Fotografia e antropogênese: o melhor amigo do homem

Autores

  • Mauricio Lissovsky Universidade Federal do Rio de Janeiro

DOI:

https://doi.org/10.15448/1980-864X.2018.1.27487

Palavras-chave:

fotografia, cachorros, anões, máquina antropológica

Resumo

Observando as formulações assumidas pela distinção humano/animal ao longo da história da filosofia, Giorgio Agamben (2004) concluiu que qualquer conceito de humanidade deveria tanto excluir como incluir a natureza animal. Denominou esse dispositivo metafísico de “máquina antropológica”, o processo histórico que produz separações e reconciliações entre humanidade e animalidade (tais como as relações entre corpo e alma, por exemplo). No interior dessa máquina haveria uma zona de indeterminação onde é possível perceber a tensão entre gente e bicho, onde o movimento de separação é suspenso e a própria máquina exibe sua engrenagem capenga. Seria possível flagrar esse momento? Seria possível visitar esse lugar? A premissa dessa pesquisa é que a câmera fotográfica, como máquina antropológica, tem seu papel antropogênico particularmente visível quando os seres humanos são fotografados acompanhados de cães. Valendo-se de obras como os pintores Velasquez e Rembrandt e fotógrafos como Robert Capa e William Wegman o presente ensaio visa justificar essa premissa.

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Biografia do Autor

Mauricio Lissovsky, Universidade Federal do Rio de Janeiro

Professor Associado da Escola de Comunicação da UFRJ. Pesquisador do CNPq, nível 2. Coordeandor da Área de Comunicação e Informação/CAPES

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Publicado

2018-04-18

Como Citar

Lissovsky, M. (2018). Fotografia e antropogênese: o melhor amigo do homem. Estudos Ibero-Americanos, 44(1), 17–27. https://doi.org/10.15448/1980-864X.2018.1.27487

Edição

Seção

Dossiê - Fotografia, Cultura Visual e História: perspectivas teóricas e metodológicas