Entre amas de leite, especialistas, mães e creches: concepções sobre bebês no Brasil

Autores

  • Carolina Machado Castelli Universidade Federal de Santa Catarina
  • Ana Cristina Coll Delgado Universidade Federal de Pelotas

DOI:

https://doi.org/10.15448/1981-2582.2017.3.26831

Palavras-chave:

Bebês. História da Infância. Pedagogia.

Resumo

Este artigo é um ensaio decorrente de pesquisa teórica a respeito de concepções sobre bebês na realidade brasileira. O principal objetivo é discutir ideias sobre os bebês que têm circulado no Brasil, desde séculos passados, e que ainda têm desdobramentos hoje. O estudo é baseado em autores da História da Infância e dos Estudos da Infância. São discutidas quatro das muitas concepções sobre bebês: o bebê das amas de leite; o bebê dos especialistas; o bebê das mães; e o bebê das creches. A partir disso, são traçadas reflexões acerca da problemática no contexto atual, sendo perceptível que esses conceitos influenciam o panorama contemporâneo, o qual, por sua vez, difere bastante de séculos passados. Perceber outras realidades, identificar as concepções acerca dos bebês e prestar atenção em suas ações são condutas que permitem conhecê-los melhor, lutar por seus direitos e propor práticas que salientem e potencializem suas capacidades.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Carolina Machado Castelli, Universidade Federal de Santa Catarina

Doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Pelotas – UFPel e Pedagoga do Núcleo de Desenvolvimento Infantil da Universidade Federal de Santa Catarina – NDI/UFSC.

Ana Cristina Coll Delgado, Universidade Federal de Pelotas

Professora do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Pelotas - UFPel.

Referências

ALMEIDA, João Aprígio Guerra de. Amamentação: Um híbrido natureza-cultura. 20. ed. Rio de Janeiro: Fiocruz, 1999.

ARIÈS, Philippe. História social da criança e da família. Rio de Janeiro: Guanabara, 1981.

BADINTER, Elisabeth. Um amor conquistado: o mito do amor materno. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1985.

BARBOSA, Maria Carmen Silveira. As especificidades da ação pedagógica com os bebês. In: Consulta pública para reflexão e construção de Orientações Curriculares para a Educação Infantil. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, ago. 2010. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&task=doc_download&gid=6670&Itemid=>. Acesso em: 2 fev. 2014.

BÁRCENA, Fernando; MÈLICH, Joan-Carles. La educación como acontecimiento ético: Natalidad, narración y hospitalidad. Barcelona: Paidós, 2000.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm>. Acesso em: 15 dez. 2013.

BRASIL. Emenda Constitucional nº 59, de 11 de novembro de 2009. Acrescenta § 3º ao art. 76 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias para reduzir, anualmente, a partir do exercício de 2009, o percentual da Desvinculação das Receitas da União incidente sobre os recursos destinados à manutenção e desenvolvimento do ensino de que trata o art. 212 da Constituição Federal, dá nova redação aos incisos I e VII do art. 208, de forma a prever a obrigatoriedade do ensino de quatro a dezessete anos e ampliar a abrangência dos programas suplementares para todas as etapas da educação básica, e dá nova redação ao § 4º do art. 211 e ao § 3º do art. 212 e ao caput do art. 214, com a inserção neste dispositivo de inciso VI. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/emendas/emc/emc59.htm>. Acesso em: 31 jan. 2014.

BRASIL. Lei nº 8.069/90, de 13 de julho de 1990. Estatuto da Criança e do Adolescente. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8069.htm>. Acesso em: 15 jan. 2014.

BRASIL. Lei nº 12.796, de 4 de abril de 2013. Altera a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para dispor sobre a formação dos profissionais da educação e dar outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2013/lei/l12796.htm>. Acesso em: 31 jan. 2014.

CARVALHO, Marília Pinto de. O “cuidado” escolar como forma histórica de relação adulto-criança. In: CARVALHO, Marília Pinto de. No coração da sala de aula: gênero e trabalho docente nas séries iniciais. São Paulo: Xamã, 1999.

