognitivo (pp. 30-45). In M. A. de M. P. Parente e cols. Cognição e envelhecimento. Porto Alegre: Artmed.

Parente, M. A. de M. P., Scherer, L. C., Zimmermann, N., & Fonseca, R. P. (2009). Evidências do papel da escolaridade na organização cerebral. Revista Neuropsicologia Latinoamericana, 1(1), 72-80.

Perfetti, B., Varanese, S., Mercuri, P., Mancino, E., Saggino, A., & Onofrj, M. (2010). Behavioural assessment of dysexecutive syndrome in Parkinson’s disease without dementia: a comparison with other clinical executive tasks. Parkinsonism & Related Disorders, 16(1), 46-50. http://dx.doi.org/10.1016/j.parkreldis.2009.07.011

Piovezan, M. R., Teive, H. A. G., Piovesan, El J., Mader, M. J., & Werneck, L. C. (2007). Cognitive function assessment in idiopathic Parkinson’s disease. Arquivos de Neuropsiquiatria, 65(4-A), 942-946. http://dx.doi.org/10.1590/S0004-282X2007000600003

Porto, I., Carvalho, F. A. H. de, Neves, V. T. das, Novo, M. S., & Castelli, C. M. (2010). Correlação entre níveis de autoestima, performance cognitiva e de memória em idosos: uma visão ecológica. Revista Ambiente e Educação, 15(1), 187-206.

Riedel, O., Klotsche, J., Spottke, A., Deuschl, G., Förstl, H., Henn, F., Heuser, I., Oertel, W., Reichmann, H., Riederer, P., Trenkwalder, C., Dodel, R., & Wittchen, H. U. (2008). Cognitive impairment in 873 patients with idiopathic Parkinson’s disease. Results from the german study on epidemiology of Parkinson’s disease with dementia (GEPAD). Journal of Neurology, 255(2), 255-264. http://dx.doi.org/10.1007/s00415-008-0720-2

Sarmento, A. R. L., Bertolucci, P. H. F., & Wajman, J. R. (2007). Montreal cognitive assessment: versão experimental brasileira. Recuperado em 13 set. 2010, disponível em: http://www.mocatest.org

Siedlecki, K. L., Stern, Y., Reuben, A., Sacco, R. L., Elkind, M. S. V., & Wright, C. B. (2009). Construct validity of cognitive reserve in a multiethnic cohort: The Northern Manhattan Study. Journal of the International Neuropsychological Society, 15, 558-569. http://dx.doi.org/10.1017/S1355617709090857

Solé-Padullés, C., Bartrés-Faz, D., Junqué, C., Vendrell, P., Rami, L., Clemente, I. C., Bosch, B., Villar, A., Bargalló, N., Jurado, M. A., Barrios, M., & Molinuevo, J. L. (2009). Brain structure and function related to cognitive reserve variables in normal aging, mild cognitive impairment and Alzheimer’s disease. Neurobiology of Aging, 30,

-1124. http://dx.doi.org/10.1016/j.neurobiolaging.2007.10.008

Stroop, J. R. (1935). Studies of interference in serial verbal reactions. Journal of Experimental Psychology, 18,643-662. http://dx.doi.org/10.1037/h0054651

Wechsler, D. (1997). Wechsler adult intelligence scale (3rd ed.). San Antonio: Psychological Corporation.

Wilson, B. A., Alderman, N., Burgess, P. W., Emslie, H., & Evans, J. J. (1996). The behavioural assessment of the dysexecutive syndrome. Bury St Edmunds: Thames Valley Company.

Zibetti, M. R., Gindri, G., Pawlowski, J., Fumagalli, J. F. de S., Parente, M. A. De M. P., Bandeira, D. R., Fachel, J. M. G., & Fonseca, R. P. (2010). Estudo comparativo de funções neuropsicológicas entre grupos etários de 21 a 90 anos. Revista Neuropsicologia Latinoamericana, 2(1), 55-67.

Zigmond, A. S., & Snaith, R. P. (1983). The hospital anxiety and depression scale. Acta Psychiatrica Scandinavica, 67, 361-370. http://dx.doi.org/10.1111/j.1600-0447.1983.tb09716.x

Downloads

Publicado

2015-04-22

Como Citar

Macuglia, G. R., Rieder, C. R. de M., Trentini, L. B., Filho, N. H., Moraes, A. L., & Almeida, R. M. M. de. (2015). Comprometimento Executivo nas Fases Leve à Grave da Doença de Parkinson. Psico, 46(2), 198–207. https://doi.org/10.15448/1980-8623.2015.2.15236

Edição

Seção

Artigos

Artigos mais lidos pelo mesmo(s) autor(es)