“Mind the trap”: o menino, a escola e a folha de alface

Autores

DOI:

https://doi.org/10.15448/1981-2582.2016.3.22451

Palavras-chave:

Escola. Currículo. Gênero. Masculinidades. Desempenho escolar.

Resumo

Este artigo é parte de investigação que acompanha trajetórias de meninos em escolas, analisando as implicações entre disposições curriculares e produção de masculinidades, com repercussões no desempenho escolar. Dentre as estratégias metodológicas que este projeto de pesquisa lança mão, aqui se privilegiam episódios registrados em diário de campo, fruto da observação direta das interações de um aluno regular do nono ano do ensino fundamental de escola pública da Grande Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil. Os conceitos de gênero, masculinidade, escola e currículo são centrais na discussão que se pretende estabelecer, toda elaborada a partir das cenas observadas, que podem ser alegoricamente representadas por um boné com uma folha bordada que lhe serve de enfeite. Os embates entre produzir-se homem, ser bom aluno, cumprir as exigências curriculares, viver sua cultura uvenil, ocupar-se com a preparação para o futuro, atender aos planos familiares, ser compreendido pelos professores, constituem o terreno pelo qual a trajetória do aluno se desenrola.

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Biografia do Autor

Fernando Seffner, Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Graduação em Geologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul UFRGS (1981), Licenciatura em História pela UFRGS (1987), Mestrado em Sociologia pela UFRGS (1995) e Doutorado no Programa de Pós-Graduação em Educação UFRGS (2003), com período de estudos junto ao Instituto de Medicina Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (IMS UERJ). Professor Associado III da Faculdade de Educação da UFRGS Departamento de Ensino e Currículo. Docente e orientador junto ao Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGEDU) na linha de pesquisa Educação, Sexualidade e Relações de Gênero, com ênfase temática nas pedagogias de construção das masculinidades. Docente e orientador no Mestrado Profissional em Ensino de História - PROFHISTÓRIA, polo UFRGS. Atua em pesquisas e orientações investigando situações de vulnerabilidade a AIDS; respostas religiosas a AIDS; conexões entre direitos humanos e políticas públicas de gênero e sexualidade, teorizações queer, interseccionalidade e marcadores da diferença. No nível de graduação dedica-se a disciplinas que envolvem o ensino de História e pesquisa a construção de aprendizagens significativas nesta área a partir da etnografia de cenas de sala de aula. É líder do Grupo de Estudos em Educação e Relações de Gênero GEERGE PPGEDU UFRGS e integrante da equipe do LISTHE Laboratório de Ensino de História e Educação FACED IFCH CAP UFRGS e do Núcleo de Estudos e Pesquisas em AIDS NEPAIDS USP, todos registrados no DGP CNP

Luciano Ferreira da Silva, Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Possui graduação em Letras pela Faculdade Porto-Alegrense (1997). Atualmente é professor estadual do Governo do Estado do Rio Grande do Sul e professor - COLÉGIO DOM FELICIANO. Possui Mestrado em Educação pela UFRGS (2012).

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Publicado

2016-12-22

Como Citar

Seffner, F., & da Silva, L. F. (2016). “Mind the trap”: o menino, a escola e a folha de alface. Educação, 39(3), 393–403. https://doi.org/10.15448/1981-2582.2016.3.22451

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