A identidade de Portugal no discurso da direita radical: do multirracialismo ao etnonacionalismo

Autores

  • Riccardo Marchi Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa - ICS/UL

DOI:

https://doi.org/10.15448/1980-864X.2015.2.21889

Palavras-chave:

Portugal, direita radical, nacionalismo, racismo.

Resumo

A identidade da direita radical portuguesa do segundo pós-guerra é caracterizada pelo marco histórico do 25 de Abril de 1974. Antes da Revolução dos Cravos, a direita radical identificava-se, embora numa postura sempre crítica, com a cultura política nacionalista do regime autoritário e, principalmente, com o discurso pluricontinental e multirracial ligado ao mito de Portugal Império. O fim do Império com a queda do regime autoritário e a instauração da democracia torna a direita radical portuguesa um actor político antissistema com um discurso cada vez mais alheio ao mito de Portugal do Minho a Timor e mais próximo das posições identitárias e racialistas das extremas-direitas europeias e norte-americanas. Esta transformação gradual na cultura política da direita radical portuguesa coincide também com uma mudança geracional na militância desta área política no último quartel do século XX e na alvorada do século XXI. O artigo analisa as dinâmicas geracionais, organizativas e ideológicas que caracterizaram a direita radical portuguesa, através do discurso dos grupos nacionalistas surgidos no eclodir da Guerra do Ultramar em 1961 e do discurso do mais mediático grupo radical do final do século: o Movimento de Acção Nacional.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

ANTONSICH, Marco. National identities in the age of globalisation: The case of Western Europe. National Identities, v. 11, n. 3, 281-299, 2009.

BARNES, Ian. Antisemitic Europe and the ‘Third Way’: The ideas of Maurice Bardeche. Patterns of Prejudice, v. 34, n. 2, 57-73, 2000.

BRITO, António José de. Nacionalismo ontem e hoje. In: AA.VV. (Ed.). Rumo ao futuro. Lisboa: Nova Arrancada, 2003. p. 27-50.

______. Para a compreensão do fascismo. Lisboa: Nova Arrancada, 1999.

______. O destino do nacionalismo português. Lisboa: Verbo, 1962.

BETZ, Hans-Georg. The growing threat of the radical right. In: MERKL, Peter H.; WEINBERG, Leonard (Orgs.). Right-Wing Extremism in the twenty-first century. Londres: Frank Cass, 2003. p. 74-93.

ELLINAS, Antonis. The media and the far right in Western Europe. Cambridge: Cambridge University Press, 2010.

GRIFFIN, Roger. From slime mould to rhizome: an introduction to the groupuscular right. Patterns of Prejudice, v. 37, n. 1, p. 25-50, 2003.

______. The incredible shrinking-ism: the survival of fascism in the post fascist era. Patterns of Prejudice, v. 36, n. 3, p. 3-8, 2002.

IGNAZI, Piero. The silent counter-revolution. Hypotheses on the emergence of extreme right-wing parties in Europe. European Journal of Political Research, v. 22, n. 1, p. 3-34, 2006.

______. Extreme Right Parties in Western Europe. Oxford: Oxford University Press, 2003.

JARDIM, Miguel. O nacionalismo do século XXI: rumos e soluções. In: AA.VV. (Ed.). Rumo ao futuro. Lisboa: Nova Arrancada, 2003. p. 117-120.

KAPLAN, Jeffrey; WEINBERG, Leonard. The emergence of a Euro- American radical right. London: Rutgers University Press, 1998.

MARCHI, Riccardo. A oposição de direita à política ultramarina de Marcelo Caetano. Lusíada, n. 7, p. 521-542, 2010.

______. Império Nação Revolução. As direitas radicais portuguesas no fim do Estado Novo 1959-1974. Alfragide: Texto, 2009.

MUDDE, Cas. The ideology of the extreme right. Manchester: Manchester University Press, 2000.

FURLOG, Paul. Social and political thought of Julius Evola. Oxon: Routledge, 2011.

SHEKHOVTSOV, Anton. European far-right music and its Enemies. London: Routledge, 2012.

SOBRAL, José Manuel. Dimensões étnicas e cívicas e glorificação do passado em representação da identidade nacional portuguesa numa perspectiva comparada. In: SOBRAL, José Manuel; VALA, Jorge. Identidade nacional, inclusão e exclusão social. Lisboa: Imprensa de Ciências Sociais, 2010. p. 81-110.

TAGUIEFF, Pierre-André. L’illusione populista. Milano: Mondadori, 2003.

TEIXEIRA, Nuno Severiano. Breve ensaio sobre a política externa portuguesa. Relações Internacionais, n. 28, p. 51-60, 2010.

ZÚQ UETE, José Pedro. A extrema-direita europeia e o Islão. Análise Social, v. XLVI, n. 201, p. 653-677, 2011.

Downloads

Publicado

2015-11-29

Como Citar

Marchi, R. (2015). A identidade de Portugal no discurso da direita radical: do multirracialismo ao etnonacionalismo. Estudos Ibero-Americanos, 41(2), 422–442. https://doi.org/10.15448/1980-864X.2015.2.21889

Edição

Seção

Revoltas Populares Contemporâneas Numa Perspectiva Comparada