Produtos processados e ultraprocessados e ingestão de nutrientes em crianças

Autores

  • Giovanna Tedesco Barcelos Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre
  • Fernanda Rauber Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre
  • Márcia Regina Vitolo Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre

DOI:

https://doi.org/10.15448/1983-652X.2014.3.19755

Palavras-chave:

alimentos industrializados, crianças, ingestão de energia

Resumo

Objetivo: Avaliar a ingestão de produtos alimentícios processados e ultraprocessados entre crianças de baixa condição socioeconômica e sua influência na ingestão de energia, macronutrientes, sódio e fibras.

Materiais e Métodos: Estudo transversal com dados de crianças de 7-8 anos que participaram de um ensaio de campo randomizado realizado em São Leopoldo/RS. Foram coletados dados socioeconômicos e familiares e realizados dois inquéritos recordatórios de 24 horas. A avaliação do consumo de produtos alimentícios pelas crianças foi obtida por meio da classificação dos alimentos que considera o grau de processamento utilizado na produção. A quantidade em gramas e a estimativa da energia proveniente dos produtos alimentícios foram obtidas e os tercis do percentual de energia total da dieta proveniente desses produtos foram utilizados nas análises.

Resultados: Foram avaliados os dados de 307 crianças. A média de energia da dieta proveniente de produtos alimentícios processados e ultraprocessados representou 48,6% da energia total consumida pelas crianças. Entre as crianças no maior tercil de percentual de energia da dieta proveniente destes produtos alimentícios, o consumo de energia, carboidratos, gorduras totais, saturadas e sódio foi maior que nos demais tercis, enquanto o consumo de proteínas e fibras foi menor (p<0,05).

Conclusão: Entre crianças escolares de baixa condição socioeconômica, o consumo de produtos alimentícios processados e ultraprocessados representaram aproximadamente 50% da energia diária consumida, sugerindo risco para desenvolvimento de obesidade e doenças associadas visto que o consumo desses produtos foi associado a dietas com mais energia, gorduras e sódio e menor teor de proteínas e fibras.

Referências

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa de Orçamentos Familiares 2008-2009. Avaliação nutricional da disponibilidade domiciliar de alimentos no Brasil. Rio de Janeiro (RJ): IBGE; 2010.

Monteiro CA, Levy RB, Claro RM, Castro INRR, Cannon G. Increasing consumption of ultra-processed foods and likely impact on human health: evidence from Brazil. Public Health Nutrition. 2010; 14(1), 5–13. doi:10.1017/ S1368980010003241

Kavey R-EW, Simons-Morton DG, de Jesus JM, Suppl Editors. National Heart, Lung, and Blood Institute. Expert panel on inte-grated guidelines for cardiovascular health and risk reduction in children and adolescents: summary report. Pediatrics. 2011;128 Suppl 5:S213-56. doi: 10.1542/peds.2009-2107C.

Monteiro CA, Cannon G, Levy RB, Claro R, Moubarac J-C. The Food System. Ultra-processing. The big issue for nutrition, disease, health, well-being. World Nutrition, December 2012; 3(12):527-69.

Carmo MB, Toral N, Silva MV, Slater B. Consumo de doces, refrigerantes e bebidas com adição de açúcar entre adolescentes da rede pública de ensino de Piracicaba, São Paulo. Rev Bras de Epidemiol. 2006; 9(1): 121-30.

Rivera FSR, Souza EMT. Consumo alimentar de escolares de uma comunidade rural. Comun Ciênc Saúde. 2006;17(2): 111-9.

Babey SH, Wolstein J, Diamant AL. Food Environments Near Home and School Related to Consumption of Soda and Fast Food. Los Angeles, CA: UCLA Center for Health Policy Research; 2011.

Langellier BA. The food environment and student weight status, Los Angeles County, 2008-2009. Prev Chronic Dis. 2012; 9:110191.

Ford CN, Slining MM, Popkin BM. Trends in dietary intake among US 2 to 6-year-old children, 1989-2008. J Acad Nutr Diet. 2013; 113(1):35-42. doi: 10.1016/ j.jand.2012.08.022.

Johansson I, Holgerson PL, Kressin NR, Nunn ME, Tanner AC. Snacking habits and caries in young children. Caries Res. 2010; 44:421-30. doi: 10.1159/000318569

Ifland JR, Preuss HG, Marcus MT, Rourke KM, Taylor WC, Burau K, Jacobs WS, Kadish W, Manso G. Refined food addiction: A classic substance use disorder. Med Hypotheses. 2009; 72(5):518-26.

Yeomans MR, Blundell JE, Leshem M. Palatability: response to nutritional need or need-free stimulation of appetite? Brit J Nutr. 2007; 92 Suppl 1:3-14. doi: 10.1079/BJN20041134.

Mehta K, Phillips C, Ward P, Coveney J, Handsley E, Carter P. Marketing foods to children through product packaging: prolific, unhealthy and misleading. Public Health Nutr. 2012; 15(9):1763-70. doi: 10.1017/ S1368980012001231.

Costa SMM, Horta PM, Santos LC dos. Análise dos alimentos anunciados durante a programação infantil em emissoras de canal aberto no Brasil. Rev Bras Epidemiol 2013; 16(4): 976-83.

Leite FH, Oliveira MA, Cremm EC, de Abreu DS, Maron LR, Martins PA. Availability of processed foods in the perimeter of public schools in urban areas. J Pediatr (Rio J). 2012; 88(4):328-34. doi:10.2223/JPED.2210.

de Onis M, Blössner M, Borghi E. Global prevalence and trends of overweight and obesity among preschool children. Am J Clin Nutr. 2010; 92: 1257-64. doi: 10.3945/ajcn.2010.29786.

