O cinejornal Kuxa Kanema e a imagem de Samora Machel

Autores

  • Pedro Oliveira Barbosa Programa de Pós-Graduação em História da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul

DOI:

https://doi.org/10.15448/21778-3748.2018.2.29734

Palavras-chave:

Moçambique, Samora Machel, Kuxa Kanema

Resumo

Após a independência de Moçambique em 1975 Samora Machel tornou-se o primeiro presidente do país. Ele foi responsável por criar um regime autoritário que visava a construção nacional como maior prioridade. Foi nesse sentido que construiu o projeto do “Homem Novo”, que visava promover uma sociedade que unisse os valores do marxismo-leninismo com o combate aos valores tradicionais presentes naquele contexto. O Instituto Nacional de Cinema foi criado nesse período como forma de difundir esses valores que eram almejados pelo poder político. Foi esse o contexto de produção do cinejornal Kuxa Kanema, que tinha então entre seus objetivos promover uma narrativa a respeito de Samora Machel como forma associá-lo a eles. Nesse sentido, criou-se a imagem dele como um político carismático, popular, que se destacava como um legítimo marxista e com uma inquestionável liderança no cenário internacional. Mais que isso, ele se destaca como um líder profético, que guia o povo pelos caminhos que estão por vir, associado a figura do mito do salvador apontada por Girardet (1987).

 

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Biografia do Autor

Pedro Oliveira Barbosa, Programa de Pós-Graduação em História da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul

Mestrando em História pelo Programa de Pós-Graduação em História da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul.

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Publicado

2018-12-18

Como Citar

Barbosa, P. O. (2018). O cinejornal Kuxa Kanema e a imagem de Samora Machel. Oficina Do Historiador, 11(2), 139–158. https://doi.org/10.15448/21778-3748.2018.2.29734

Edição

Seção

Artigos