Da teoria do Big Bang à geometria fractal: uma reflexão sistêmica para a doença de Alzheimer

Autores

  • Maria Gabriela Valle Gottlieb Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul

DOI:

https://doi.org/10.15448/2357-9641.2015.1.22690

Palavras-chave:

Envelhecimento, Universo, Teoria da complexidade, Teoria do caos, Geometria fractal, Doença de Alzheimer.

Resumo

O processo contínuo de expansão do universo está provocando o seu arrefecimento, perda de energia e “degeneração”. Traçar uma analogia entre o processo de expansão ou de “envelhecimento” do universo e a neurodegeneração, tal como ocorre na doença de Alzheimer é uma tarefa difícil e complexa. No entanto, partindo do pressuposto que somos parte integrante do universo, que compartilhamos dos mesmos átomos e partículas, das mesmas leis que o regem podemos lançar mão de ferramentas filosóficas, científicas e tecnológicas para nos auxiliarmos na melhor compreensão, tanto dos fenômenos universais quanto neurodegenerativos. As teorias da complexidade e do caos e a geometria fractal lançam luz sobre essas questões e nos fornecem uma melhor compreensão a cerca dessa “desordem” indissociável, autocriativa e auto-organizável que permeia todos os sistemas complexos. Além disso, a geometria fractal tem sido descrita como uma ferramenta útil para melhorar a descrição da imagem de neurônios. Entretanto, a dimensão fractal sozinha não especifica completamente a morfologia de uma célula, na verdade é um parâmetro estatístico para identificar e diferenciar as classes de células neuronais. Estudos têm demonstrado que a dimensão fractal está correlacionada com o prejuízo cognitivo, e que a análise de dimensão fractal pode ser um método útil para avaliar a progressão da doença de Alzheimer. Dentro deste contexto, a proposta deste manuscrito é realizar uma reflexão sistêmica sobre o que pode estar associado à doença de Alzheimer, à luz de conceitos da física, da matemática e das ciências biológicas.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

Gamow G. The Evolution of the Universe. Nature. 1948;162:680-2.

Hubble E. A relation between distance and radial velocity among extra-galactic nebulae. PNAS. 1929;15:168-73.

Bugaj R. Corpus Hermeticum in history. Kwart Hist Nauki Tech. 2001;46(4):7-36.

Oestreicher C. A history of chaos theory. Dialogues Clin Neurosci. 2007;9(3):279-89.

Holm S. Does chaos theory have major implications for philosophy of medicine. Med Humanit. 2002;28(78-81):78.

Sharma V. Deterministic Chaos and Fractal Complexity in the Dynamics of Cardiovascular Behavior: Perspectives on a New Frontier. Open Cardiovasc Med J. 2009;3:110-23

Capra F. A teia da via. Uma nova compreensão científica dos sistemas vivos. 11ed. São Paulo: Editora Cultrix; 1996.

Lorenz EN. Deterministic nonperiodic flow. J Atmos Sciences. 1662;20:130-41.

Damasceno BP. Envelhecimento cerebral. O problema dos limites entre o normal e o patológico. Arq Neuropsiquiatr. 1999;57(1):78-83.

Nordon DG, Guimarães RR, Kozonoe DY, et al. Perda cognitiva em idosos. Rev Fac Cienc Med Sorocaba. 2009;11(3):5-8.

Dorszewska J. Cell biology of normal brain aging: synaptic plasticity-cell death. Aging Clin Exp Res. 2013;25(1):25-34.

Dukart J, Schroeter ML, Mueller K, Alzheimer’s Disease Neuroimaging I. Age correction in dementia – matching to a healthy brain. PloS one. 2011;6(7):e22193.

Heilig CW, Knopmann DS, Maestri AR. Dementia without Alzheimer pathology. Neurology. 1985;35(5):762-5.

Clark CM, Sharon X, Chittams KD, et al. Cerebrospinal fluid tau and beta amyloid. How well do these biomarkers reflect autopsy-confirmed dementia diagnoses? Arch Neurol. 2003;60:1696-702.

Katzman R, Terry R, De Teresa R et al. Clinical, pathological, and neurochemical changes in dementia: a subgroup with preserved mental status and numerous neocortical plaques. Ann Neurol. 2004;23(2):138-44.

