Incidência e fatores associados ao desmame simples, difícil e prolongado em uma unidade de terapia intensiva
DOI:
https://doi.org/10.15448/1983-652X.2016.3.22503Palavras-chave:
epidemiologia, desmame do respirador, classificação, unidades de terapia intensiva.Resumo
Introdução: A classificação do desmame ventilatório é uma ferramenta útil e importante dentro das unidades de terapia intensiva (UTI) com o intuito de conhecer a realidade do serviço.
Objetivo: Determinar a incidência e os fatores associados ao desmame simples, difícil e prolongado em pacientes internados em uma UTI geral adulto.
Materiais e Métodos: Estudo de coorte prospectivo realizado em um Hospital de Grande Porte no interior do Estado do Rio Grande do Sul - Brasil, entre janeiro e abril de 2014. Foram incluídos 25 pacientes submetidos à ventilação mecânica invasiva (VM) em tempo superior a 24 horas e que realizaram o teste de respiração espontânea.
Resultados: A incidência de desmame simples, difícil e prolongado foi de 52% (n=13), 32% (n=8) e 16% (n=4), respectivamente. Os dias de internação na UTI (p=0,039), dias de VM (p=0,002) e dias de desmame da VM (p<0,001) foram superiores no grupo desmame prolongado. A incidência de pneumonia associada à VM (PAV) (p=0,016), realização de traqueostomia (p=0,045), VM prolongada (p=0,011) e VM controlada prolongada (p=0,028) foi maior no grupo desmame prolongado. Houve uma tendência de maior mortalidade na UTI no grupo desmame prolongado, no entanto, sem diferença estatisticamente significativa (p=0,066).
Conclusão: O desmame prolongado está associado ao aumento nos dias de internação na UTI, dias de VM e dias de desmame da VM, assim como na incidência de PAV, realização de traqueostomia, VM prolongada e VM controlada prolongada. Esses resultados nos mostram que nenhum esforço deve ser poupado em relação ao desmame, devendo esse ser otimizado a fim de evitar ou pelo menos reduzir complicações e intervenções.
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