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa de Orçamentos Familiares 2008-2009. Antropometria e estado nutricional de crianças, adolescentes e adultos no Brasil. Rio de Janeiro (RF): IBGE; 2010.

Craigie AM, Lake AA, Kelly SA, Adamson AJ, Mathers JC. Tracking of obesity-related behaviours from childhood to adulthood: a systematic review. Maturitas. 2011; 70(3):266-84. doi: 10.1016/j.maturitas.2011.08.005.

Gardner DS, Hosking J, Metcalf BS, Jeffery AN, Voss LD, Wilkin TJ. Contribution of early weight gain to childhood overweight and metabolic health: a longitudinal study (EarlyBird 36). Pediatrics. 2009; 123: e67-73. doi: 10.1542/peds.2008-1292.

Vitolo MR, Bortolini GA, Feldens CA, Drachler ML. Impactos da implementação dos dez passos da alimentação saudável para crianças: ensaio de campo randomizado. Cad Saúde Pública. 2005; 21(5):1448-57. doi: 10.1590/S0102-311X2005000500018.

Moubarac JC, Parra DC, Cannon G, Monteiro CA. Food classification systems based on food processing: significance and implications for policies and actions: a systematic literature review and assessment. Curr Obes Rep. 2014; 3(2):256-72. doi: 10.1007/s13679-014-0092-0.

Lanigan J, Singhal A. Early nutrition and long-term health: a practical approach. Proc Nutr Soc. 2009 Nov;68(4):422-9. doi: 10.1017/S002966510999019X.

Rouhani MH, Mirseifinezhad M, Omrani N, Esmaillzadeh A, Azadbakht L. Fast food consumption, quality of diet, and obesity among Yahanian adolescent girls. J Obes. 2012; 2012:597924. doi: 10.1155/2012/597924.

Song WO, Wang Y, Chung CE, Song B, Lee W, Chun OK. Is obesity development associated with dietary sugar intake in the U.S?. Nutrition. 2012; 28:1137-41. doi: 10.1016/j.nut.2012.03.008.

Fernandes RA, Casonatto J, Christofaro DGD, Ronque ERV, de Oliveira AR, Júnior IFF. Riscos para o excesso de peso entre adolescentes de diferentes classes socioeconômicas. Rev Assoc Med Bras. 2008; 54(4):334-8.

Canella DS, Levy RB, Martins AP, Claro RM, Moubarac JC, Baraldi LG, Cannon G, Monteiro CA. Ultra-processed food products and obesity in brazilian households (2008-2009). PLoS One. 2014; 9(3):e92752. doi: 10.1371/journal.pone.0092752.

Tavares LF, Fonseca SC, Rosa MLG, Yokoo EM. Relationship between ultra-processed foods and metabolic syndrome in adolescents from a Brazilian Family Doctor Program. Public Health Nutrition. 2011; 15(1):82-7. doi: 10.1017/S1368980011001571.

De Graaf, C. Effects of snacks on energy intake: an evolutionary perspective. Appetite. 2006; 47(1):18-23. doi:10.1016/j.appet.2006.02.007.

Piernas C, Popkin BM. Increased portion sizes from energy-dense foods affect total energy intake at eating occasions in US children and adolescents: patterns and trends by age group and sociodemographic characteristics, 1977-2006. Am J Clin Nutr. 2011; 94:1324-32. doi: 10.3945/ajcn.110.008466.

Reedy J, Krebs-Smith, SM. Dietary sources of energy, solid fats, and added sugars among children and adolescents in the United States. J Am Diet Assoc. 2010; 110(10):1477-84. doi: 10.1016/j.jada.2010.07.010.

Slavin JL. Position of the American Dietetic Association: health implications of dietary fiber. J Am Diet Assoc. 2008; 108: 1716-31.

Mello CS, Freitas KC, Tahan S, de Morais MB. Consumo de fibra alimentar por crianças e adolescentes com constipação crônica: influência da mãe ou cuidadora e relação com excesso de peso. Rev Paul Pediatr 2010; 28(2):188-93.

Martins AP, Levy RB, Claro RM, Moubarac JC, Monteiro CA. Participação crescente de produtos ultraprocessados na dieta brasileira (1987-2009). Rev Saude Publica. 2013;47(4):656-65. doi: 10.1590/S0034-8910. 2013047004968.

Vitolo MR, Louzada MLC, Rauber F, Campagnolo PDB. Risk factors for high blood pressure in low income children aged 3-4 years. Eur J Pediatr. 2013; 172(8):1097-103. doi: 10.1007/s00431-013-2012-9.

Rauber F, Hoffman DJ, Vitolo MR. Diet quality from pre-school to school age in Brazilian children: a 4-year follow-up in a randomized control study. Br J Nutr. 2014; 111(3):499-505. doi: 10.1017/S0007114513002857.

Beskow CB, da Costa ML, Rauber F, Campagnolo PD, Vitolo MR. Consumo alimentar de risco para doença cardiovascular entre crianças de baixo nível socioeconômico. Nutr Pauta; 2012; 117.

Castro TG, Baraldi LG, Muniz PT, Cardoso MA. Dietary practices and nutritional status of 0-24-month-old children from Brazilian Amazonia. Public Health Nutr. 2009; 12(12):2335-42. doi: 10.1017/S1368980009004923.

Bellisle F, Rolland-Cachera MF; Kellogg Scientific Advisory Committee. Three consecutive (1993, 1995, 1997) surveys of food intake, nutritional attitudes and knowledge, and lifestyle in 1000 French children, aged 9-11 years. J Hum Nutr Diet. 2007; 20(3):241-51. doi: 10.1111/j.1365-277X.2007.00773.x.

Downloads

Publicado

2014-12-31

Edição

Seção

Artigos Originais