CHAMBOREDON, Jean-Claude; PRÉVOT, Jean. O ofício de criança. Definição social da primeira infância e funções diferenciadas da escola maternal. In: Cadernos de Pesquisa, São Paulo, n. 59, p. 32-56, nov. 1986.

CIVILETTI, Maria Vitória Pardal. O cuidado às crianças pequenas no Brasil escravista. In: Cadernos de Pesquisa, São Paulo, n. 76, p. 31-40, fev. 1991.

COHN, Clarice. Antropologia da criança. 2. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 2009.

CORSARO, William Arnold. Métodos etnográficos no estudo de cultura de pares e das transições iniciais da vida das crianças. In: MÜLLER, Fernanda; CARVALHO, Ana Maria Almeida. Teoria e prática na pesquisa com crianças: diálogos com William Corsário. São Paulo: Cortez, 2009.

CUZZIOL, Ana Paula Gomes. “Pequenos-gigantes” entre si: notas etnográficas acerca da capacidade e da disponibilidade dos bebês em viver sociocultural mente, 2013. Dissertação (Mestrado em Educação) – Faculdade de Educação, Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2013.

DOLTO, Françoise. La cause des enfants. Paris: Éditions Robert Laffont, 1985.

DONZELOT, Jacques. A conservação das crianças. In: DONZELOT, Jacques. A política das famílias. 2. ed. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1986.

ELIAS, Norbert. O processo civilizador. 2. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 2011. Vol. 1: Uma história dos costumes.

FOCHI, Paulo Sergio. “Mas os bebês fazem o quê no berçário, hein?”: documentando ações de comunicação, autonomia e saber-fazer de crianças de 6 a 14 meses em contextos de vida coletiva. 2013. Dissertação (Mestrado em Educação) – Faculdade de Educação, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2013.

FOUCAULT, Michel. A ética do cuidado de si como prática de liberdade. In: FOUCAULT, Michel. Ética, sexualidade, política. 3. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2012.

GEERTZ, Clifford. A interpretação das culturas. 13. reimpor. Rio de Janeiro: LTC, 2008.

GOTTLIEB, Alma. Para onde foram os bebês? Em busca de uma Antropologia de bebês (e de seus cuidadores). In: Psicologia USP, São

Paulo, v. 20, n. 3, p. 313-336, 2009.

INVENÇÃO da Inf ância , A. Direção: Liliana Sulzbach, Produtoras: Monica Schmiedt, Liliana Sulzbach. Porto Alegre: M. Schmiedt Produções, 2000. 26 min.

KUHLMANN JR., Moysés. Infância e Educação Infantil:uma abordagem histórica. Porto Alegre: Mediação, 1998.

MAGALHÃES, Maria das Graças Sandi. Medos, mimos e cuidados – leituras úteis para educar as mães: os guias maternos brasileiros (1919-1957), 2011. Tese (Doutorado em Educação) – Faculdade de Educação, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2011.

MALINOVSKI, Bronislaw. Os argonautas do Pacífico Ocidental – introdução: objeto, método e alcance desta investigação. In: Etnologia, Lisboa, n. s., n. 6-8, p. 17-37, 1997. (mimeo).

MARCÍLIO, Maria Luiza. A roda dos expostos e a criança abandonada na História do Brasil. 1726-1950. In: FREITAS, Marcos Cezar de (Org.). História Social da Infância no Brasil. São Paulo: Cortez Editora, 1997.

MEAD, Margaret. Growing up in New Guinea: a comparative study of primitive education. New York: William Morrow & Sons, 1931.

MOZÈRE, Liane. Como acender ao desejo das crianças pequenas e como sustentá-lo? In: Pró-Posições, Campinas, v. 24, n. 3 (72), p. 31-44, set.-dez. 2013.

MOZÈRE, Liane. Is experimenting on an Immanent Level possible in RECE (Reconceptualizing Early Childhood Education)? In: Indo-Pacific Journal of Phenomenology, South Africa-Australia, v. 12, p. 1-9, May 2012. Disponível em: <http://www.ajol.info/index.php/ipjp/article/view/ 94602/83973>. Accesso em: 20 jan. 2014.

