Hábitos de vida e condições de saúde dos caminhoneiros do Brasil: uma revisão da literatura

Autores

  • Angélica Alessi Faculdade Cenecista de Bento Gonçalves
  • Márcia Keller Alves Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Faculdade Cenecista de Bento Gonçalves

DOI:

https://doi.org/10.15448/1983-652X.2015.3.18184

Palavras-chave:

fatores de risco, estilo de vida, riscos ocupacionais, saúde do trabalhador.

Resumo

Introdução: O trabalho como motorista de caminhão pode levar a prejuízos à saúde, pois favorece a adoção de estilos de vida pouco saudáveis, além de práticas que deixam estes profissionais vulneráveis a doenças. Sedentarismo, hábitos alimentares inadequados, excesso de peso e nível de estresse elevado são fatores que contribuem para o aparecimento das mesmas.
Objetivo: Revisar os hábitos de vida e condições de saúde dos caminhoneiros do Brasil. 
Materiais e Métodos: Foi realizado levantamento bibliográfico na Base de Dados MedLine através do site de busca da Biblioteca Virtual em Saúde, usando as palavras-chaves “caminhoneiro”, “caminhão” e “motorista de caminhão”. Para a seleção, foi aplicado o filtro “ano de publicação”, buscando apenas artigos publicados a partir de 2002. Os artigos encontrados foram selecionados quanto à originalidade e relevância, considerando-se a adequação do delineamento, número amostral e relação do conteúdo com as questões de pesquisa.
Resultados: Foram identificados 61 artigos e incluídos 18 trabalhos que apontam fatores de risco para doenças crônicas não transmissíveis, bem como a presença destas doenças em alguns caminhoneiros. Verificou-se ainda que a trajetória do caminhoneiro interfere em sua saúde, pois o torna vulnerável a adoção de hábitos de vida pouco saudáveis, comportamento que pode ser encontrado em profissionais submetidos a condições semelhantes de trabalho.
Conclusão: Os caminhoneiros possuem hábitos de vida nocivos à saúde, tais como alimentação não saudável, falta de atividade física, tempo insuficiente de descanso, vícios (cigarro e álcool), além do uso de drogas, exposição a doenças transmissíveis e ausência de controle periódico em saúde. Isto pode estar relacionado às doenças encontradas nestes profissionais, como hipertensão arterial, excesso de peso, diabetes mellitus, dislipidemias e doenças infectocontagiosas.

Biografia do Autor

Angélica Alessi, Faculdade Cenecista de Bento Gonçalves

Curso de Bacharelado em Nutrição

Márcia Keller Alves, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Faculdade Cenecista de Bento Gonçalves

Curso de Bacharelado em Nutrição

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Publicado

2016-01-21

Edição

Seção

Artigos de Revisão