Prince M, Acosta D, Ferri CP, et al. Dementia incidence and mortality in middle-income countries, and associations with indicators of cognitive reserve: a 10/66 Dementia Research Group population-based cohort study. Lancet. 2012;380(9836):50-8.

Nithianantharajah J, Hannan AJ. The neurobiology of brain and cognitive reserve: mental and physical activity as modulators of brain disorders. Prog Neurobiol. 2009;89(4):369-82.

Machado JC, Ribeiro RCL, Cotta RMM, et al. Declínio cognitivo de idosos e sua associação com fatores epidemiológicos em Viçosa, Minas Gerais. Rev Bras Geriat Gerontol. 2011;14(1):109-21.

Santos CS. Visão termodinâmica de alguns processo biológicos. Brasília, DF: Universidade Católica de Brasília; 2010.

Fernandez E, Jelinek HF. Use of fractal theory in neuroscience: methods, advantages, and potential problems. Methods. 2001;24(4):309-21.

Mandelbrot BB. Self-Affine Fractals and Fractal Dimension. Physica Scripta. 1985;32:257-60.

Mandelbrot BB. The fractal geometry of nature. New York: W.H. Freeman and Company; 1982.

Di Ieva A, Esteban FJ, Grizzi F, et al. Fractals in the neurosciences, Part II: clinical applications and future perspectives. Neuroscientist. 2015;21(1):30-43.

Iannaccone PM, Khokha M. Fractal Geometry in Biological Systems: An Analytical Approach. New York: CRC Press; 1996. 384 p.

Karperien A, Jelinek HF, Milošević NT. Multifractals: a Review with an Application in Neuroscience. In: IAFA, editor. CSCS18-18th International Conference on Control Systems and Computer Science: Fifth Symposium on Interdisciplinary Approaches in Fractal Analysis Proceedings; Bucharest, Romania: Politehnica press; 2011. p. 888-93.

Vicsek T, Family F, Meakin P. Multifractal Geometry of Diffusion-Limited Aggregates. Europhys Lett. 1990; 12(3):217-22.

Zhang L, Dean D, Liu JZ, et al. Quantifying degeneration of white matter in normal aging using fractal dimension. Neurobiol Aging. 2007;28(10):1543-55.

King RD, Brown B, Hwang M, et al, Alzheimer’s Disease Neuroimaging I. Fractal dimension analysis of the cortical ribbon in mild Alzheimer’s disease. Neuroimage. 2010;53(2):471-9.

Nagao M, Sugawara Y, Ikeda M, et al. Heterogeneity of cerebral blood flow in frontotemporal lobar degeneration and Alzheimer’s disease. Eur J Nucl Med Mol Imaging. 2004;31(2):162-8.

Nagao M, Sugawara Y, Ikeda M, et al. Heterogeneity of posterior limbic perfusion in very early Alzheimer’s disease. Neurosci Res. 2006;55(3):285-91.

Nagao M, Murase K, Kikuchi T, et al. Fractal analysis of cerebral blood flow distribution in Alzheimer’s disease. J Nucl Med. 2001;42(10):1446-50.

Driver SP, Wright AH, Andrews SK, et al. Galaxy And Mass Assembly (GAMA) project. International Astronomical Union XXIX General Assembly in Honolulu, Hawaii, 10 August 2015.

Goldberger JP, Rigney DR, West BJ. Chaos and fractals in human physiology. Scientific American. 1990;262(2): 42-9.

Sussillo D, Abbott LF. Generating coherent patterns of activity from chaotic neural networks. Neuron. 2009;63: 544-57.

Buonomano DV, Maass W. State-dependent computations: spatiotemporal processing in cortical networks. Nat Rev Neurosci. 2009;10(2):113-25.

Laje R, Buonomano DV. Robust timing and motor patterns by taming chaos in recurrent neural networks. Nat Neurosci. 2013;16(7):925-33.

Borges-Osório MR, Robinson WM. Genética Humana. Porto Alegre-RS: Artmed.; 2013.

Downloads

Publicado

2015-12-15

Como Citar

Gottlieb, M. G. V. (2015). Da teoria do Big Bang à geometria fractal: uma reflexão sistêmica para a doença de Alzheimer. PAJAR - Pan-American Journal of Aging Research, 3(1), 22–28. https://doi.org/10.15448/2357-9641.2015.1.22690

Edição

Seção

Artigo de Reflexão