NEYRAND, Gérard. L'enfant, la mère et la question du père. Un bilan critique de l'évolution des savoirs sur la petite enfance, 2. ed. Paris: Presses Universitaires de France, 2000.

NUNES, Ângela. Brincando de ser criança: contribuições da etnologia indígena brasileira à antropologia da infância. 2003. Tese (Doutorado em Antropologia) – Departamento de Antropologia, Instituto Universitário de Lisboa, Lisboa, 2003.

ONU. Convenção sobre os Direitos da Criança. 1989. Disponível em: <http://www2.camara.leg.br/atividade-legislativa/comissoes/comissoes-permanentes/cdhm/comite-brasileirode-direitos-humanos-e-politica-externa/ConvDirCrian.html>.

Acesso em: 4 fev. 2014.

ONU. Declaração dos Direitos da Criança. 1959. Disponível em: <http://www2.camara.leg.br/atividade-legislativa/comissoes/comissoes-permanentes/cdhm/comite-brasileirode-direitos-humanos-e-politica-externa/DeclDirCrian.html>.

Acesso em: 4 fev. 2014.

PEREIRA, Rachel Freitas. As crianças bem pequenas na produção de suas culturas. 2011. Dissertação (Mestrado em Educação) – Faculdade de Educação, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2011.

PINO, Angel. As marcas do humano: às origens da constituição cultural da criança na perspectiva de Lev S. Vigotski. São Paulo: Cortez, 2005.

RIBEIRO, Darcy. O povo brasileiro – a formação e o sentido do Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.

RIO GRANDE DO SUL. Tribunal de Contas do Estado do Rio Grande do Sul. Radiografia da Educação Infantil no Estado do Rio Grande do Sul em 2013. Porto Alegre: Tribunal de Contas, 2015. Disponível em: <http://www1.tce.rs.gov.br/portal/page/portal/noticias_internet/textos_diversos_pente_fino/educacaocapa2015.pdf>. Acesso em: 31 jan. 2015.

ROGOFF, Barbara. A natureza cultural do desenvolvimento humano. Porto Alegre: Artmed, 2005.

ROSEMBERG, Fúlvia. Educação para quem? In: Ciência e Cultura, Campinas, n. 12, v. 28, p. 1466-1471, 1976.

SARMENTO, Manuel Jacinto. As culturas da infância nas encruzilhadas da segunda modernidade. In: SARMENTO, Manuel Jacinto; CERISARA, Ana Beatriz. Crianças e miúdos: perspectivas sociopedagógicas da infância e educação. Porto: Asa Editores, 2004, p. 9-34.

SCHMITT, Rosinete Valdeci. “Mas eu não falo a língua deles!”: as relações sociais de bebês num contexto de Educação Infantil, 2008. Dissertação (Mestrado em Educação) – Centro de Ciências da Educação, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2008.

TORRES, Luiz Henrique. A Casa da Roda dos Expostos na cidade do Rio Grande. In: Biblos, Rio Grande, n. 20, p. 103-116, 2006.

VAILATI, Luiz Lima. As fotografias de “anjos” no Brasil do século XIX. In: Anais do Museu Paulista, São Paulo, v. 14, n. 2, p. 51-71, jul.-dez. 2006.

VIEIRA, Lívia Maria Fraga. Mal necessário: creches no departamento nacional da criança. In: Cadernos de Pesquisa, São Paulo, n. 67, p. 3-16, nov. 1988.

WINNICOTT, Donald Woods. O brincar e a realidade. Rio de Janeiro: Imago, 1975.

ZAMITH, José Ribeiro dos Santos. Do aleitamento natural, artificial e misto em geral e particularmente do mercenário em relação às condições da cidade do Rio de Janeiro, 1869. Tese (Doutorado em Medicina) – Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1869. Disponível em: . Acesso em: 19 fev. 2014.

Downloads

Publicado

2017-12-31

Como Citar

Castelli, C. M., & Delgado, A. C. C. (2017). Entre amas de leite, especialistas, mães e creches: concepções sobre bebês no Brasil. Educação, 40(3), 375–385. https://doi.org/10.15448/1981-2582.2017.3.26831